Da escolha para a 2ª semana deste mês, ocorreram-me ideias mas também lembranças.
Acrescento: surgiu-me, de repente, a primeira vez que falei nesta cor! Era muito pequena, ia com um casal amigo e os dois filhos, de boleia, para algum acampamento. Como enjoava sempre que andava de carro, disse "estou a sentir-me amarela" e todos acharam muita graça. Décadas mais tarde, o Fafico, filho mais novo, repetiu esse dito quando nos encontrámos, no café do meu antigo emprego!
Uma avó da família que desapareceu há mais de 40 anos e que gostava de "amarelo". Quando foi nova, sendo que maioritariamente a época era tristemente cinzenta e preta, gostar dessa cor era (quase) uma transgressão. E ela foi transgressora na sua vida, da aldeia para a cidade. A mim divertia-me ver os apontamentos incomuns e as histórias que outros contavam como extravagância.
Uma amiga antiga, a F.,: tanto gostava do amarelo que, no seu casamento no início dos anos 70, foi vestida dessa cor. Numa igreja de Miragaia, tradicional, imagina-se a contravenção.
Uma amiga "moderna", a M., sempre disse gostar do amarelo.
Isto e Van Gogh que tanto aprecio nas suas cores torturadas e recorrentes, fizeram-me voltar à ideia da primeira vez que estive em frente de um dos 7 quadros do pintor "Os Girassóis" (Arles, 1888), na National Gallery: as lágrimas vieram-me aos olhos. Quem me acompanhava nessa ocasião, a L., ficou admirada e perguntou-me porquê. "Porque... porque... é um quadro de que via reproduções há muito tempo. E agora estou aqui a vê-lo ao perto, tão vivo... tão pequeno!".
Se não respondi assim exactamente, era o que pensava.
Lembrei Klimt e os seus amarelos e dourados que tanto me encantam. Mas não escolhi muito, surgiram-me ao acaso estas imagens. Contrariando a ideia de "Felicidade" que é subjacente a esta cor, escolhi o sinal de "perigo", na praia
Há
inúmeras frases, imagens, músicas do meu antigamente, que me surgem em
associações inopinadas sobre os mais diversos motivos. Neste caso foi “O Perigo
é a Minha Profissão” e fui encontrar na memória um livro policial com este
nome. Daí sai-me a bandeira amarela, num dia de mar muito bravo e vento desabrido.
Sem propósito, apareceu-me esta frase, hoje:"A espécie de felicidade de que preciso não é fazer o que quero, mas não fazer o que não quero.", Jean-Jacques Rousseau, 1712-1778. Quanta verdade e que observação antiga!
Associações diversas que tanto têm a ver, para mim, com "este tempo e este modo".