domingo, fevereiro 17, 2013

Camélias deste ano

 


Só que acenem, estas,

de branco como a intenção, de vermelho como a ira.
Não me revejo no que vejo, não me sinto nas pessoas que falam por mim. Nem para mim.
Um longo Inverno descontente.

(ando a soltá-las, acarinhadas, personalizadas cada uma-uma, nas torrentes "das minhas coisas" do outro lado: sempre diferentes: eu sempre igual)

sexta-feira, fevereiro 08, 2013

A vau










...atravessado o resto de rio, em água pequena antes da barragem.

Desafio de PPP, sílaba "a".

Atravessadas são, as cabras aos saltos pelos pequenos veios da água, a senhora pastora delas pelas pedras do ribeiro, com o seu chapéu e guarda-chuva contra o sol. "Atravessada" me ficou a conversa que tive com quem, com meia dúzia de cabras, se faz à vida.

Este é o país real, sobrevivente à força. Não há nenhum banqueiro ou deputado, nenhum presidente de junta, de câmara ou de país, que o represente.
Serão os que não votam? Os quase 40% que se abstêm de usar a força deste reino?

Assim vi e penso.

quinta-feira, fevereiro 07, 2013

Árvore abatida II






Sobre a morte silenciosa da árvore:

Não estava podre: o cheiro doce e seco da madeira, as marcas do seu crescimento durante estes 40/50 anos, não enganam. Apenas alguns ramos deveriam ser podados.



A um recanto do largo, servia também para esconder a sujidade e abandono do quarteirão de casas emparedadas há décadas. Que a essas ninguém incomoda, sendo propriedade privada, mesmo sob o olhar público...
Em frente e ao lado da rua, cortaram os ciprestes secos: na sanha municipal também foi cortado um carvalho novo, pequeno, humilde nos invernos, glorioso nos outonos.

O "serviço público" precisa duma capa - e como diria uma canção antiga "com essa capa, destapa" a desinformação, o descuido, a prepotência.





A denunciar, pela doença do poder desenfreado que os corrói,
e se pega a muitos,
seriam os lugares criados para amigos, o saque instalado.
Todos os dias os vemos, mais ministério, menos mistério.

A abater só mesmo a desfaçatez e a impunidade: nunca uma árvore sã numa cidade cada vez mais vaga e envelhecida.

quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Arvore ao pé I








Isolada a um canto,
desleixada e sempre esquecida por quem passava,
ainda assim existia,
festejada por mim, que com ela vivia também
a chuva e o sol, a noite, as chegadas e partidas,
das estações,
das pessoas.

Árvore ao pé








... de pé.
Por vezes os melros ao fim do dia, os pardais,

nunca as gaivotas vorazes da cidade
nem as pombas sagazes das ruas,
a sabiam.

Uma cortina fértil que nos separava da paisagem,
demasiado urbana.