A proposta para este mês que se diz "de santos populares", não me entusiasmou por aí além. Todas essas tradições ou se vão perdendo ou, pior, adulterando. Respeito quem o sente, quem se devota com esperança num ente idealizado, ou num espírito, a que se recorre em aflição ou em festa. A parte mercantil deixa-me amarga e a pensar que a estupidez e o dinheiro invadem tudo.
Geralmente nas minhas saídas, e quando passo por elas, visito igrejas ou mosteiros; e se antigas ou modestas, não resisto. São lugares gratuitos e de paz, onde nos podemos sentar a pensar no silêncio, observar a beleza, a devoção ou a modernidade. Muitas vezes me espanto com a crueza das imagens e fico a pensar nesta religião que nos "castiga" sempre, com pecados e tragédias.
S. José foi escolhido em férias, na Casa Museu José Régio, foto geral, e em particular "a sagrada família" que a amiga M. fez sobressair
O Santo António, se de Lisboa se de Pádua, cada um com a sua crença. Santo casamenteiro e festivaleiro, foi assim escolhido, entre o Menino Jesus e as suas gracinhas
Para o S. João: o antigo santo nortenho, santo de alho pôrro, molhos de cidreira, manjerico e outras ervas. Transformado em barulhentas marteladas, balões e fogo de artifício. Escolhida uma foto tirada das Fontainhas, donde se vê a ponte D. Luís e a Serra do Pilar (Foto de MP)
Contudo não ficaria completo o S. João sem uma cascata! Desde muito pequena que engraçava com as figurinhas que se punham nos montes a fingir, e que eram feitas pelos bairros e ruas dos mais pobres, pedindo "um tostãozinho" para o santo. Encontrei-a depois deste desafio, num passeio ao Parque Biológico de Gaia, onde não ia há umas dezenas de anos. Revivi a infância.
Sobre S. Pedro e S. Paulo, escolhi o último. S. Pedro sempre me pareceu muito mandão, de chaves e privilégios, além do Novo Testamento o apresentar como um tanto cobarde ao negar três vezes que conhecia Cristo. Isto na minha particular perspectiva que não gosto de traições de nenhuma ordem, muito menos em amizades e para salvar a pele...
Tinha visto que, como pregador, este santo especificamente,
calcorreou uma grande parte do mundo antigo na bacia do Mediterrâneo. Ora! nem
de propósito. Andava algures, e tão longe das minhas escolhas caseiras, quando
me aparece um livro que, às tantas, muito gostaria de comprar. Isto de viagens
é sempre uma tentação a que nem os santos resistem.
Além de que as ruínas romanas que mostra a capa do livro me recordaram umas outras, encantadoras, junto ao mar. O pensamento é uma ave sem pouso, ou destino, certo!