quarta-feira, abril 30, 2008

Pormenores II









Havia ao longe um barco de guerra: se calha, por isso, reparei na mão e outras minúcias.
Grácil sol de Inverno, aquele que preguiçosamente se conserva baixo e oblíquo e nos transmite o interior das coisas.
As estátuas sorriem e espreitam-se entre verdes, segurando saias de pedra como se ainda meninas.
O vento vira as costas ao rio e faz um gesto displicente: imagino ao seu esgar furioso que asneira dirá!

Não olho os artefactos de guerra senão para pensar na ameaça que representam.
Para tantas mãos com corpos vivos.

9 comentários:

Maria disse...

Há pedras, e barros, e caminhos que falam....

Beijos, Bettips

Manuel Veiga disse...

tens muita razão. os barcos de guerra não dizem com a delicadeza das tuas fotos.~

beijos

rach. disse...

Neste admirável mundo novo, os artefactos de guerra parecem ser necessários para impor a paz...

enfim, como dizia Manuel Alegre, com as mãos se faz a paz, se faz a guerra

1 beijo, Bett

jlf disse...

Imagine-se o que, no respaldo dum banco do jardim do museu das Janelas Verdes, se vislumbra, com a luminosidade do "grácil sol de Inverno, aquele que preguiçosamente se conserva baixo e oblíquo e nos transmite o interior das coisas"...

A guerra?
A tal mão que apenas tira...

M. disse...

Também o prazer de ver através dos teus olhos.

nana disse...

.....



x

APC disse...

Belo fragmento expressivo, reflexivo, sensitivo. Gostei do dizer, do jeito de olhar...! :-)

teresa g. disse...

Ultimamente tenho lamentado menos o facto de ser míope. Os pormenores são frequentemente muito mais animadores do que as coisas grandes.

Adorei o passeio pela ilha, que não conheço. Quem sabe um dia, estas fotos são tão convidativas!

Beijos

Filoxera disse...

As estátuas parecem assumir um desafio, estas e as do post anterior.
Um xi.