Viver em barco ou avião... viver sem o equilíbrio da terra firme. Os dois últimos desafios do mês passado, ou a passar, rapidamente.
O que publiquei e escrevi, uma fotografia digitalizada, anos 90, nos belos canais de Londres, em Little Venice
As mais longas locomoções/emoções que fiz/tive de barco, devem contar-se pelos dedos, ou seja, apenas pequenas travessias e passeios, a sítios a que não era possível chegar de outra forma. Sendo uma “enjoada militante” nem pensar em viver num barco! A menos que, sem terem terra firme, as casas devam ser lacustres por necessidade básica; e eu tivesse nascido numa daquelas plataformas flutuantes dos rios do Oriente que vejo nas séries e filmes, tendo já na gestação os otólitos e cristais genéticos calhados para um perpétuo movimento.
Mas admiro quem o faz por gosto nos pacíficos canais de uma ou outra cidade que visitei, fazendo de algo flutuante em equilíbrio de chão de água, casas e casinhas de imensa beleza.
De "uma ou outra cidade" algumas escolhas aqui ficam, de recordação, Paris a primeira e, é claro, Amsterdam onde os barcos são verdadeiras casas alternativas e me encantaram
De avião, terei inúmeras. É um gosto que tenho, olhar a terra - e o céu e o mar - lá de cima, será isso que me evita ter medo. Esta foi a fotografia que escolhi, era madrugada:
e o pensamento que me surgiu, a primeira vez que andei "no ar", Porto/ Londres, na solidão das grandes iniciativas:
Lembro-me perfeitamente da sensação de medo e desenraizamento que senti, e o que chorei, num fim de tarde em Agosto de 1971, em que levantei voo do Aeroporto de Pedras Rubras, a primeira vez. Mas, depois desse facto passado, aqui está um meio de transporte que muito aprecio em eventuais deslocações ao “estrangeiro”. Apenas ressalvando o desconforto das novas low cost que não são nada fiáveis ou confortáveis, e em que 3 horas ali dentro seja o meu máximo suportável.
Porque lá em cima o tempo é outro e a minha curiosidade é imensa, ao mergulhar no céu e mar de nuvens, ao ver a Terra do espaço. O amanhecer de Lisboa, entre folhos de luz e sombra, às 5h da manhã.
Mas ainda me veio à memória uma vista dos Pirinéus, numa outra viagem:
Um encantamento até porque nunca estive "na neve", só a vi de longe.