sexta-feira, junho 19, 2020

Retrato de "famílias" e Imagens em movimento

O PPP serve-me, como dizer? como pensar? de lenitivo há muito tempo.
Não só pela deserção de pessoas e coisas que se foi dando durante as minhas décadas - e hoje nem sequer me habituo às presenças -, como por este tempo isolado que os medos impõem.
Mas também porque puxam palavras de que gosto, fotografias que revejo, juntando gente que sabe outras coisas várias.
Sobre a proposta para Retrato de família, a minha resposta foi diferente, sem rever a minha família antiga cujas qualidades e origens muitas vezes recordo. E direi que tantas vezes está presente, na forma como pico a cebola ou faço a sopa, no jeito de cortar bacalhau para demolhar, nos "repentes" que às vezes me dão - e que evito, evito o mais possível porque não gosto de sair de mim. E sei que sou soma das partes: da ternura ou da cólera, do analfabetismo ou de ser autodidacta, do jeito de chorar ou calar, da imensa generosidade que me enche, do desprezo que se entorna sobre as coisas de que não gosto.
Ética e estética que me norteiam, mesmo com nuvens contraditórias. Busca pelo mais perfeito ou a caminho de.
O meu Avô Antero era, diziam, "um coração de manteiga": os que estavam encarcerados na Cadeia da Relação faziam-lhe presentes, toscos, em madeira. De pequena recordo ir com a sua viúva, minha Avó, às traseiras do velho edifício atirar cigarros às janelas onde se viam os presos. Como não lembrar a bondade, sempre?


***
No parque, com um mês de intervalo, a mãe, o pai e os filhos:





domingo, junho 07, 2020

Douro que não é campo

O mote era "Quando a paisagem entra na foto", no PPP da semana passada.
E longe do trabalho de a procurar a encontrei, por me estar presente.
Como aliás todas as paisagens desse Douro profundo. De onde vieram os meus bisavós "com uma mão atrás, outra à frente" que era tempo de filoxera e fome.
A bisneta apenas regista a beleza e vagamente recorda as distâncias que no fim do séc. XIX deviam ser uma ignota e desmesurada aventura.




Para nascente







Para poente


E de pequenas coisas se faz o contentamento!


segunda-feira, junho 01, 2020

PPP: os meus antónimos de alegria e a Arte-fonte dela

Sempre procuro alternativas, que nem sempre encontro, é claro! Ou as ideias surgem e escorregam rapidamente por um funil, atabalhoadas com as palavras sugeridas, com os pensamentos em catarata.  Mil e uma ideias como as borboletas nocturnas à volta da luz.
Na proposta da semana de 21.5, entre tantas coisas que descrevi e são contrárias à minha ALEGRIA, publiquei esta foto.
Trata-se de uma imagem que captei perto do cemitério Père-Lachaise, Paris, há anos. Como digo e sinto que tenho vergonha de estar neste mundo global quando é tão injusto, fiquei uns minutos de longe, a tentar não fotografar "a pessoa" que ali estava.

E também não gosto de fotografar coisas más, coisas feias. Não daria para reportar a guerra, a menos que fosse para alcançar a paz. Compreendo que o façam mas é preciso muita ternura, muita compaixão, para apanhar a expressão íntima e intrínseca do "mal" e provocar nos outros uma justa revolta, uma necessidade de "bem".
Fugindo a esta minha regra, há uma década atrás andei num passeio pelas muralhas do Castelo de S. Jorge, e fiquei tão indignada com este espectáculo sujo que o fotografei:
para que fosse limpo!


E como a Arte é fonte de alegria, deixo aqui uma pequenina amostra do que essa alegria me transforma e me faz ver coisas pequenas tal como se visse um quadro de Monet ou uma escultura de Rodin ou... ou...


um recanto inesperado de Arte

onde mãos, imaginação, trabalho, se entregam a inventar padrões e cores.