O "fado" como destino:
Estava fadada para isto
É o meu fado
Talvez por isso, a fatalidade dos fados, nunca os apreciei grandemente. Provavelmente por ligação intrínseca ao regime, choramingas e maltrapilho, desgraçado, cigano, desprezado.
Mas na minha infância ouvia-se fado em todas as casas, muitos de que me lembro bem, tanto as letras como os artistas. Falava-se em nomes como Alfredo Marceneiro, Hermínia Silva, Fernando Farinha, Amália, Maria Teresa de Noronha. A Severa (1820-1846) figura mítica do fado de Lisboa que sempre me mereceu uma certa curiosidade, pela sua curta e triste vida.
O que conhecia, principalmente, eram os fados de Coimbra, mais directos ao coração me pareciam.
E, mais tarde, aprendi a apreciar os fados que transformaram a língua portuguesa numa linguagem universal, de escritores e artistas esquecidos. Um gosto ouvir Camões cantado.
Foi assim que entrei no PPP deste Agosto louco, de calor aflitivo e pandemia de aflição.
"Por teu livre pensamento
foram-te longe encerrar..."
"No cimo daquele outeiro
Debruçado castanheiro
geme de sede e fadiga..."
Aqui a dificuldade foi a escolha, gosto da distinção dos castanheiros e são inúmeras as fotografias que os mostram, em flor e em fruto.
"Naquela casa da esquina
Mora a Senhora do Monte..."
Algumas das amigas participantes no desafio, conheciam perfeitamente o Miradouro da Senhora do Monte, em Lisboa, que deu aliás origem ao fado em causa. Eu não conhecia, já lá estive sem lhe saber o nome. Por isso, fui encontrar igrejas e esquinas de casa várias, quase à sorte.
Esta capela e casa ao lado (A providência divina/Mora ali mesmo defronte), na brancura alentejana, algures entre Cuba e Alvito.
E depois, seguindo o Douro e as suas esquinas...
Como encontros nas esquinas do tempo...
3 comentários:
a brancura caiada e rasa do Alentejo profundo com jeitos mouros e o Douro com seus declives de pasmar, suas zonas de sombra e susto e talvez as mais lindas paisagens de Portugal. A gente sabe que é a mesma terra, aquela onde definitivos nos perderemos de nós e seremos parte do conjunto, um grão de pó no deserto. Mas surge tão diferenciada que diferentes hão-de ser os homens que molda.
Gostei muito desta sequência de palavras e fotografias. Estavas inspirada, nota-se o teu entusiasmo, transparece em tudo.
Também não sou amante de fado, mas o desafio da Luísa foi interessante e levou-nos a fazer coisas especiais, como no teu caso
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