quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Quando frio e húmido






Chove uma chuva entretecida, monótona. Deu-me vontade de camélias.

Há dias fui propositadamente vê-las, tocá-las. As flores do Inverno, flores do Porto.
Fui espreitar o romance duma cidade antiga, onde os jardins das famílias ricas se reconheciam pela idade das japoneiras.

No tempo de brincar fechada comigo, havia uma janela. Um telhado em frente, um muro com heras bailarinas e atrás uma cortina de verde escuro e flores.

Pensei como era diferente e bom ter aquelas traseiras de jardim como ancoradouro dos olhos. Olhos e lágrimas de criança.

Renascem assim as minhas flores primeiras, aquelas que via e nunca toquei. Tenho-as de memória e reconheci as cores. Através da chuva e do esquecimento, continuam a sorrir.

Quando saí, fui procurar a família e foi como encontrar velhas conhecidas.
Colegas. As camélias.

29 comentários:

sa.ra disse...

No lugar onde nasci havia um jardim, "O jardim das camélias"... vermelhas, brancas, outras raiadas... lindas!

costumava trepá-las...
colher era proíbido... eram as únicas de onde não devaíamos colher... mas colhíamos!

nesse jardim, o meu pai montou um baloiço...

que boa memória do dia em que tirei a custo as meias e aprendi a gostar de andar descalça... trepar descalça, brincar descalça e olhar as camélias de dentro das copas, tão vivas!

beijinho
dia muito feliz

Anónimo disse...

Hoje, dia 7 - um post especial num dia também especial - para minha Mãe. Convido-te.

A vida é uma passagem sim, feita de lugares certos e errados, palavras ditas e não ditas, correctas ou não, mas que com elas construimos essa vida e esse caminho da vida de um tempo que não volta mais...
fica apenas o sabor doce e/ou amargo de algumas palavras em momentos certos ou errados....

Beijos e abraços.

GOSTEI MUITO DE VER ESTAS BELAS FOTOS...SÃO LINDAS.
PARABÉNS PELO BOM GOSTO.

melga meiguinha disse...

Que textos lindos que você escreve.

Estou a gostar MESMO.

Beijocas.

Teresa David disse...

As memórias agradáveis aquecem-nos sempre o pensamento, e as belas imagens que aqui partilhas connosco bem como as palavras, fazem-me crer que existe paz nessas lembranças.
Bjs
TD

vida de vidro disse...

E que belas são as tuas camélias! Um lindo encontro com as tuas flores primeiras. **

Rosa disse...

Chuva de camélias, o Porto é assim. Lembrei-me.

jorge esteves disse...

Sei lá se foram acasos!...
Foram, eu sei, memórias de Pedro Sem, do Romântico a derramar-se no Douro zangado com o leito. Deixei ficar os olhos em Simão e fui à Relação visitar o Camilo...
(o chão molhado serão lágrimas das camélias?...
Afectuosamente

sa.ra disse...

vim deixar-te um beijo de bom dia!

vim também baptizar-te com um novo nome - chamo-te Ternura!

gosto tanto dessa palavra e fica-te tão bem!

tem um dia muto feliz!

LFV disse...

Sinto-te palmeira, altiva frente ao horizonte. Saboreio-te as palavras, identifico-me com os lugares, quase te escuto os pensamentos desfilando, ternos, como o acetinado breve das camélias atapetando-te os passos. Que carinhosa é esta chuva miúda, a que me submeto, sempre que ma trazes! A gratidão de um beijo pelos momentos.

jorge esteves disse...

(do Pedro Sem fala o Arnaldo Gama no 'Motim há cem anos, não é?...)
Abraço!

Teresa Durães disse...

em Lisboa tinha uma Abrunheira onde os miúdos penduravam e tiravam os abrunhos. Eu, sentada na secretária onde devia estar a estudar ficava a vê-los. Saudades do campo e das árvores, saudades da Liberdade.

(depois a inveja feia fazia-me fechar com força a janela pois as gargalhadas entravam e eu não estava lá)

beijos

Bela disse...

Que bonitas camélias...que memórias quentes, sem chuva...Bjinhos.

Era uma vez um Girassol disse...

São belissimas, as camélias!
Lembrar flores, família, casa, tempo antigo.
Faz bem ao coração...
Beijinhos

Maria P. disse...

