terça-feira, julho 31, 2007

Citânia de Briteiros e "Vertente"












A palavra "Vertente"do PPP e o interesse da Citânia linda.

Levar um descendente travesso por linhas travessas. Um menino que veio do lado de lá do mundo redondo e aqui brincou, entre pedras antepassadas, com uma violinha das feiras.

Não ia eu ali há que décadas.

A Citânia de Briteiros é um belo e expressivo povoado, da época proto-histórica da Península Ibérica. O que se encontra à superfície é unicamente uma parte das escavações da organizada cidade castreja, com a sua rua principal e diversos bairros de habitação, os balneários, os sistemas de condutas e escoamento de águas, os núcleos profissionais.


Pensa-se que a fase inicial deste povoado teria tido início no I milénio antes de Cristo, pertencendo ao período designado como Idade do Bronze Atlântico. Entre o século II a.C. e os séculos II e III d.C. foi regularmente ocupada, tendo-se integrado no Império após a ocupação, pelos Romanos, do Noroeste Peninsular.
Há ainda vestígios de ocupações posteriores, da época cristã.
Temos, enfim, o olhar testemunho sobre dois mil anos de História, contada em pedra e artefactos da vida quotidiana (Museu da Cultura Castreja, no Solar da Ponte, S. Salvador de Briteiros/Guimarães).

A beleza do lugar não pode ser captada, na sua integridade, por amadores de história ou de fotografia. O sussurrar das gentes entra-te no coração, em silêncio, como se viajasses pelo teu pé incerto, subindo e descendro a pedra, na paisagem de tantos anos atrás. E todo o lugar é como se fosse uma catedral onde te sentas, a meditar no tempo.

Que ninguém com interesse por "nós" perca este caminho mais do que ancestral e belamente conservado. Para que - o que nos sobra de identidade - ainda valha a pena.

quarta-feira, julho 25, 2007

Teatro (também) é Vida



Com ligação a gentes. Novas margens. Máscaras. Perguntas.
E como ainda - acrescento - gosto tanto deste título:

"O que é que tens de urgente para me dizer?"

É que há contingências: o que se diz ser "da vida": de repente te é precioso o dom de ouvir: por demais precioso: para o desperdiçar: com coisas não urgentes: sobra-te silêncio: preferes ver.

segunda-feira, julho 23, 2007

Se os emigrantes falassem português







...como falamos a língua deles!
...diriam que queijos, que salpicões, little bacalao, que azulejos!
...que bom portugaleto. Nice people. A gente desunha-se.

Once in a while
Vacaciones

"You are a holiday,
Such a holiday..."

Quantas vezes, e tão feliz, parecia que "estava" nas - inside, mesmo - holidays.
Feriados da vida vivida, do custoso dia a dia.

Esta missiva vai direitinha parar à saudade que outros irão ter destes lugares-comuns.
E para um amigo de "azulejos.com".

É que agora não penso só em mim quando vejo janelas e azulejos: também penso nele.
(temo inundá-lo com tantos anjinhos e virtudes!).
Flores vagas, girassóis e assim, são para amigos que passam e aos quais não tenho meio de dizer "Love you" ou "See you soon".
......

quinta-feira, julho 19, 2007

O Capuchinho Vermelho era Branco





Haveria muita gente que gostava de ver aqui.
Vislumbrar.
Uns perderam-se, outros morreram, outros divorciaram-se, outros foram para longe.
Amigos que partilhavam coisas suaves e calçaram as botas cardadas.
Nem pé ante pé saíram. Mudaram de via e os seus passos ficaram a ressoar-me.
(Que eu tenho assim uma memória invulgar e marcante para o que me interessa ou interessou).

Outros não ligam a estas coisas e ligam a outras.
Alguns não me conhecem ou "re" ou "já não"
Já me disseram que viram e é engraçado mas não comentam, só leitura oblíqua, se tanto.
Não sabem dizer olá, nem hello. Nem como estás!
Como dizer como estás? se não estão?

Preferem, se calhar, passar olhos por outros entretimentos.
Conhecidos e mais chinelares.
Que nem arte tenho, só vontade de ter.
Quase que me sinto livre com as minhas lembranças sem nome.

Ofereceram-me Gardénias há-de haver um tempo infinito. Sabia lá eu o que eram "gardénias"... Fiquei a saber: de Arte, de Livros, de Estrangeiro, de Pintura, de Antiguidades. Viagens, casas bonitas em zonas nobres - era uma casa branca, baixa, mal se via o telhado preto, distinta das outras - motorista às ordens, jardim...camélias, bunganvílias, gardénias: um mundo aberto com passaporte dentro.

Lembrei a propósito da gente que atravessa de passagem as nossas vidas.
Mas também porque: "Inutile de tirer votre épée pour couper de l'eau: l'eau continue à couler" - citação de Li Po.
Há uns anos passei e vi "Leilão da colecção de quadros pertencentes a tal e tal".
Não tive coragem de ir ver, decepadas que eram as mãos do tempo.
Isto porque há tantos anos que não via as flores, um cheiro adolescente. Dei com elas numa curva da tarde e confesso que cortei uma, escondidamente.
Que divide o seu cheiro agora comigo e uma memória de atravessar a floresta.
Não, não há "lobos maus": há "capuchinhos ingénuos".

sexta-feira, julho 13, 2007

Brancos







As várias "brancuras" do PPP são muitos gritos de alma resumidos.
Pelas flores, pelas aves, pela natureza, pelo virgem caminho que nos desdobram e do qual só vemos a curva.
Com mãos de seda, pegamos nelas e fazemos um monte de esperanças.
Em gente mais sã, gente de alma branca. Tentando mais e melhor.

Estas eram outras propostas minhas, brancuras recentes.

Barcelona também, que é luminosa mas cor de tijolo, com traços brancos e verdes.
Cidade em que escutei o interior das casas e das coisas antigas.
Mais do que cá fora, Barcelona impressionou-me agora pela intimidade de pequenos nadas.

Quando volto de algum sítio, tenho de o estimar, mastigar, re-sentir.
Esticar como uma pratinha onde com a unha desfazíamos as dobras; escrever, descrever.
Mas há demasiada luz lá fora. E pessoas vivas que me ocupam.

Talvez só quando inverno, deixarei os dedos todos soltos, em recordações.

terça-feira, julho 10, 2007

Mesmos lugares e outros






...diferentes. Para rever sítios. O Arco do Triunfo foi de passagem rápida, em movimento. Está ao fundo da avenida, visto da Pl. de Tetuán e os candeeiros são os mesmos.

O "peixe" de Frank Gehry no Porto Olímpico, sei agora que representa uma baleia. A cor que reflecte continua vibrante e linda. Caminho que fotografei só, ângulo que procurei vazio e árvores que cresceram.

Há toda a Arte Nova desdobrada diante de meus olhos corridos: escolhi tronco e fachada da casa Batlló, é uma das fotos que mais gosto. E bem difícil é passá-las todas... Costumo dizer que vejo três vezes: quando olho, quando fotografo e quando revejo. Aqui fica uma quarta mirada!

Enfim e primeira, embora de pouca qualidade, a foto de aproximação a Barcelona que, para mim, é emocionante vista do mar.