quinta-feira, abril 21, 2011

Dia no quarto ou a cidade onde gosto de estar é diferente da cidade onde estou. Mesmo por dentro.



Nada lhe diz o deserto de cimento, nem a câmara, divorciada está do seu sorriso.
De costas.
Porque eles, sorriso e pose, se dirigiam aos pombos e às flores, aos canteiros que não existem.
As tendas de plástico e as grandes parangonas iguais em todo o mundo, também nada lhe acrescentam à bela imagem.
No princípio (do mandato) havia tulipas de todas as cores, caríssimas as pensei, importadas. (como se a gente se importasse com paixões sazonais destes políticos e dos chupa-chupas que oferecem nos intervalos).

Desde pequena que me cruzo com ela. Ali perto, era (é) o Banco de Portugal onde ia receber o ordenado dos Correios, com o meu pai. Havia tanta coisa imponente que me fascinava: um elevador-caixa que andava para cima e para baixo, na parede, com papéis; tectos altíssimos, bancadas de mármores coloridas, gente antiga à frente dos cofres, rostos de ambos fechados e carrancudos.
Mas e sempre - muito me preocupei com o avesso das coisas... - espreitava de joelhos num banco enorme, as traseiras dos edifícios. Mania que me ficou.

A menina sorri como a vi há muitos anos - também o meu primeiro emprego era ali perto.

Deseja andorinhas e primaveras e 25 mil esperanças de Abril a todos os que me "conhecem".

(diria mais, por causa de nos terem empenhado o futuro: 25 mil milhões de esperanças para dividirmos)

11 comentários:

Justine disse...

Um abraço de esperança, amiga-que-conheço, com os olhos postos no futuro!

jrd disse...

O tempo virá, em que Abril, o nosso abril, será o de muitos, tantos, mil!
Abraço

Mar Arável disse...

Abril sempre

mesmo na memória dos amanhãs

Teresa Durães disse...

transformaram este país... numa coisa que não é uma nem outra... sim, também o empenharam. Eu estou a criar filhos emigrantes por causa disso e é triste

mfc disse...

Uma reflexão sustentada em memórias bonitas a que o presente deixou definitivamente de corresponder.

Teófilo M. disse...

Por estes lugares andamos, ter-nos-emos cruzado algum dia? Um simples olhar de fugida? Não?... Talvez, porque não!
Saudade das tulipas nos canteiros, dos vermelhos bancos e verde relva, onde nos S. Joões à noite arrefecia, os calores da festa e da companhia.

Filoxera disse...

Gosto tanto desta cidade...
Boa Páscoa.

M. disse...

"... muito me preocupei com o avesso das coisas", dizes tu.
Acho um bom hábito, que convém saber como são do outro lado. Dão assim que pensar ainda mais.

mdsol disse...

E hoje, dia 25, o meu bom dia é o tesouro

Anónimo disse...

Bettipsamiga

Concordo, concordo absolutamente, apenas com uma ligeiríssima alteração: 25 milhões de milhões de esperanças para dividirmos.

É o que nós temos, é o que nós somos; estender a mão à caridade é hábito e prática que adquirimos ao longo do tempo.

A nossa melhor qualidade é o desenrascanço e isso diz tudo. Nós, os Portugueses na generalidez não prestamos. Sublinho, escrevi NÓS, também o sou.

Na especialidez temos excelentíssimas excepções, desde o Gil Vicente até ao Siza Vieira, passando pela Vieira da Silva, pelo Mourinho, pelo Egas Moniz, pelo Eusébio, pelo Eça, pelo Saramago, pela Amália, pelo Cristiano Ronaldo.

Enfim, semos assim e se não mudámos até à data, temos de mudar e depressa; como, não sei; mas, se assim não acontecer, lá se vai o 25 de Abril, lá se vão os milhões de milhões, lá se vão as esperanças. E a Esperança.

Qjs = queijinhos = beijinhos

Gostarei de te ver lá pela minha Travessa, sff. Obrigado

Manuel Veiga disse...

esperanças de Abril em que te (re)conheço.

beijo