sábado, junho 21, 2008

Dia de Solstício






Há coisas que se juntam como as marés vivas nas praias: trazem o abandono das algas.
E lixo escusado.
Levantam-se as gaivotas-lembranças-alvoroçadas.
***
Tenho pena de perder o tempo do dia mais longo do ano sem ser entre as ervas e descalça.
Nem o mar perto.
Nem as minhas pedras.
Justamente, corpos de madeira esculpidos e esquecidos.

quinta-feira, junho 12, 2008

Para adormecer (disto, mais futebol/petróleo)








"Marchavam agora alegremente, ouvindo cantar os passarinhos e admirando as maravilhosas flores que cobriam o campo, como um tapete. Havia-as de todas as cores - brancas, azúis, amarelas - misturadas com grandes maciços de papoilas encarnadas, de uma cor tão viva que Dorothy quase não as podia fitar.
- Não acham que são lindas? - perguntou a pequenita, aspirando o aroma fortíssimo das flores.
- Acho! - respondeu o Espantalho Errante - Quando tiver cérebro hei-de apreciá-las muito, com certeza.
- Se eu tivesse coração, era natural que gostasse muito delas - declarou o Lenhador de Lata.
- Cá por mim, sempre gostei de flores - disse o Leão Medroso - Mas na floresta não são tão belas como estas.
Havia cada vez mais papoilas.
A certa altura encontraram-se num campo inteiramente coberto delas.
Ora, toda a gente sabe que estas flores, em grande quantidade, exalam um perfume tão intenso que faz adormecer quem o aspirar. E, se não a retiram dali, essa pessoa arrisca-se a nunca mais acordar ...Por isso lhe chamam também dormideiras."

"O Feiticeiro de Oz" de L. Frank Baum, tradução de Maria Lamas (1946)
E não sei se bandeiras se papoilas me resultam no pensamento: certo é que prefiro adormecer nas flores.