sábado, abril 10, 2021

Abril de coisas comuns, no PPP

Lugares de que temos saudades ou sentimos a falta

Numa época conturbada, restritiva, que nos obriga a tanta ginástica física e mental, achei que nos faria bem a todos pensar/partilhar estas coisas simples. À vontade dos companheiros semanais, daquilo que nos puxa palavra e fotografia, deixo apenas sugestões, esperando esforçada-a-mente que tudo volte a alguma normalidade, lá para a última semana! 

De que mês? não sabemos.

Dia 1 – Passear ao ar livre? Que liberdade passada, como gosto e tantos momentos, cada um, único

Não só  o passear ao ar livre mas poder juntar-me com as pessoas de quem gosto. Este um lugar entre muitos que poderia ter escolhido mas que tem para mim um significado especial: é longe, é (sempre) bonito e na companhia de uma menina que descobriu “areia preta”, à qual achou muita graça!

 

Um dia destes, por acaso e numa loja vulgar, encontrou-se um bolo de mel de Safara! E deu-me logo vontade de ir (re)visitar essa terrazinha do Alentejo. Tão cuidadosa com o seu património.




E, depois na memória, surgem os encantamentos de lugares tão longe e tão nítidos! Onde jardins são montras e se passeia pelo devaneio de tanto colorido.

Dia 8 – Comer fora de casa

Gosto de comer fora de casa. Gosto mais quando a comida é boa, mais ainda se o lugar tem paisagem. Já me aconteceu fazer refeições em tascos, virada para a parede e, contudo, o que comi e com quem, nunca esqueci, pelo agradável que foi! Também comer uma simples sandes e beber uma cerveja, com o horizonte todo pela frente, é um prazer enorme. Juntando as duas coisas, comida boa e paisagem, apenas acrescento as companhias que nesta ocasião nos são tão imprescindíveis.

Com mar.

Com rio.


Décadas sem Lisboa, décadas com Lisboa.

 

sexta-feira, março 26, 2021

O Março, a brincar, no PPP

As propostas de A. levaram-nos à Arte e às suas formas tão diversas. As minhas propostas balançaram entre a brincadeira e as memórias. O CCB traz-me os motes. Porque não aprecio os tricots e instalações de J.Vasconcelos, pensei na primeira vez que vi um trabalho dela:



A palavra "Irreverência", insólita no contexto à época: a “instalação” “Néctar”, de 700 garrafas como árvore, imaginada por Joana Vasconcelos, foi escolhida entre várias propostas para a inauguração do Museu da Fundação Berardo, no CCB, em 2007. Teve várias posições no tempo, já a vi no pátio à entrada da Fundação. Escolhi esta, com folhas reais, pela fotografia ser precisamente de Outubro de 2007 e, originalmente, apresentada nos jardins das traseiras do edifício. Entre a realidade das árvores.

Palavra "Espanto" aliada a Picasso, desenho em folha de jornal.
A obra (e a pessoa) de Pablo Picasso provocam-me espanto, pela diversidade de vidas, temas, figuras e mesmo pelos imensos materiais diferentes que utilizou. Escolhi este, mais simples, algures nos anos 40, numa página de jornal francês, eventualmente num daqueles cafés bonitos rodeado de artistas e pensadores. Onde se nota a pulsão do pintor para o enredo das suas linhas originais que iria desenvolver em centenas de pinturas. Acrescento: que Paris e tantos museus! Esta da exposição no Museu Picasso, onde pude seguir as tendências e, de certo modo, a vida dele, as suas mulheres inspiradoras e descartáveis, os amigos, as viagens.

Palavra "Juventude" aliada a Amadeu de Sousa Cardoso, rio Tâmega e Igreja Mosteiro de S. Gonçalo
O que tantas vezes me dá vontade, ao ver as propostas e fotografias, é de me pôr a caminho e ir “verificar” o que outros viram. Foi este o caso do pintor que morreu tão novo e tão esquecido, cujo museu fica muito perto, em Amarante. Se o tempo fosse outro… E, por acaso, há dias escrevi um postal  precisamente deste pintor, representando “Clown, Cavalo e Salamandra”, de 1911/12. Ora verifico que não tenho nenhuma fotografia das suas pinturas, entre tantas obras que notei nas minhas passagens. Pelo que escolhi uma paisagem do Rio Tâmega, vendo-se ao fundo a Igreja de S. Gonçalo, onde se encontra o Museu com o nome do pintor e as suas obras, numa ala do antigo Mosteiro. A visitar: que palavras também puxam ideias!

E era sempre um prazer, porque ali se passava obrigatoriamente, em Amarante - e o pão de Padronelo! - parar, ir pelas ruas estreitas e achar "os doces de ovos moles e a bôla". Outros tempos sem IPs ou As.

