No afastamento para dentro do país
atenta-se no primitivo som, o mesmo, o do abandono.No interior, a muitos quilómetros de um hospital próximo, a democracia partiu os pés e não é tratada: está manca e faltosa das suas gentes mais simples e genuínas.
Casos bicudos e baralhados
Os papões
e os leões das louças
Tanta economia de papel, tanta economia em catadupa!
Pergunto-me onde anda a democracia, pasmada nas rotundas de repuxo
nos multi-usos de bilhar.
Longe da escola básica, das necessidades primeiras, esquecida dos bens da terra, a democracia não sabe o a, e, i, o, u:
para,
pelas
e com
as pessoas.
sexta-feira, outubro 22, 2010
O Interior I
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14 comentários:
Catadupa de rolexes e topos de gama nesta Democracia redutora.
Abraço
Uma análise lúcida e certeira que as imagens ampliam. Óptima!
Não desespere
a democracia segue
dentro de momentos(?)
constante é a luta de quem lá vive
com vazios estendidos
a dar a mão à solidão, casada com o esquecimento
entristece o país esquecido
(sim é país)
cumprimentos
No interior do país, no interior das nossas tristezas, abandonos, desistências...
Pois, tens toda a razão, mas ser-se e exercer-se a democracia não é coisa fácil. Na minha opinião, são as próprias características do ser humano que dificultam. A começar nas famílias e a continuar na sociedade.
gostei... deste teu post...
(tb sou do «interior» e... raramente ando pelo
«interior...........
os quotidianos afastam-me das deslocações para além dos círculos em que me movo, aqui na região de lisboa...)
por redoma(s)? talvez ....
mas discordo de como se tornaram as minhas raízes...
do interior..:-((
talvez por isso gosto tanto de países como a austria ... onde até os arredores são arredores e não subúrbios................
:((((((((((((((((((((((((((((((
melancolia estetica é o que eu sempre encontro aqui. Fotos que falam uma lingua poetica mas sem esconder as realidades .....
um beijinho desde Viena :)
"a democracia partiu os pés e não é tratada: está manca..."
... e nasceu torta!
(se me permites).
dói de facto o "afastamento para dentro do País"...
beijos
A tua pastora, lá atrás, lembrou-me a ceifeira de Pessoa (só em parte, como é óbvio). Também eu venho desse país interior. Tão na moda e porque é “bem” lá ter casa, lembrado só para a largada das perdizes ou dos faisões. E tal como D. Carlos, vai-se para o deserto recompor do bulício citadino (e tomar chá). A minha terra cheira a urzes, a rosmaninho, a hortelã, a erva-doce… Por vezes, temo que em memória (ou talvez não). A Democracia obrigou a uma escolha litoral, à desistência do lugar onde se nasceu… e as gentes mais novas têm vergonha do interior a que chamam de pasmaceira e antiquado. Aqui, onde a “demo kratos” perdeu as sandálias, os centros comerciais não são atractivos como na grande cidade. E lá voltamos nós à “Cidade e as Serras”.
Os repuxos para fazer esquecer a tanta seca disto e daquilo, ou a lembrar “meteste tanta água”. O teu texto recordou-me (cores politicas à parte) o “Levantado do Chão”: a dado momento é referido que o Estado mandou construir escolas para o povo aprender o “a, e, i, o, u”. Mas, as escolas continuavam vazias, o povo era ingrato. Todavia, o Estado esquecera-se que primeiro que uma sombra vá daqui para ali leva horas.
Luta constante de quem lá vive, desde sempre. Uma realidade, e não apenas uma imagem romântica na cabeça de alguns.
1 beijo e obrigado pelo texto
Bravíssimo, Bettips! Pelas fotos e pelas palavras. Um abraço.
Tenho-me queixado de não estar satisfeita com as novas regras de fazer um POST.
Aqui têm o meu último post e vê-se muito bem a diferença entre o anterior e este último.
Blog "MOMENTOS PERFEITOS":
Enquanto, no formato anterior eu podia colocar mais do que 1 foto, agora não permite colocar mais fotos, apenas UMA;
Enquanto, no formato anterior eu podia justificar o texto e ficar com uma excelente apresentação, agora fica completamente desorganizado, sem nenhuma apresentação;
Enquanto, no formato anterior eu podia escolher o tipo de letra, tamanho e cor, agora nada disso posso fazer...fica como o Blogger quer e EU NÃO GOSTO.
Daí que esteja a perder todo o interesse em continuar a fazer posts e tenho vontade de desistir da blogosfera.
Peço desculpa a todos que me acompanham, mas isto NÃO É ACEITÁVEL.
Se me puder "ajudar", agradeço-lhe.
Beijinhos.
Quando nasceu, a democracia era como qualquer criança saudável quando vem ao mundo. Até esteve pouquíssimo tempo na maternidade.
O problema foi quando chegou a casa.
Ai que família tão doida!
Todos os membros queriam mandar nela, às vezes sem mandarem coisa nenhuma.
Mas, andando no tempo, começaram-lhe a servir produtos gourmet sem lhe darem leitinho próprio para a idade. Ficou raquítica e por isso passa a vida a partir as pernas.
Também lhe deram muitos brinquedos mas sem lhe ensinarem a ler os livros de instruções.
Também ninguém lhe ensinou a tratar da horta. A família tem até vergonha das couves para além do medo do cheiro a peixe.
Já adulta foi preciso ter medo de ficar doente para aprender a lavar as mãos. Foi só um exemplo.
Agora já tem que idade para ter juízo mas crescendo naquele ambiente, passa a vida a pedir luxos que os vizinhos não têm, a maquilhar a pele quando, coitadinha, está podre por dentro. Cheia de ulceras.De vírus.
Eu, que não sou médica, passo a vida a ver-lhe as radiografias.
Fico triste.
Mas a maior parte dos clínicos diz que está bem porque ela diz que está bem.
Fico ainda mais triste porque fico com medo que morra definitivamente.
Já vi muita coisa e aprendi que há muitas formas de morrer, algumas delas até com a ilusão que se está a nascer.
Beijinhos
O discurso cristalino e mordaz qb.
A imagem sempre em abono de um gosto e uma acutilância que aprecio.
Obrigado, Bet
jl
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