Desta vez com alguma "valentia" que nisso nos tornamos, precavidos mas valentes, contra a doença do malfadado ano 2020. Sendo que as saudades são muitas, a procura e o encontro na passagem daquele lugar mágico que é o Alentejo. Já com as suas cores terrosas, de um Verão fatigante e sem água. Contudo permanece ainda uma poeira dourada sob um sol oblíquo. E as árvores, o vermelho-ocre da íntima pele dos sobreiros, a altivez do ulmeiro, as azinheiras recortadas contra o céu imenso, as oliveiras de troncos baixos torcidos e esculpidos... todas as ervas flexíveis que se estendem a perder de vista e nos saúdam no vento fraco da planície. Os pássaros fugazes.
Nas cidades vilas e aldeias, um temor. Lugares de apoio, restaurantes, mercados, cafés, jardins, quase desertos. Desinfectar as mãos, o que se toca ou foi tocado. Evitar as pessoas e falar de longe, com as máscaras que nos fecham o sorriso e abafam a fala.
Ouvir o que se não ouve, o silêncio. Ver o que se não vê, a Via Láctea e um infinito de estrelas, algumas a que damos nomes de bichos e reconhecemos: tentar contar 7 vezes a distância entre duas estrelas da Ursa Maior e encontrar a Estrela Polar. O nosso lugar.
Com-figurações de outros espaços.
5 comentários:
Que belo texto tão poético!
Fotos igualmente belas!
Abraço
Que bem que a bettips diz e fotografa o meu Alentejo. É que nem eu o diria melhor quanto mais pô-lo em fotografia.
De todas as belas fotografias, tu sabes bem qual a que me emocionou mais: o gato tigrado, tão à maneira do Mounty, tão a chamar-mo à memória como se ele não estivesse cá sempre…
Boa estadia!
Gostei do "apontamento de viagem para Sul".
Lindas fotos!
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