sexta-feira, agosto 31, 2007

Família em Condomínio Aberto












Enquanto esperava. Não é a primeira vez que vou àquele lugar, forçando um pouco o acaso.
É o Bloco Águas Livres, dos arquitectos N. Teotónio Pereira e B. Costa Cabral, construído entre 1953 e 1955.
Referência nas escolas de Arquitectura como construção urbana, encantou-me a descrição que um dia li no Jornal Público, numa coluna de Catarina Portas. Apontamento que entretanto perdi nos meus papéis e tenho pena.
Verdadeiramenre revolucionária para a época, a ideia de prédio (de habitação, escritórios e comércio, tudo bem delimitado) com todos os requisitos necessários à vida de famílias.
O lugar é encantador, com vistas que imagino extensas. Por fora há apontamentos de arte, algumas pequenas esculturas alegres nas paredes; o todo não é ostentatório mas antes harmonioso.
Sem paciência para procurar a revista que o descreve (Arquitectura nr. 65) e sem grandes dados conseguidos aqui pela net. Pessoas não conheço; se conhecesse pedia para entrar e ver. Assim, limitei-me a olhá-lo, com gosto, em contradição com os condomínios fechados que se anunciam, nas cidades e vilas.

Lembrei-me ao ver esta família de gatos que por ali vive, parecendo feliz, sossegada e bem tratada.
Em condomínio aberto.

quinta-feira, agosto 23, 2007

Festival Internacional de Jardins em Ponte de Lima















"O Lixo na Arte dos Jardins" em exposição.
O que me parece ser uma antiga quinta, recuperada e redimensionada.
Onde oliveiras velhas, vinhas coloridas, pequeno vento que ondula o horizonte.

Para fruir, passear, levar as crianças, namorar, achar que "alguma coisa" é feita em favor da beleza e da natureza.
Se alguém andar por aqui ou por aí.

Saber que se aprende olhando. Divertindo.
Deixo-vos com aspectos dum espaço que gostaria de ver recriado, sempre, em todos os lugares de terras por aí fora.
Com gente.
(as fotos das camélias não são daqui, claro. São do tempo delas, já passado. Todas as outras são de aspectos da exposição e de Ponte de Lima que está bem agradável de se ver.)

terça-feira, agosto 21, 2007

Jardins em festival













Flores.
Arbustos e Flores.
Não conheço a lista de nomes mas tenho a certeza nos olhos. Saberia escolhê-las sorrindo-lhes. Ou seriam elas a escolher-me. Das flores que teria num jardim, mesmo eventual, mesmo a prazo...ah ainda que fosse por cinco anos.

Camélias. Alfazema. Rosas. Jasmins. Amores (amizades) perfeitos. Lírios. Gardénias. Buganvílias. Glicínias. Hortênsias.
Um laguinho com ao menos 3 nenúfares e uns juncos ao vento.
Flores dos montes que traria deles com pedras delas.
Umas pequenas que são roxas. Umas grandes que são amarelas. Trepadeiras com madressilva. Umas bravias e invasoras que há nos jardins antigos. Outras sementes de acaso.

Tenho-as na memória.
(Eu não tenho nada a ensinar. Só tenho que dar: do que tenho. E aprender.)

quarta-feira, agosto 15, 2007

Não-coincidência







Onde eu gostava mesmo de ter estado hoje!
No Algarve - e quanto eu gosto dele - não, porque há demasiadas manifestações de comida.
A julgar pelos telejornais ainda que vistos de relance enfastiado.
Em notícias desconexas, desde os very british advisors aos festivais de camarões com todos.
Relançam-se os tachos e à volta deles; vejo mesas compridas e não tanto. Parece-me genuína a alegria à volta da alimentação mesmo com alguns ossos duros e outras caretas.

Ah mas onde eu gostava mesmo de ter estado era...em Janas! Era hoje a procissão e a benção dos animais. Na linda e humilde igreja circular de S. Mamede.
Será que ainda se faz?
Percebe-se que, fugindo como posso de ajuntamentos, não me importava de me "ajuntar" ao povo e aos animais de Janas. O sítio é lindíssimo pela simplicidade, o campo à volta, o caminho da procura do lugar.

Diz-se que a igreja foi erigida sobre um templo romano. Na parte central há ainda parte de um pódio visível que se crê ter feito parte dum altar, dedicado à deusa Diana.
S. Mamede e Diana parecem-me bem, juntos pela Natureza!
Quando lá passei o silêncio era dos pássaros.

Talvez que alguém lá tivesse estado hoje e me faça saber. Ou será mesmo a imaginação que é sempre mais bela que a verdade; e assim me fico, a sonhar com abençoados bichos

domingo, agosto 12, 2007

"Ecosdotempo"












Risonha por me pedirem ou sugerirem. Ecos de um tempo.
O que me deu para as horas no domingo em que o domingo não sai. Há um outro dia lá fora, anda transviado pelas estradas, aos bordos, suado, irritado, restaurantes que parecem cantinas, cheias de povo, pneus e pés com pó.

A minha fatia dominical foi procurar vasos gregos, encontrar nomes tais como "lutróforo" e "lécito", quinquilharias onde me perdi, com a ideia da Luísa e seus esquisitos gostos antigos.
Um vaso para perfume?

(durante muitos anos, a esta hora eu ficava impossível de aturar... num preparo atarefado para a segunda-feira e as responsabilidades, a imagem, a intelectualidade activa, o tratamento dos assuntos...até dá vontade de rir... "o tratamento dos assuntos"... bolas, mas não é o que todos andam a fazer? mesmo que mal?).
Tratando então do assunto da Luísa.
Que se possa escolher: entre barbearias de outro século, entre feiras na Praça da Catedral de Barcelona ou em escavações gregas.

Aqui está então para a varanda donde se debruça a L., a imagem de "recipiente para perfume ou óleos ou essências".

Sirvam-se.
Perfumem-se.
Sonhem.