quinta-feira, março 31, 2022

PPP Agenda para Março II

De tantas ideias de Arte, edifícios, igrejas, esculturas, pinturas... o que realmente não me atrai muito é precisamente o "barroco", pelas suas muitas e variadas conotações de riqueza e pormenores por demais evidentes ao olhar: como se chamassem em voz alta, um "olha para mim", o que entendo como vaidade ostentatória. Culto religioso e poder temporal.

Ainda assim, encontrei uma foto antiga de uma série de que gosto muito, que junta a elegância redundante do séc. XVIII com a modernidade da escultura de João Cutileiro. Delicadamente dormindo e sonhando desde 1981, no lago fronteiro ao Palácio de Mateus.

Sobre Arte contemporânea, não é raro eu não a apreciar... Tem de haver uma harmonia das formas, uma simplicidade do olhar, algo que me faça pensar em "natural". Daí ter ficado muito feliz por encontrar a bela arquitectura do MAAT, na margem do Tejo, que quase lembra uma onda ou as formas de um enorme peixe prateado. O interior também, a compilação de obras de arte actuais bem conseguida. Mas cinjo-me ao que escrevi e pensei, por lá, no PPP:  

Por vezes, uma obra de arte não é só o que é construído e se apresenta diante dos nossos olhos: é ainda o que se vê além dela. As construções ao fundo, a forma das nuvens que parecem reflectir no céu o desenho das placas do edifício. E de uma coisa passo a outra: Maat, na religião egípcia, representa a deusa da verdade, justiça, rectidão e ordem.







Outros olhares


O guindaste parece ir puxando o barco para o largo... É muito curioso o que às vezes encontro nas fotografias!





É uma daquelas coincidências que me provocam um (in)certo espanto, nesta minha vida de infinitos cruzamentos: tenho um papiro que me trouxeram há muitos anos, do Egipto, com a Deusa-ela-mesma! Oh asas, para que vos quero? Ou será que "sou assim"?

Na verdade são qualidades que eu cultivo e aprecio, em mim, em outros: verdade, justiça, rectidão e ordem.


sábado, março 19, 2022

Uma questão moral

"Sermão de Santo António aos Peixes", Brasil (Maranhão) em 1654, pelos direitos dos povos indígenas contra os colonos

 "...por se comerem uns aos outros e por serem os grandes que comem os pequenos..." 

Nas palavras certeiras de um padre missionário, debatemo-nos há quase 400 anos com esta enormidade!

(eu sou contra as guerras, as destruições, tudo o que seja ferir a Humanidade dos seus valores e direitos essenciais. Mas não deixo de ler as notícias, umas mais esclarecidas, outras por alto: e reparo no juiz/juíza que permite a liberdade de um declarado nazi para ir combater na terra hoje acaso de muitos males, nas barrigas de aluguer de que ninguém tinha notícia, em fotografias antigas e em outros contextos, apresentadas como hoje acontecidas, nos caucasianos louros fugidos e nos benefícios que se lhes oferecem, mau grado as pobres condições do país de acolhimento, na escravatura branca e no tráfico de pessoas, como acontece em zonas deste país e tão pouco se esclarece e publicita. No tão desejado protagonismo das gentes, tão boazinhas, e fotos nos jornais e televisões)

Falta-me aquele amigo das "Questões de Moral" e as suas elaboradas lições e ilações da História.


quarta-feira, março 09, 2022

PPP - Agenda para Março 2022 - I

Passam-se as mentes em revista para descobrir ideias que ilustrem a arte da semana a seguir. Sou muito adepta da austeridade ou sobriedade do Românico ou do Gótico e lembro-me de passar quase sem olhar, pelas salas de reis e imperadores no Louvre, numa profusão de dourados, móveis, pinturas sumptuosas e lustres, que me cansaram os olhos e (a)ma(ss)çaram o espírito. 

Daí, ter surgido/escolhido um exemplar dos muitos (58!) que há para ver na Rota do Românico do Tâmega e Vale do Sousa.

