"Não feches a porta, disse, com a entoação quebrada por um sopro. E sobretudo, não me levantes a voz nem me atires as pedras do silêncio: fala-me, de suavidade antiga e marcas nas paredes da vida comum, coisas que nos doeram. Símbolos.
Isso, pára e não feches a porta. Fala-me simplesmente da roda rodando em que vivemos."
Este diálogo sem palavras, foi a proposta da "outra" semana.
Nem de propósito, quando tanta gente se esgueira hipocritamente ou desinteressadamente.
Muitas vezes sem voz, outras vezes batendo com estrondo.
Não se usa a escrita no papel, o convite que se pode tocar e sentir, o postal.
Mesmo uma porta bonita,
mesmo uma porta olhada de revés, não deixa de ser uma separação do eu-de-dentro-eu-de-fora: se estou fora, separo-me do interior, se alguém se põe fora, separa-se de mim.
"As palavras estão gastas", como diz Eugénio.
Eu, nada que sou, digo que as gastaram em trivialidades fantasiosas, ôcas.
Assim se sente Novembro.
6 comentários:
Há sinais por todos os lados a convidar-nos à sua leitura. Beijinhos.
As palavras estarão gastas mas os nossos ouvidos também. E cansados.
Apesar de tudo, continuarão sempre a existir palavras poupadas ao absurdo dos dias que de tão ágeis ou loucas, passarão por debaixo das portas. Ou pelas frinchas ou pelas rugas.
De resto, Novembro, pode ser um silêncio que se encosta ao ombro de uma ternura qualquer.
Ou um abrir a porta a quem não gaste as palavras que de tão cansadas, já se esqueceram de existir.
Bjs
Já nos gastaram as palavras, minha amiga! (Eugénio que me perdoe...)
Resta-nos o silêncio de raiva e de resistência!
tempos de amargura, sim...
que se deseja pronta a explodir em raiva...
tempos de amargura, sim...
que se deseja pronta a explodir em raiva...
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