...ou seja, escolhidas em Agosto, pleno purgatório de um Verão descontente. O entretimento de procurar correspondências tem o seu quê de fotos e palavras cruzadas! Eu, que nunca gostei de fazer "palavras cruzadas" pela sistematização dos nomes obrigatórios e repetitivos, gosto de encontrar fotografias com palavras que nascem, num repente. De um fio condutor de ninguém, apenas do meu pensamento.
A palavra VIDA, proposta por M., para cada semana uma letra. As minhas escolhas, secretas - que sei lá o que me vem à ideia no momento de "pensar".
V (Vidro)
Vidas no Vidro, jogando com as palavras deste mês. Não faço colecção de nada, tenho coisas de variados lugares, à medida que gosto delas, durante a minha vida. Como por exemplo caixas e caixinhas e estes “beijinhos”. Agora não junto nem quero nada, apenas se por acaso encontro um destes, que cabe num porta-moedas e vem fazer companhia aos do antigamente. Estes milhares de conchinhas vazias (de gastrópodes), foram sendo apanhadas desde há muito tempo e também me falam de “outras vidas, outros tempos, outras pessoas”. Nas praias do Norte, encontravam-se facilmente, o que agora não acontece. Uma das coisas que sempre gostava de fazer, entre sargaço, seixos e areias, dobrada para as pequenas coisas da maré. E sempre me parecia que a junção das bordas da humilde conchinha eram os lábios em forma de beijo delicado, do mar. Margens do amor, margens das praias, por onde andei.
I (Infância)
Outros sítios, outras crianças pequenas olhando para coisas pequenasInfância, de tempo breve. A felicidade das crianças que acham brinquedos numa pedra ou numa folha. Seja o que for que aconteça, não devemos interferir nessa felicidade que, naturalmente, sentem. Uma amiga, uma avó, uma tia; uma estrela, um búzio, um caracol, um pirilampo, o arco-íris, uma flor. Li algures, e há muito tempo, sobre as fases da criança, que até aos 3, 4 anos adquirem conhecimentos e competências a uma velocidade tal que nenhum adulto poderia acompanhar. Esta é a nossa expectativa e missão para um futuro: pôr-nos ao nível dos olhos das crianças, observar e apreciar o que eles vêem abaixo dos gigantes que somos.
D (Diferença)
Numa altura destas, das notícias no mundo, em que se encontram ao rubro as clivagens entre crenças e raças, surge-me esta fotografia tirada com o devido pudor e distanciamento. Ignoro que religião, que seita, que nacionalidade, aquelas duas mulheres vestidas a rigor e de caras sérias, representavam. Com a sua diferença e indiferentes, passaram por mim numa viagem qualquer, em que julguei recuar ao tempo das cruzadas.
Outras diferenças, encontradas por aqui, como um jogo:
A (Agosto)
Agosto foi um mês que me foi sempre desagradável pelo excesso. Este ano agravado pelo temor de nos reunirmos com outros seres. So long, Agosto, não deixas saudades!
E, ainda, tudo o mais que me surgiu, por Diferente, Decoração, Descida, Delicioso, Deslumbramento, Desafio, Divino...
4 comentários:
Gosto imenso da forma como escreve (já sabe!).
Gosto de Agosto, que é o mês em que faço anos, mas hoje em dia já não gosto tanto do calor excessivo.
Também tenho um cesto cheio de conchas, de anos e anos de acumulação. ainda hoje as apanho, nem que seja só uma ou duas.
Beijinhos, bom domingo e boa semana:))
Rever é reviver... Consola e acrescenta.
Gosto dos seus beijinhos, pérolas do mar guardadas em frasco de vidro. Na minha desorganização também há o amor às coisas do mar, aos restos que nos deixa quando recua na maré baixa e por minha casa pontuam as conchas, aqui e ali, sem outra ordem que lembrar-me o que não esqueço. A última julgo que esteja ainda na janela da cozinha, faz-me bem olhá-la. Que curto se tornou o verão.
E as crianças, pois; as crianças que alegram as nossas vidas e tanto rareiam na nossa sociedade envelhecida.
Ficou um excelente post, este com as 4 semanas assim bem juntinhas, deu às respostas uma união que se perde um pouco separadas semanalmente.
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