A propósito das notícias que apanhei por acaso esta semana: os últimos monges que deixaram o Mosteiro da Cartuxa, Santa Maria Scala Coeli (Santa Maria da Escada para o Céu), foram transferidos para um convento em Barcelona. Como, digamos, comemoração religiosa, foi dado ao público assistir a uma missa e percorrer todo aquele espaço de clausura, a igreja, os jardins: pude vê-los na tv.
(também foi há dias que aconteceu, não seria impossível passar lá, de quase caminho, mas não posso acorrer a tudo o que me interessa, mesmo perto, mesmo sendo, relativamente, poucas coisas)
O Mosteiro da Cartuxa, em Évora, foi mandado edificar em 1587, pelo arcebispo D. Teotónio, da Casa (real) de Bragança. Os monges desta congregação, dedicavam-se a uma vida solitária e de oração. Depois de várias vicissitudes no séc. XIX, as ruínas e o espaço foram comprados pela família Eugénio de Almeida, recuperado o belo edifício e reinstalados os monges em 1960.
Andou-se por ali. Fomos recebidos por um (único) frade de 82 vivos anos "que falava" e muito. Que nos explicou as normas do mosteiro, o que cultivavam, como viviam.
O sítio é... realmente, divino!
Fiquei desapontada comigo mesma: muitas vezes penso nas fotografias, nas imagens, nos lugares, muitos aspectos, na memória deles. E julgo tê-las, às fotos. Neste caso, são apenas estas...
Deixo a parte da Fundação, na sua vertente vinícola, para outras "coisassoltas".
5 comentários:
Tenho tanta pena que se tenham ido os monges. Estudei ao som do sino deles, noite fora. Muitas noites. E lembrava-os a rezar logo ali, no seu convento, em vigília. Imaginava Évora protegida pelas preces.
É verdade que são poucos e estão velhos. Que talvez já não existam homens e mulheres que se auto destinem ao silêncio e recolhimento. Imagino que lhes custou sair do lugar onde viveram muito ano. Disseram-me que são todos espanhóis (não os vi na TV) . Vão morrer a casa.
A Fundação, e o vinho que produz, é de certo modo também uma "coisa divina"!!!!
Admito que retirá-los do seu silêncio no seu espaço tenha sido uma violência à vista das videiras.
Passadiços nas vidas de todos nós. tenho pena de não ter visitado e "sentido" o lugar e quem lá viveu. Um passadiço que se perdeu para mim. Uma pena.
Também tenho pena de não conhecer!
Abraço
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