Dia 10 – Românico

De arquitectura românica e gótica, o Mosteiro de Cete – inicialmente pertencente à Ordem dos Beneditinos - ou Igreja de S. Pedro de Cete, faz parte da Rota do Românico do Vale do Sousa. Encontrei-a por acaso e num local idílico, seguindo placas que nunca sei bem onde vão dar! Soube que foi edificada provavelmente no ano 985, restaurada mais tarde pelo guerreiro templário D. Gonçalo Oveques (1067-1113, apelido de ascendência francesa “des évéques = dos bispos). Austera e solitária, possui inúmeros vestígios, tanto nos claustros como no interior, do seu passado milenar.


O  lugar estava vazio e era bonito, tinha camélias...


 

Imagem de Santa Luzia, protectora dos olhos, a que achei especial graça, pela ingenuidade da imagem antiga, com um olho na mão

 

Aqui, o túmulo dito do abade Estevão Anes, séc. XIII, que pelo báculo e mitra mais me parece um bispo


A poente, ainda vendo ao lado parte do mosteiro primitivo



Assim se inscreve mais uma das minhas recordações, de 2015.


 

terça-feira, março 08, 2022

PPP - Agenda para Março 2022

Como cada um tem ideias diferentes, desta vez apareceu a proposta de Arte em Portugal. Com as suas diversas formas abrangentes e as suas representações multi culturais. Eu acho que me fico pela arquitectura mas como faltam 3 semanas, não sei, nem pensei bem. 

Eis que se começa com a Pré-história e eu vá de escolher "pedras". Não foi uma procura exaustiva, apenas do que me fui lembrando e "conseguindo encontrar" nestas tantas memórias. Ficam registadas aqui, como um passeio, como os passeios que se foram dando e os ensinamentos que se adquiriram.

Dia 3 - Pré-história

Gruta do Escoural, Montemor-o-Novo

Foi a primeira manifestação de arte rupestre paleolítica e necrópole, a ser descoberta em Portugal, em 1963. A visita tem de ser marcada com antecedência e é guiada, não se podendo tirar fotografias. Pelo que deixo imagens minhas, "restos da colecção" possível em 2012, e que se imagine o resto!




 

Mas é claro que me surgiram no pensamento as Gravuras de Foz Côa, esse passeio maravilhoso, essa mocidade pujante sentida na procura de, como me parece agora. As gravuras, do período Paleolítico Superior, foram descobertas pelo arqueólogo transmontano Dr. Nelson Rebanda em 1996, senhor que tive o gosto de conhecer pessoalmente. Um homem de sabedoria e modéstia impressionantes. Portanto, travadas que foram as obras da barragem que iria submergir aquela riqueza do património, se pôde visitá-la em 2003, ainda a controvérsia da classificação ia acesa. Vinte anos passados, as rochas com desenhos, tantas paisagens diferentes e as cores dos campos permanecem-me na ideia. 

A vista tão cândida da descida para a Penascosa com o rio Côa e a Quinta da Ervamoira em coroa, do outro lado.

As gravuras que nos foram sendo reveladas


De jeep com a guia, à volta dos montes, descidas e subidas a pé, para a beira rio. 




Recordo que ia também um casal espanhol que tinha tentado ir às grutas de Altamira ou de Lascaux mas que nos disse haver meses e meses de espera para lhes ser permitida a visita


Penso que isto seja na Canada do Inferno, onde não conseguimos chegar até às gravuras

 



 

Num outro registo de pedras "antigas", os Menhires do Lavajo, perdidos na planície alentejana - e o que se andou a pé para ali chegar!

 

Este aglomerado de restos de habitações é da Citânia de Sanfins, aqui a norte do Porto

Não tenho à mão o sítio arqueológico de Freixo de Numão, outro lugar espantoso onde se passeia pelo passado.

Deixo a "pré-história" sem procurar mais...