sexta-feira, julho 28, 2023

PPP em Julho 2023 - Azul, Violeta...

As semanas do mês que está a findar, propostas de Azul e Violeta.

Tanto tenho destas cores, o gosto por todas estas derivações... deixo uns singelos apontamentos por me ser impossível escolher.

"Forget-me-not", 

flor e local... não me esqueçam, mesmo que não me vejam

 

A minha escolha para o desafio, foi esta, uma velha platibanda do Algarve

Este vaso surpreende-me sempre, tem muitos anos, floresce inopinadamente e sempre lhe falo, agradecida pela cor que me oferece

A fotografia de chão, uma das muitas que tenho colhido pelos campos  adiante.

Um caso de amor de infância. Talvez por "ninguém" gostar de preto, roxo, ou violeta, ou lilás, eram cores que eu sempre escolhia e muitas roupas e acessórios destes tons continuam presentes no meu guarda-roupa. Refiro-me, é claro, quando pude começar a escolher eu mesma alguma coisita, teria uns 11 ou 12 anos. Lembrando as cores fúnebres da Páscoa, a minha querida avó Vitorinha dizia que eu "parecia o pano da paixão". 

Um acaso: neste momento tenho vestido um vestido antigo, tons claros, fundo lilás, com pequenas flores brancas, amarelas e verdes.


quinta-feira, julho 13, 2023

PPP em Julho 2023 - Amarelo

Da escolha para a 2ª semana deste mês, ocorreram-me ideias mas também lembranças.

Acrescento: surgiu-me, de repente, a primeira vez que falei nesta cor! Era muito pequena, ia com um casal amigo e os dois filhos, de boleia, para algum acampamento. Como enjoava sempre que andava de carro, disse "estou a sentir-me amarela" e todos acharam muita graça. Décadas mais tarde, o Fafico, filho mais novo, repetiu esse dito quando nos encontrámos, no café do meu antigo emprego!

Uma avó da família que desapareceu há mais de 40 anos e que gostava de "amarelo". Quando foi nova, sendo que maioritariamente a época era tristemente cinzenta e preta, gostar dessa cor era (quase) uma transgressão. E ela foi transgressora na sua vida, da aldeia para a cidade. A mim divertia-me ver os apontamentos incomuns e as histórias que outros contavam como extravagância.

Uma amiga antiga, a F.,: tanto gostava do amarelo que, no seu casamento no início dos anos 70, foi vestida dessa cor. Numa igreja de Miragaia, tradicional, imagina-se a contravenção. 

Uma amiga "moderna", a M., sempre disse gostar do amarelo.

Isto e Van Gogh que tanto aprecio nas suas cores torturadas e recorrentes, fizeram-me voltar à ideia da primeira vez que estive em frente de um dos 7 quadros do pintor "Os Girassóis" (Arles, 1888), na National Gallery: as lágrimas vieram-me aos olhos. Quem me acompanhava nessa ocasião, a L., ficou admirada e perguntou-me porquê. "Porque... porque... é um quadro de que via reproduções há muito tempo. E agora estou aqui a vê-lo ao perto, tão vivo... tão pequeno!". 

Se não respondi assim exactamente, era o que pensava.



Lembrei Klimt e os seus amarelos e dourados que tanto me encantam. Mas não escolhi muito, surgiram-me ao acaso estas imagens. Contrariando a ideia de "Felicidade" que é subjacente a esta cor, escolhi o sinal de "perigo", na praia


Há inúmeras frases, imagens, músicas do meu antigamente, que me surgem em associações inopinadas sobre os mais diversos motivos. Neste caso foi “O Perigo é a Minha Profissão” e fui encontrar na memória um livro policial com este nome. Daí sai-me a bandeira amarela, num dia de mar muito bravo e vento desabrido.

Sem propósito, apareceu-me esta frase, hoje:"A espécie de felicidade de que preciso não é fazer o que quero, mas não fazer o que não quero.", Jean-Jacques Rousseau, 1712-1778. Quanta verdade e que observação antiga!

Associações diversas que tanto têm a ver, para mim, com "este tempo e este modo"

 

 

sexta-feira, julho 07, 2023

PPP em Julho 2023 - Vermelho

Das cores do arco-íris se tratou esta semana, talvez pela alegria que nos dão as cores; ou alegoria alternativa do que enxameia agora as notícias. Mas isso sou eu a fazer ligações extra, no pensamento que é, maioritariamente, crítico. Lembro-me dos tempos do inominável: em Lisboa dizia-se que o Benfica era "encarnado" que a palavra "vermelho" estava sujeita a censura. Nós por cá sempre dissemos vermelho! Até se fazia gala do emblema do clube do Salgueiros, que era... vermelho.

Ainda não se sabia que os cravos do 25 de Abril nos haviam de dar razão e esperança, inundando de cor a vida dos simples - e dos outros.

Em propósito do falar às crianças:


Muitos cravos e comemorações hei-de ter por aí, soltos. Mas de camélias também é feita a festa vermelha, de Inverno:


e a alma da orquídea,
a solidão ou a santidade da rosa,

a efemeridade das papoilas




 

Mensagem na rua (já desapareceu tudo isto...)
 


O trabalho das mãos

E nem posso falar (muito) de poentes, são demasiados. E tal como este céu, um balão vermelho no anoitecer


Das crianças, antigas e modernas
Das casinhas que parecem de brincar,
e das cerejas que, dizem, são como as palavras
Beber o vermelho-morango


E a chegada da noite, as despedidas, com a árvore que já não existe.

***

Faltou-me a minha escolha para este desafio: a casa vermelha, de passagem

Brinquei com a ideia porque é uma cor de choque na paisagem, toda verde, azul, branca. Cor de "maison" que eu evitaria, ali. Usaria, é claro, o lugar e a casa, que tomara eu tê-la no lugar em que a vi.