sexta-feira, maio 28, 2010

às-os do costume


...que também tenho um sinal de proibição à desfaçatez com que nos falam os cara-de-pau. Contra a cinzenta mente.
Contra-podar/contra-poder.

Porque se chega de horizontes largos e se nos cortam os vôos contra paredes. Contra-ideais, contra sossego. Contra salário honesto ano após ano; e muitos anos. Merecida a paz de espírito para trabalhar e ter trabalhado.


Primazias para as opas, para poupas; esgares de vesgos como as janelas cegas, as economias astutas, as gravatas-ricas riscas no viés dos nossos dias anónimos.

Há-de a gente florir-flor no negro.

Chegar ao cume da indignação.
Há-de haver vergonha - em qualquer voluta destes cérebros - em castigar os incautos de hoje e as gerações futuras.


E como azul-e-verde me sossegam a humildade e o humilhante, tomo o caminho da fuga consciente, salto outra vez dos prédios para as árvores do meu país-chão.
Sem asas minhas mas com olhinhos de pássaro.

(volto depois a este vício de, pensando, escrever...)


16 comentários:

Maria disse...

Se vieres para sul pára na cidade grande. Para percorreres a Avenida do nosso contentamento.

Beijo, Bettips.

jrd disse...

Voa, livre, e verás com quem te cruzas.
Abraços

Mar Arável disse...

Sopro-te

e voo

Mr. Lynch disse...

Bettips;
Mais uma colecção muito bela de fotografias. Adorei o confronto entre a natureza e a "natureza de pedra".

Lizzie disse...

Tal como muitas outras pessoas, não tenho "país-chão". Só tenho a alma cheia de paisagens, de rostos, de histórias, de afectos de vários chãos.

Nem sequer percebo o chão que piso. Porque me parece que é um chão que se imita a si próprio. Cheio de reflexos de paredes. Paredes que as próprias formigas levantam. Ou ajudam a levantar. Com medo da imensidão do espaço? Ou do mar que lhe faz fronteira? As formigas vivem das glórias das caravelas, ou dos futuros comboios, ou dos golos,ou de nostalgias várias.
As formigas estão cada vez mais magras, mais magrinhas mas olham-se nos espelhos de feira que lhes fornecem.
Uma espécie de anorexia da Cultura.

Aqui,de fora (porque bem tenho pago o preço de ser de fora e de me atrever a discordar), com sangue extraído de várias bússulas, fico com pena que as formigas não tenham asas de rolas.

E penso, com tristeza, que outro chão me há-de recolher. Em paz e sossego.

A mim e a outros. Cada vez mais tantos.

Abraço

Justine disse...

Por tudo isso que nos indigna, nos destroi, nos fragiliza, amanhã vou para a rua mostrar, com muitos outros milhares, que não aceitamos ataques sem responder,que o caminho é a mudança de mentalidades, a luta pela dignidade, a assumpção da nossa força!

M. disse...

Mais uma vez o teu modo original de mostrares a indignação. Gostei muito, B.
Belíssimas imagens escolheste.

Rosa dos Ventos disse...

Que revolta tão poética!

Abraço

Manuel Veiga disse...

"salto outra vez dos prédios para as árvores do meu país-chão..."

enorme!

façamos da tragédia asas. e no voo nos encontraremos...

beijo.

dona tela disse...

A CONJUNTURA OBRIGA E AQUI ESTOU EU.
ATENTA E OBRIGADA.

Anónimo disse...

recomendo:

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- novo livro de Maria Azenha -


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"A harmonia foi a minha mãe na canção das árvores e foi entre as flores que aprendi a amar."
Friedrich Hölderlin

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Alberto Oliveira disse...

... não têm vergonha nenhuma, isso te afianço. Porque são os mesmos que ontem levantavam os sinais de proibição em altura e em qualquer lugar. Neste lugar também, à beira do mar encontrado.

Beijos.

Rui Fernandes disse...

Pois eu não sei o que diga - já me estafei a dizer coisa e a indignação não me passa. Aliás já anda por cá há tanto tempo que nem me lembro o que tanto me indignou. Quanto ao país-chão dá-me muito trabalho e eu não tenho forças. Irrita-me porque não sou daqueles de ficar a ver.

Quanto ao vício!... Quanto ao vício não há nada a fazer!

Ana Ramon disse...

Olá Amiga! Desculpa, desculpa, mas isto tem sido uma correria de loucos que é o que acontece quando nos metemos em trabalhos para os quais não temos estaleca.
Mas está feito, depois de muita canseira e até de algumas lágrimas de desespero :)
O Mário também chorou quando viu o livro nas suas mãos.
É tão grande o prazer quando vemos que proporcionámos lágrimas de felicidade a alguém.
Um beijinho muito grande

Filoxera disse...

Maravilhoso, este álbum fotográfico.
Um beijinho.

A Lusitânia disse...

Esse teu vento; o Alento que te leva e te faz voltar. Obrigada.