quinta-feira, novembro 29, 2007

Clareira para que se receba PRESENTE, com a devida vénia e sorriso

Este é um espaço ou clareira num jardim a que voltarei.

Porque
"alguém que nos admire um pouco: a nós mesmos/nós a eles."

Há gente
Há gente que a gente
Há gente que a gente nem conhece
Há gente que a gente nem conhece mas ama
Partes de gente
Mesmo que não toda,
por desconhecida,
ama a parte que lhe toca ver
admira o que se lhe apresenta ao sentir
dos vizinhos da alma
nos arredores da arte
em arrabaldes de ideias síncronas
longe

E porque hoje recebi um presente. Um "to be or not to be, this is still my question" .
(eu que gosto de dar e pouco de receber pelo desacerto no que gosto)

ESTE PRESENTE QUE AMEI!
Enviado por ruela: http://neoartes.blogspot.com/ para bettips.
Assim, simplesmente assim.
Reflexos, apenas.

quarta-feira, novembro 28, 2007

O Som da "Voz" I










Esta foi representaçã/negação da "Voz" com que estive há semanas no PPP.
O peso dos pensamentos - tem dias - desceu-me sobre as pálpebras, cortinas velhas e descaídas.

Foi a analogia com o que escrevi sobre Gaudi no post anterior: 40 anos de vida activa, em que arquitectou mudanças na cidade. Na mentalidade, diria eu, que assim me parece. Apesar de tantas sacrossantas religiosidades.

Lembrei o nosso tempo sem voz. Quarenta e mais.
Religião-Estado que servia ao Eunuco-Mor e ao seu colega de carteira, para restringir, esconder, espezinhar a arte e o pensamento, tacanho orgulhoso e solitário, com as suas botas feitas por medida.
Um país tão lindo, uma História tão solenemente anunciada de mundos novos ao mundo!

Estes são aspectos do "ex-jardim do ultramar", ou seja o Jardim-Museu Agrícola Tropical (fundado em 1906).

Onde estátuas em recuperação ou cheias de teias de aranha, falam baixinho para as ervas. Ou palmeiras, ou coqueiros, ou famílias botânicas "ficus"... abandono... meio-abandono, obras, como parece tudo andar em Portugal.

Temos ainda que encontrar o Som da Voz por entre a barulheira ensurdecedora dos tecelões ocasionais que, nem por mérito nem por decreto, merecem o lugar de responsabilidade social que a História lhes concedeu.

terça-feira, novembro 27, 2007

"Sombra" colorida II















O infindável fascínio por Gaudi e as suas sombras retorcidas.
Com os todos tons da luz colorida, os bichos que falam voz ou sussuram água, as cerâmicas que parecem acasos de puzzle, as curvas e vértices de pensamentos vegetais.

Vício antigo, exuberantemente satisfeito no Parque Güell, onde passear nos caminhos é descobrir mais e mais, às voltas sobre o si mesmo do encanto.
Como durante 40 anos, o pensamento duma pessoa transformou tantos lugares da cidade, um monte agreste em sítio mágico e o povoou de sonhos quase infantis.
Pedras e árvores com quem simpatizamos e a quem sorrimos.
As fadas e os duendes soltos na floresta.

A palavra "Sombra" há 1 mês I












Como árvore que procura. E dá.
A liberdade sai-lhe da terra e vem-lhe do ar. Custa até vê-la torcer-se em busca do seu sítio. Por fora da raiz parece rastejar mas os ramos, as hastes, essas vão para o alto.
Foi esta a minha foto há um mês no PPP, sensivelmente igual à sombra em que me sento, ou sinto, hoje.

Segundo a informação que ouvi nessa altura, Gaudi planeou as colunas - elas também árvores de sulcos e ondas - respeitando o lugar desta árvore que já existia ali.
Na casa onde habitou algum tempo e hoje é Museu, pude apreciar ainda as alegorias do espírito, os desenhos e esquissos, as mil formas de arte em madeira, em vidro, em estuque, em ferro. Tentando seguir-lhe o pensamento e sabendo-o um asceta e profundamente religioso.
Perguntei-me isso mesmo na Catedral, ao olhar os frutos que encimam torres de pedra rendada: será esta a "religião primitiva", a que sacraliza a Natureza e religa a Terra e o homem ao seu estado natural?

sábado, novembro 24, 2007

Animais II










...
A resignação que se disfarça de rotina.
O descanso/sono que tantas vezes escapa do ninho.
A mentira que se mimetiza.
O silêncio que rasteja surdo. E principalmente, mudo.
O desinteresse que é o mais bravo de todos, apesar do nome: galopa e sobrevive mesmo não alimentado.

Um jardim zoológico, e quase morfológico, o do sítio onde nem sempre vivo mas onde habitualmente estou.

sexta-feira, novembro 23, 2007

Domésticos e selvagens I










Tenho no meu lugar vários animais residentes, domésticos mas não domesticados.

O desprezo que se empoleira às vezes no fio da memória.
A ingratidão de garras escondidas.
O cinismo que foge a rir.
A indiferença que bate à porta insistente e disfarçada.
O desânimo que se levanta a custo.
...