Sobre as carrinhas-biblioteca da Gulbenkian:
Na cidade não havia mas sei que existiam. A Gulbenkian sabia que a
cultura era uma raiz que prende e alarga. Aos 7/8 anos, guardavam-me às tardes, na
Biblioteca Municipal, nas férias, com ordens para ali ficar até o meu pai me ir buscar. Lembro-me
bem do arrulho dos pombos rompendo um silêncio de pó no pátio sombrio. E
eu que gostava muito de ler e não tinha livros, pedi pela primeira vez um livro: "De Angola à
Contra-costa" convencida que ia ler aventuras na selva! Os livros têm
muitas histórias e pessoas, dentro e fora: uma vez conheci alguém que
comprou metro e meio de lombadas de livros para enfeitar a estante.
Sou
uma intelectualóide ambulante e tipo esponja, detesto lugares comuns e intrigas de faca e
alguidar. Daí que a maior parte das séries ou filmes anunciados me
passam ao lado. Livros releio: ando a ler por ex. a Isabel Allende que
li há 30 anos e sinto diferença. Quanto a doc. de viagens, mares, gente
interessante e longitudes, essas vejo-as todas. Às horas do telejornal.
***
Anos 80, exposição Casa de Serralves
Uma oferta para "bettips" há muito tempo
Uma viagem a Foz Côa quando não havia museu
O Tua que não se verá
As indecifráveis portas do mundo de H. Bösch
... e as minhas
As flores de uma casa perto do mar
Tão antiga que nem sei a data...
E talvez por isso, pela diversidade de pensamentos que me enche, me dá para responder, educadamente, às pessoas que nem conheço, como se falasse para um poço ou um desfiladeiro com água a correr lá baixo. Com as antiguidades do meu disco externo.
1 comentário:
talvez seja isso mesmo bettips, falar para um desfiladeiro com água correndo em baixo. Mas como gostamos de ouvir a sua voz que é única e, seja lá pelo que for, encontrou um ou vários desfiladeiro onde as palavras fazem eco e a água não pára de correr. A sério.
Boa tarde
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