sexta-feira, julho 15, 2022

Num passeio por lugares de escritas antigas

"Eu sei eu sei conheço vivi - era cidade como se o não fosse, um nico de espaço para viver. Era miséria envergonhada. Era, por si só, uma vergonha - falava-se na social-democracia onde não era preciso atestado de pobre para ir ao hospital... um sonho nórdico.
Ricos? Não os víamos, viviam num tal círculo fechado de poder e dinheiro, uns vagos homens de sobretudo e óculos. Nem sabíamos onde viviam porque nem sequer saíamos a 10 km de casa... A Flama e o Século Ilustrado só davam "decências" visíveis.
Enfim, para mim será sempre a "caixa", a reforma 3 (4, digo eu em 2022...) vezes menor do que o último salário, o medo do senhorio, da edp, dos imprevistos, do "sistema ir abaixo" e não constar o meu nome nos computadores e balcões por aí espalhados... Uma democracia palavrosa e enredada como um bicho de 7 cabeças e mil pés. Um peso que o 25 de Abril me tinha tirado de cima.
NUNCA MAIS, nem fascismo nem mentes fascizantes ou neo-liberais. Se a memória não fosse curta, lembrariam esse senhor dos anos 80 num ver-se-te-avias com os amigos e os fundos europeus. Não enganaria ninguém.
Sexagenária reformada à força

26 Novembro 2011"

Passados 11 anos, mudou o regime, mudaram os sistemas, as eleições, os elencados... Ontem via eu falar de alguns ex-ministros a mudarem de job, com a cobertura e conhecimento privilegiado daquilo a que tiveram acesso, nomeadamente em resoluções governamentais, agora em serviço particular, advogados, comissões, centros de pequenos mas importantes poderes.

Isto é o presente, porque no "ausente" - de que ninguém já lembra a cor ou se dá a esse trabalho enumerado - serão muitos. Também me vem à cabeça um certo senhorito que antes de sair do gabinete ministerial, levou consigo milhares de fotocópias de documentos. Nunca se soube porquê ou para quê. E um outro, durante anos comentador afável e intelectual de um canal privado, que agora possui todos os canais, na tv e na vida pública. Uma verve inextinguível, ou melhor, insaciável. 

Há mistérios e coincidências mesmo misteriosos. 

Como muitos dos fogos, da falta de cadastro de casas e terrenos, e o ordenamento do território. Como a escolha do lugar de um novo aeroporto. A minha "indignação" para o PPP desta semana:

Este é o Jardim do Campo Grande, felizmente reabilitado.

Este é um parque infantil lá no meio.

Este é um das dezenas de aviões que, nas poucas horas da manhã em que lá estive, poluíram o ar, passaram sobre as crianças, sobre as casas, sobre as árvores, sobrepondo-se à fruição do sossego, à alegria e à natureza.

Este é um dos anos –já lá vão mais de 50!!! – em que se discute “Vossa Excelência, acha?” nas dezenas de comissões e associações que se têm debruçado sobre este assunto.

***

A vida continua. A vida é contínua. "Sem os ministros o trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima", como diz Bertolt Brecht, nos seus "Poemas"





Até no instante da vida breve de uma bola de sabão.


segunda-feira, julho 11, 2022

PPP Agenda para Junho 2022 (C)

O último (meu) desafio constou de "Horizonte". Os que são sempre presentes na minha vida, os desejos de: largueza, espaço natural, bom e descansado futuro. Em termos pessoais e de pessoas. Horizontes... podem ser também pequenas coisas amáveis que nos abrem outras perspectivas!

Esta minha mania de fotografar em esquina é mesmo porque nunca tive uma máquina fotográfica que me desse as distâncias, aquilo em que reparo mais perto e outro ângulo: neste caso a embocadura do rio e o mar da Foz. Também estimava ter uma Leica (???), queria tirar instantâneos seguidos, parados mas como se em movimento.


Houve tempo em que olhar os precipícios não me trazia qualquer problema. Nunca fui muito afoita mas, desde que estivesse em segurança, espreitava e admirava as paisagens. Estas fotografias são antigas, de um terraço de hotel e bar, no Porto. Fiquei fascinada por conseguir ver, de longe, os edifícios que conheço: por exemplo, esta mostra em primeiro plano o Mosteiro da Serra do Pilar e toda aquela Gaia desordenada, de prédios ao alto.

Não procurei muito... mas escolhi outras:



 

Just because I remember London everyday...

Em 1973, um horizonte-da-memória

E, há uns anos, os horizontes possíveis



E porque a música (ainda) estava em mim e comigo

So long...