Não me custa adaptar - ao meu ritmo - às tecnologias novas. Encontrei imensa distracção para o meu silêncio e algum isolamento, em apontar memórias, escrever a amigos - e até conversar por mail -, responder, comentar, exercitar a escrita com os meus diversos blogues e fotografias.
Ando em tudo o que me dá notícias dos meus longínquos, pessoas ou viagens, troco fotografias e mensagens, guardo...
Mas se dirá "que não há almoços grátis": com o constante bombardeamento da publicidade, dos ganhos, da dispersão, inscreve-te aqui, inscreve-te ali, cria um grupo, cria "uma sala", amigos que talvez conheças, ligações ... Qualquer bicho careta que tenha acesso a um número de telemóvel ou endereço de e-mail, enche a caixa virtual das mais díspares conjecturas, alarmes, mensagens, notificações e convites. Um dia destes, recebeu-se não sei quantas mensagens de aniversario (todas muito de energia positiva, descontos...) e a gente fica assombrada!
E gastas/restam-te não sei quantos bytes livres que o resto está ocupado sabes lá com quê!
Enfim, é cansativo o que era apenas intuitivo.
Neste caso, adicionar fotografias a um texto que escrevia, era simplesmente ir ao meu arquivo de fotografias e escolher, sinalizando e carregando, ou anulando, as imagens a propósito.
Com novas orientações do gigante que nos deixou brincar no terreiro - e não há meio de encontrar quem tenha as mesmas limitações ou opiniões - acabou-se o privilégio, com a aparência de se poder "fazer tudo em qualquer lugar", com apps, com selfies.
"Arrastas" uma a uma, fotografias de um pretenso álbum que não foi coligido nem escolhido por ti!
Estás no mundo (des)controlado, na nuvem, na aparência amigável como algodão doce (dizia M.)
A mim lembrou-me a polpa das ameixas vermelhas e maduras...
pode ser que mude.
3 comentários:
Mudará sim, B., o mundo, a vida, a natureza mudam todos os dias. A questão que coloco é: mudar em que sentido? a quem vai favorecer a mudança? Acho que estou a tornar-me cada vez mais céptica em relação ao humanismo da Humanidade...
Estamos com o credo na boca... mas tenho esperança que consigamos humanizar este novo mundo. Outro género de humanismo mas onde reconheceremos ainda algo que nos anime a continuar a ser gente.
Bom, Bettips, reconheço: sou muito limitada no uso que faço da net, não a deixo ocupar-me demasiado tempo, não sei nada de nuvens e escolha de fotos, já me soa a eternidade o tempo em que escolhia otos para um blog e não saberia fazê-lo hoje...não estou, portanto, à altura de comentar este post que nem vi antes:(. Mas quero ter fé na humanidade, ter esperança nem sei onde que seja humano, aspirar a que, dentro da mudança, exista a permanência essencial. Ou deixaremos de ser homens.
Bom Dia!
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