Em Sintra relaiza-se todos os anos O Baile das Camélias.
É tradição o Cavalheiro oferecer à sua Dama uma camélia para esta usar no cabelo durante o baile.
É lindo!

Beijinho*

as velas ardem ate ao fim disse...

Simplesmente adorei!~

Sabes gosto de passear em jardins...fico em paz.

bjinhos e bfs

isabel mendes ferreira disse...

"deu-me vontade de camélias..."



gostaria de ter escrito assim.




beijos.

puros...:)))))


e obrigada.



mt.

isabel mendes ferreira disse...

"deu-me vontade de camélias..."



gostaria de ter escrito assim.




beijos.

puros...:)))))


e obrigada.



mt.

Fátima Santos disse...

eu tenho as RAÇAS HUMANAS com falta de uns poucos cromos

Alberto Oliveira disse...

Um texto escrito à flor da pele pelos olhos de alguém em tempo de rever a colecção de memórias.

abraço e óptimo fim-de-semana.

Fragmentos Betty Martins disse...

Lindíssimas as fotos

Um texto com a nostalgia - bela - das camélias....

Beijinhos com carinho
BomFsemana

Licínia Quitério disse...

A propósito do teu belíssimo texto, peço licença para te oferecer este poema,com camélias, feito há já muito tempo:


"A carne das camélias
a pontuar ramadas lembra
feridas abertas no reino vegetal.
A ousadia do amarelo-oiro
pode ser um canário ou um malmequer
ou um grito de alma a atravessar a estrada.
Na frente das cortinas, há luar
ou foi a cotovia que piou
e desfez o negrume do corvo em seu penar?
Seja o que for, Amigo,
é este o tempo certo de florir,
que o Amor se desenhou
com lágrimas e penas
na esquina do Inverno
onde muitas das falas se confundem
e a Primavera amaina a nossa dor.

Licínia Quitério"


Um grande beijinho.

Anónimo disse...

Obrigada pelas lindas palavras deixadas no meu blog. Com a mesma expontaneidade a que te referes, digo que gostei especialmente deste teu post das camélias. As minhas recordações de flores na infância vão para as modestas sardinheiras que enfeitavam um muro enorme duma quinta que eu muito frequentava e onde fui muito feliz.

Frioleiras disse...

chuva ...

é uma coisa doce,
deliciosa,
terna,
poética...

Isamar disse...

Passei para te deixar um beijinho e desejar um bom fim de semana.

rach. disse...

Estou só de passagem, mas prometo aqui voltar para ler com muita atenção os teus devaneios sobre Lisboa e o Porto.
Ainda tenho tempo para deixar uma tontice: camélias e tempo húmido?
E assim nasceu a Dama das Camélias e que mais tarde Verdi adaptou para opera

Kalinka disse...

Um dos peritos da comissão encarregue de avaliar alternativas de financiamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) apresentou a sua demissão, por considerar demasiado economicista o relatório que o grupo está a preparar.
Em declarações à Lusa, Paulo Kuteev Moreira, professor da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), disse discordar do sentido "exclusivamente económico" das propostas elaboradas pela Comissão para a Sustentabilidade do Financiamento do SNS.
(comentário meu: infelizmente é o País que temos…)

é só um desabafo meu; porque lá no kalinka, o tema é o Amor, convido-te para ires deixar um pouco de Amor, um miminho para mim!!!

HOJE - domingo lá estaremos, no cumprimento do nosso dever cívico.

Bom fim de semana.
Grande beijo.

Frioleiras disse...

Sim, sou eu Bettips , a q tinha uma fotog. q parecia 1 anjinho negro mas...
não era um anjinho negro ... era uma menina de terracota ... um biblot antigo, de minha casa ...

Anónimo disse...

Gostei muito das tuas camélias!
E vias no que escreveste, acompanhando as imagens todas com beleza...
Obrigada pela passagem e pela mensagem que deixaste.

Voltarei.
Um beijo da

Maria Mamede

Anónimo disse...

Adorei as tuas camélias.... a tua chuva...e a sensibilidade do texto que me fez sentir o cheiro da terra molhada.
Obrigada por partilhares tudo isto.
Beijinhos.