É meu privilégio - que o devo a alguém e outros alguéns - ter sido incluída, há muitos anos, neste grupo que tanto me tem mostrado, da vida, costumes e gentes. Passam as estações, assim neste entretimento semanal a que (raramente?) nunca falto, com maior ou menor entusiasmo. Participando com fotografias que tanto me agrada escolher, de temas tão diversos, e com comentários que me surgem tantas vezes num repente e de rajada. Este mês de promessas primaveris sugeria que escolhêssemos entre a Teoria chinesa dos Cinco Elementos "o que nos ocorresse e nos deixasse felizes".
1º Madeira
Gosto destas propostas da Teoria dos Cinco Elementos porque sempre tive uma predilecção pelo Oriente, os seus hábitos milenares, a sabedoria, a arte. Mas, nas escolhas... é ver como (me) funciona a duplicidade da mente: casinha de madeira, na Madeira.
Contudo, outras "madeiras" me vieram aos dedos: passagens com rosas, árvores de sinais como frases, portas velhas e montes de paus alinhados como para um abrigo ou uma fogueira.
Até uma canga, de madeira trabalhada, para os bois: costumes do Norte
"Não há machado que corte - a raiz ao pensamento..."
2º Fogo
E
estando a escolher fotografias numa determinada época, surge-me “o fogo” por
onde se passou bem perto. A não ser para cozinhar ou aquecer as casas a lenha,
o fogo aterroriza-me.
O vivo, de longe e ao vivo, e o morto que destruiu o pinhal e rodeou as pedras:
3º Terra
As mãos de mulher que embalam o berço serão as mesmas que
tratam a terra. Virando-se para ela, mexendo-lhe como se fosse um corpo vivo. E
é.
Do particular ao geral: a terra que foi pisada pelos habitantes primevos, pelos conquistadores romanos e pelas pessoas comuns ou curiosas como eu
A terra é terra, é pedra, é madeira, é metal, é horizonte profundo e belo
4º Metal
A fotografia
é de Outubro de 1968, uma viagem às aldeias do Douro, de onde vieram os nossos
familiares nos recuados anos de 1880 e tal. Tenho uma imagem idêntica dessa
época, pendurada na porta de entrada desse comboio, eu toda maleável, de riso e
felicidade. Linha do Tua, imagino que, nesse mesmo lugar, agora submersa pela
barragem.
Lugares que se recordam, por nos terem pertencido ou pertencerem; ou mesmo por empréstimo de outra gente amiga que os viveu!