Ontem não consegui resistir ao chamamento da flor e às cores.
Era dia do Teatro! Os dias disto e daquilo têm uma vantagem particular: lembrar o que no quotidiano existe e esquecemos. Todos.
Noite em que vi novos e velhos actores. Alguns do tempo da "Voz", não havia televisão, o rádio trazia-nos os poetas da palavra dita. Vozes que guardo ainda no silêncio, uma língua musicada, forte, brava e doce. A nossa língua modulada e correcta, sem erros. Falava-se bem.
Estive num palco com 8 ou 9 anos, teatro amador de crianças. No liceu, as peças de Gil Vicente e "A Barca do Inferno". Se foram obrigatórias, ainda bem: os alforges míticos das crianças recolhem todas as migalhas de vida.
Percebo a paixão, a punção da máscara, o gosto de declamar, dizer e desdizer, mudar de pele.
Há uma menina que anda como se dançasse, que se move como se não pousasse os pés no chão, que paira naquele momento suspenso entre o salto e o solo. Faz caretas, imita os bichos, ri-se em catarata. Os olhares de gazela, de mulher, de criança. Adulta jovem.
Para ela, os cantos esculpidos dum teatro sério e bonito.
Para ela, os cantos esculpidos dum teatro sério e bonito.
Escada que sobe a tua vida, ao fundo as flores do futuro e do teu contentamento.
O Rivoli: daria lucro no tempo das manhãs clássicas de domingo, onde o Maestro explicava a música, éramos todos novos e levávamos os filhos pela mão?
- Não me reconheçam, nem me procurem, estou nos bastidores -
- Não me reconheçam, nem me procurem, estou nos bastidores -