domingo, março 08, 2009

Coisas de Mulheres - "As Três Graças"






Conheceram-se adolescentes, rindo e chorando pelos mesmos bens e males do coração.
Partilharam as horas, as mesas, os livros e os caminhos, os medos.
Namoraram em simultâneo, usaram bikinis no tempo em que os pais não podiam saber, escreveram-se de perto e de longe.
Compravam tantas vezes roupas iguais, variavam as preferências das cores.
Sofreram e divertiram-se.
Era impossível não as associar juntas: as três emitiam - e tinham - um círculo de identidade mágica.
Chegaram a casar - ou a juntar-se com os seus homens - em caminhos de evolução e revolução;
e a pegar nos primeiros filhos umas das outras ao colinho.
Souberam-se durante muito tempo.
***
Com as décadas e os interesses, escolheram céus diversos. Não se quiseram guardar das diferenças maduras, enevoaram-se as estrelas que as distinguiam.
A constelação perdeu-se.
***
Junca mais se viram, nunca mais falaram, as três preciosas graças.

5 comentários:

mena maya disse...

Estiveram juntas enquanto fez sentido a todas.
Que se recordem os momentos felizes e o que se deu e recebeu...

Quem sabe se um dia se voltarão a encontrar?

Beijinho

Fernanda disse...

São os melhores anos,...aqueles onde nasce e se fazem as verdadeiras amizades.
Depois,... a vida encarrega-se de distanciar essas vidas...
Mas a memória,...essa, permanece, inalterável.
É por isso, que quando nos voltamos a encontrar é como se nos tivessemos deixado ontem...:)

E as tuas fotografias, continuam a acalmar o espirito.

Um abraço

Alien8 disse...

Até hoje, talvez, quando assim as recordas, de forma tão bela e sentida...

rach. disse...

É o tempo das cerejas, o tempo em que temos tempo para descobrir esse admirável mundo novo que se nos oferece, e que é todo nosso. Depois, a roda da Fortuna (foto muito hábil) dá-nos a conhecer (novas) cartografias. No areal da minha memória, ainda as visito de quando em vez. E penso como eu mudei imenso, ou que elas não se deram à maçada. Nada há que nos ligue. Outras, a magia permanece.

1 beijo

teresa g. disse...

Talvez seja o sinal dos tempos, em que a vida corre tão depressa que as pessoas deixam de ser prioridade. Tão diferente do espírito das fotos lá de cima, em que parece haver tempo para tudo...