segunda-feira, março 02, 2020

Em 2007, ideias sobre uma exposição

Encontrei nos meus papeis particulares. Passaram 13 anos e tendo em conta os alarmes que sobram, cá e pelo mundo, tudo me parece igual. A quem dirigi estas palavras? Num fundo de um poço as sinto e vejo. Algumas delas, pessoas, serão algumas de hoje? Eu sou.
Foi seguindo exposições em Museus, no CCB e na Gulbenkian e, na altura, escrevendo contra os pruridos da comunicação social que se alargaram à sociedade em geral.


Minhas queridas: d'accord mais... como se dizia antigamente "do mal o menos", quando se partia uma perna em vez de partir as duas! Uns compram terras, jóias, acções, caimões. Outros compram "isso" e mais aquilo ...onde também há coisas boas e bonitas (e valiosas). O dinheiro é a mola real e se não fosse Berardo, era Telles de Menezes ou Martins de Lyma ou Corrêa da Cunha. Confesso que passei meses a discordar assim e assado, como o dizeis e pensais vós, e depois convenci-me a mim mesma: estão cá, vou espreitar.
O pobre estadito nem do Tiepolo sabia, que haja um cowboy a lançar laços ao gado nas pampas do deserto do país.
As condições...sei lá, nem percebo como a Bolsa e todos com os braços no ar, nem a Brisa, nem a Prisa, nem a Cofina, nem a Mediacoisa, nem a campanha com os moços giros a clamar portugal! we wait for you, nem os lucros dos bancos, nem as concessões, nem quanto custa uma cama de doente-cidadão em hospital, nem as propriedades abandonadas à especulação, nem o património vendido ou a cair de podre...
O que sei é dos rabinhos que mudam para cadeiras ainda mornas de rabos conhecidos! Hamsters em roda livre de favores.
Eu não percebo como, nem porquê, há muito homem invisível contorcionista por aí.
E from Russia with Love, sempre é melhor um empréstimo cá na família residente. Daqui a 10 anos, os nossos filhos terão mudado o ministério e may be se possa "alugar" por mais uma geração ...ou se descobrirmos petróleo em Barrancos se bata a nota na mesa!
É claro que não tenho procuração; nem simpatia pelo separatismo e verbosidade ilhéus e muito menos pela vaidade (não só dele, convenhamos!). Mas adoro ver a luta de tigres Opas, ao longe: tu banco/eu chefe de minorias, tu cobres/eu descubro, tu accionas/eu conto meias verdades... Gosto de quem não se cala podendo falar de sua justiça, já o disse não sei quando nem onde.
E gosto muito de gatos, mesmo quando mostram as garras e espetam os bigodes...
***
E assim vai o mundinho nesta primeira década do milénio! O melhor mesmo era terem ido ver "de graça" e apreciar, graciosamente e com o devido distanciamento da cousa; falo a sério, agora!
Beijinhos, muito grata pela vossa insigne colaboração neste lado em que, afinal, estamos juntas.Cogito que se ele aceitasse as propostas dos franceses que lhe cantaram "le fadô", a gente via irem-se os anéis e os dedos. 


Cá está o cisne de 2020! Olhando para trás e treze anos passados, solto, ainda assim, as asas. Entretanto, vi todos os lugares onde Joe Berardo colecciona as suas excentricidades, a arte e os vinhos que produz: Quinta da Bacalhôa, Quinta dos Loridos e Aliança Underground Museum


 As cores e os reflexos

Lembrei "Quadros de uma Exposição" de Mussorgsky a partir de um verso retirado da "wiki" e da sua "Promenade":
"Lead me from tortured dreams
Childhood themes of nights alone,
Wipe away endless years,
Childhood tears as dry as stone."
Nas cores e corredores
 nas solidões acorrentadas de Helena Almeida

 na crueza na infância de Paula Rego
 e a graça de Salvador Dali e o seu "Telefone-Lagosta"

Nos ângulos de vida, alguma luz.

3 comentários:

Rosa dos Ventos disse...

Alguma ou todas bem actuais!
Também continuo a gostar de gatos!

Abraço

bea disse...

As querelas entre os mecenas e os governos interessam-me menos do que ver as obras de arte que nos possibilitam quando se geram entendimentos. Pena que quando se desentendem sejamos nós a pagar e de várias formas. Calha-nos sempre. Que a arte está para além de tudo isso.

M. disse...

Uma reflexão interessante com asas. Nada mau.