terça-feira, dezembro 05, 2017

PPP Novembro

O meu (bastante) escape semanal, encontro de café, de tertúlia, de sorrisos.
Em Novembro, pela Jawaa, fomos desafiados por imagens, letras e palavras bonitas. Na última semana, "Fotografando as palavras dos outros", o poema de Alda Lara era precioso, como uma canção no cair da noite em África.
Suponho, pela cadência e a nostalgia que se desprende como um odor, ao ler as as palavras:

Testamento
À prostituta mais nova
Do bairro mais velho e escuro
Deixo os meus brincos, lavrados 
Em cristal, límpido e puro...
E àquela virgem esquecida
Rapariga sem ternura
Sonhando algures uma lenda
Deixo o meu vestido branco
O meu vestido de noiva
Todo tecido de renda.
Este meu rosário antigo
Ofereço-o àquele amigo
Que não acredita em Deus...
E os livros, rosários meus
Das contas de outro sofrer
São para os homens humildes
Que nunca souberam ler.
Quanto aos meus poemas loucos,
Esses, que são de dor
Sincera e desordenada
Esses, que são de esperança
Desesperada mas firme,
Deixo-tos a ti, meu amor...
Para que, na paz da hora
Em que a minha alma venha
Beijar de longe os teus olhos,
Vás por essa noite fora
Com passos feitos de lua
Oferecê-los às crianças
Que encontrares em cada rua.

As propostas dadas por cada um foram, mais uma vez, apropriadas e cheias de poesia, coloridas por risos, livros, rendas, brumas e luas.
Como muitas vezes faço - oportunidades de rever as décadas... - procuro as minhas alternativas, casando e justapondo frases e imagens.
A primeira, de rendas e brincos:


Algumas por cá ficaram, esperando outras luzes:











 

2 comentários:

Teresa Durães disse...

Um lindo poema!

Justine disse...

Vou reconhecendo locais, sofrendo saudades, lembrando grandes livros e belas obras de arte. Tudo pelas tuas fotografias e por essa grande poeta que é, continua a ser, Alda Lara!