domingo, setembro 20, 2020

Apontamento de viagem para Sul (diferente)

Desta vez com alguma "valentia" que nisso nos tornamos, precavidos mas valentes, contra a doença do malfadado ano 2020. Sendo que as saudades são muitas, a procura e o encontro na passagem daquele lugar mágico que é o Alentejo. Já com as suas cores terrosas, de um Verão fatigante e sem água. Contudo permanece ainda uma poeira dourada sob um sol oblíquo. E as árvores, o vermelho-ocre da íntima pele dos sobreiros, a altivez do ulmeiro, as azinheiras recortadas contra o céu imenso, as oliveiras de troncos baixos torcidos e esculpidos... todas as ervas flexíveis que se estendem a perder de vista e nos saúdam no vento fraco da planície. Os pássaros fugazes.

Nas cidades vilas e aldeias, um temor.  Lugares de apoio, restaurantes, mercados, cafés, jardins, quase desertos. Desinfectar as mãos, o que se toca ou foi tocado. Evitar as pessoas e falar de longe, com as máscaras que nos fecham o sorriso e abafam a fala.

Ouvir o que se não ouve, o silêncio. Ver o que se não vê, a Via Láctea e um infinito de estrelas, algumas a que damos nomes de bichos e reconhecemos: tentar contar 7 vezes a distância entre duas estrelas da Ursa Maior e encontrar a Estrela Polar. O nosso lugar.

Com-figurações de outros espaços.




















 

 


sábado, setembro 05, 2020

S. João passado e recordado

Deitei fora hoje o manjerico de S. João.
(e para o lixo da história escrita, também foram algumas cartas)
Sempre tive muito "jeitinho" para coisas que rimam, canções, palavras, cores, ambientes.
A quadra que este ano escrevi no meu vasinho:
"Lá vem a Nau Catrineta
que tem muito que contar
passaram mais de 3 meses
tudo ainda a confinar"


Mal sabia eu que assim passaram 6 meses!

Aproveitei e deitei fora também uma quadra antiga que muito me diz ao coração:
"Trevo da sorte não colhas
na noite de S. João
A sorte que vês nas folhas
pode bem ser ilusão"

A sorte não se faz, acontece ou não.
Penso.


terça-feira, setembro 01, 2020

Última semana de Agosto

... no PPP, o último dos fados propostos, de João Ferreira Rosa

"Os lugares por onde andámos
Não os esqueço, meu amor
Nem tudo quanto falámos
Quer seja alegria ou dor..." 

É curioso o que lembra à gente e quase impossível de descrever o momento, tantos momentos, da lembrança ou da memória: são como inúmeros pontos que se iluminam e apagam, vezes sem conta.
Este campo de girassóis foi o que os olhos fixaram, de tempo passado e murcho. Tal os caminhos da "saudade" que é tema das canções do género.


Mas vem também a alegria das cores, quando os passeios antigos nos encheram de alegria e maravilhamento. Não deslumbramento mas "maravilha".
E tantas outras coisas "nos lugares onde fomos felizes" e não sabíamos, na inocência do presente que assim se vivia.




Mais haveria...
Sinto, neste momento e com os tais pontos de luz das recordações, que o meu mapa sentimental é imenso.