sexta-feira, maio 28, 2010

às-os do costume


...que também tenho um sinal de proibição à desfaçatez com que nos falam os cara-de-pau. Contra a cinzenta mente.
Contra-podar/contra-poder.

Porque se chega de horizontes largos e se nos cortam os vôos contra paredes. Contra-ideais, contra sossego. Contra salário honesto ano após ano; e muitos anos. Merecida a paz de espírito para trabalhar e ter trabalhado.


Primazias para as opas, para poupas; esgares de vesgos como as janelas cegas, as economias astutas, as gravatas-ricas riscas no viés dos nossos dias anónimos.

Há-de a gente florir-flor no negro.

Chegar ao cume da indignação.
Há-de haver vergonha - em qualquer voluta destes cérebros - em castigar os incautos de hoje e as gerações futuras.


E como azul-e-verde me sossegam a humildade e o humilhante, tomo o caminho da fuga consciente, salto outra vez dos prédios para as árvores do meu país-chão.
Sem asas minhas mas com olhinhos de pássaro.

(volto depois a este vício de, pensando, escrever...)


quinta-feira, maio 27, 2010

Travessias


Passámos hoje para o Porto
de mão dada
há algumas décadas e alguns anos
(com o tempo precisarei que mo lembrem porque a minha vida atravessou tantas,
as margens!)

cabelos longos que mudaram de côr
sonhos longos que mudaram de percurso
e todavia toda-a-vida até aqui

(sinto o que sinto: "obrigada por ser-estar-permanecer-continuar")

domingo, maio 16, 2010

"Navegar, navegar, ó minha cana verde..."




Esperançar
esperançada
que a distância seja um caminho (mais) macio, entre mim e o comum dos dias.
E que o mar se estenda plano, nos olhos.

(440 presenças aqui são um acaso de Maio. Brindo a um mês do meu específico calendário, quando acontecem - e aconteceram - chegadas, encontros e - algumas - partidas.
Escrever sobre nada, escrever sobre pensar, acompanhou-me. Sinto-me grata por ter conhecido, no real e no imaginário, gente que me acrescentou vida, conhecimento, poesia, generosidade e beleza).

quarta-feira, maio 12, 2010

Pessoa




Verdade existência identidade invenção

Nem que a confusão e a tristeza solitária se encontre escrita
nas paredes,
se reconhece
ou é reconhecida.
Apenas anos após
nas lembranças de quem fica
de quem foi
que escreveu, viveu, atravessou as pontes,
assim.