Esta obra de Miró é ainda uma recolha do CCB, em 2007.


E, portanto, a palavra "Doidice" aliada a Joan Miró
As “Doidice” foram duas ou três nessa exposição de pintura que visitei em Serralves. Uma, a polémica levantada pela aquisição do espólio de um banco falido, burlas e vendas fictícias, de tantas obras do pintor catalão Joan Miró. A segunda, a fotografia que assinala o caminho para o lugar da exposição, na bela Avenida dos Liquidambares. A terceira, o encantamento de ver, além dos quadros e objectos do pintor, novamente por dentro, a tão bela Casa de Serralves. Estive lá, pela primeira vez, pelos finais dos anos 80, após a aquisição de toda a quinta pelo Estado, para ver uma exposição temporária intitulada “Viena 1900”. Nessa altura, ainda não existia o Museu de Arte Contemporânea.



 

Acho que tirei fotografias a tudo e a cada... mas esta tem a ligação da Arte Nova da Casa; e da arte quase infantil do pintor, às vezes debruçado sobre telas enormes, com brochas e lápis de côr e tecidos e cordas e papéis, a brincar ao mundo de todos nós.


domingo, março 21, 2021

Associações 3 - Camélias possíveis este ano

E como me fazia falta ver "As Camélias" deste ano, deste Inverno descontente! A saída programada, para um lugar calmo e encantador que já se conhece há muito tempo. A amabilidade das pessoas que entendem a paixão por estas flores tão (in)comuns, tão efémeras. Uma serena tarde, uma festa para os olhos e os sentimentos. À medida que o tempo (me)passa, cada vez mais sinto o apelo da natureza, da proximidade da terra, a necessidade das plantas, a diversidade das cores. Bastam as flores simples de um canteiro, pousar a máscara, e o horizonte é outro.


E depois, as camélias e as companhias delas







 









Para referir e pensar em dezenas de outras... ficará nas "coisassoltas" que este é um lugar de apontamento apenas, onde a memória aflora, de leve e de passagem. Vai-se cortando o vínculo, a virtude e o prazer do contacto, como os sinto e vejo, neste tempo de separações.

 


segunda-feira, março 15, 2021

Associações 2

Ontem mandaram-me Glicínias. A fotografia da primeira floração, lá, onde há ar para respirar e muito para aprender. Fico tantamente agradecida com estas pequenas lembranças, um quase nada que é muito.

E logo me vem ao pensamento o encontro há mais de 10 anos: programado para 22 de Março, a Primavera pregou-nos uma partida: saímos com um temporal desfeito, água e nuvens. "Quando no ali" chegámos, as gotas de água ainda sobravam das árvores e das flores.



Revisito o carinho e atenção com que fomos recebidos.

A bela e antiga trepadeira já tinha cachos que nos serviam de céu lilás, na passagem para a casa-abrigo.

E pela tarde o sol, o passeio, a conversa do saber, as distâncias.

"Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe"


quinta-feira, fevereiro 18, 2021

Associações

Quando as faço, não me saem da cabeça. Até ganharem forma de letra e imagem.

"Parva sed apta", a inscrição na casa de Sir Richard Wallace, c. 1870, um milionário e coleccionador de arte inglês que viveu em Paris. A inscrição encantou-me, assim como saber da vida filantrópica deste homem: 

"pequena mas suficiente para mim".

A frase está escrita lá em cima, no frontão, os jardins são lindos. Qualquer semelhança é pura coincidência de gostos... 

Porque: "terra quanta vejas, casa em que caibas",

foi assim que olhei as minhas pequenas e modestas violetas, ao tímido sol da tarde, neste lugar de

"confinação-aflição".


quinta-feira, fevereiro 04, 2021

Uma escavação na memória

"The Dig"! Campos ingleses e escavações foi um amor à primeira vista. Assim acontece com muitas séries, actores e filmes ingleses. Onde há aqueles tons e sons muito próprios dessa terra - mesmo com as trapalhadas dos reis e ministros, de tão estreita largueza de ideias sobre os vários países; e sobre o continente europeu, agora com o Brexit - que eu aprecio tanto no silêncio dos meus sonhos.

E a partir das escavações em 1939, de Sutton Hoo, no Suffolk, o que aprendi. Lembrava vagamente ter visto no British Museum algo sobre esta exposição de vestígios arqueológicos. Mas como me acontece tantas vezes, do olhar, ao procurar e reconhecer, vai muito tempo e passam muitas imagens. 








Encontrei!!! Foi como se tivesse encontrado "alguém" conhecido que me tivesse sorrido e abraçado, neste tempo tão sombrio de afagos. 

Thank you forever, Mrs. Edith Pretty and Mr. Basil Brown. E ao Museu Britânico que visitei várias vezes, deixando uma librita de ajuda, na caixa de plástico transparente à saída.