sábado, outubro 24, 2020

As castanhas castanhas

E pelo mês adiante vamos, trocando belezas, reparos e amabilidades, diferentes pontos de vista. 

Fala-se a propósito de "castanhas" esta semana, é tempo delas. Muito tinha que contar deste lugar de tantos castanhos, amarelos e dourados - Galafura. 

Lá voltarei, às memórias, depoiszinho.

A maior parte das coisas de que gosto nem são das coisas que mais gosto, de comer, entenda-se, mas, e muito, o que elas representam. E estes sinais de Outono têm uma cor que condiz com elas, as castanhas. Se tivesse um castanheiro… havia de espreitar as semanas em que as flores se transformaram em frutos-ouriços, em que estes se abriram num riso, desprendendo-se dos ramos e caindo no chão. E dentro deles, um segredo bem guardado, sozinhas ou aos pares, a lustrosa cobertura das castanhas. Dentro delas, ainda uma pele mais clara, amarga  e bem agarrada para lhes chegar ao âmago. Nas minhas habituais conjecturas, penso como tantos sentimentos, ou palavras, nas pessoas se lhes assemelham.




Poderia ser em qualquer lado "com castanhas". Poderia... mas não é. É um lugar "de magias" do Douro, onde sempre encontro diferenças. Boas. Cogumelos, flores do chão, medronhos, vides e vinhas.

Este ano, a ver vamos. Sei que numa conta por alto já lá fomos uma dezena? de vezes, sozinhos ou com companhia, e levámos mais de uma dezena de pessoas, de vários quadrantes "mundiais"!

 

sábado, outubro 17, 2020

Do Setembro no PPP - antes de Outubro

...ou seja, escolhidas em Agosto, pleno purgatório de um Verão descontente. O entretimento de procurar correspondências tem o seu quê de fotos e palavras cruzadas! Eu, que nunca gostei de fazer "palavras cruzadas" pela sistematização dos nomes obrigatórios e repetitivos, gosto de encontrar fotografias com palavras que nascem, num repente. De um fio condutor de ninguém, apenas do meu pensamento.

A palavra VIDA, proposta por M., para cada semana uma letra. As minhas escolhas, secretas - que sei lá o que me vem à ideia no momento de "pensar".

V (Vidro) 

Vidas no Vidro, jogando com as palavras deste mês. Não faço colecção de nada, tenho coisas de variados lugares, à medida que gosto delas, durante a minha vida. Como por exemplo caixas e caixinhas e estes “beijinhos”. Agora não junto nem quero nada, apenas se por acaso encontro um destes, que cabe num porta-moedas e vem fazer companhia aos do antigamente. Estes milhares de conchinhas vazias (de gastrópodes), foram sendo apanhadas desde há muito tempo e também me falam de “outras vidas, outros tempos, outras pessoas”. Nas praias do Norte, encontravam-se  facilmente, o que agora não acontece. Uma das coisas que sempre gostava de fazer, entre sargaço, seixos e areias, dobrada para as pequenas coisas da maré. E sempre me parecia que a junção das bordas da humilde conchinha eram os lábios em forma de beijo delicado, do mar. Margens do amor, margens das praias, por onde andei.

 I (Infância) 

Outros sítios, outras crianças pequenas olhando para coisas pequenas
 

Infância, de tempo breve. A felicidade das crianças que acham brinquedos numa pedra ou numa folha. Seja o que for que aconteça, não devemos interferir nessa felicidade que, naturalmente, sentem. Uma amiga, uma avó, uma tia; uma estrela, um búzio, um caracol, um pirilampo, o arco-íris, uma flor. Li algures, e há muito tempo, sobre as fases da criança, que até aos 3, 4 anos adquirem conhecimentos e competências a uma velocidade tal que nenhum adulto poderia acompanhar. Esta é a nossa expectativa e missão para um futuro: pôr-nos ao nível dos olhos das crianças, observar e apreciar o que eles vêem abaixo dos gigantes que somos.

 D (Diferença) 

Numa altura destas, das notícias no mundo, em que se encontram ao rubro as clivagens entre crenças e raças, surge-me esta fotografia tirada com o devido pudor e distanciamento. Ignoro que religião, que seita, que nacionalidade, aquelas duas mulheres vestidas a rigor e de caras sérias, representavam. Com a sua diferença e indiferentes, passaram por mim numa viagem qualquer, em que julguei recuar ao tempo das cruzadas. 

Outras diferenças, encontradas por aqui, como um jogo:


A (Agosto)

Agosto foi um mês que me foi sempre desagradável pelo excesso. Este ano agravado pelo temor de nos reunirmos com outros seres. So long, Agosto, não deixas saudades!


E, ainda, tudo o mais que me surgiu, por Diferente, Decoração, Descida, Delicioso, Deslumbramento, Desafio, Divino...

 


sexta-feira, outubro 02, 2020

Outono no PPP de Outubro

Longe dos meus lugares de referência de outros Outonos (Porto, Douro vinhateiro, Serralves, Parque da Cidade), resolvo o desafio desta semana com as plantas das dunas, arrastadas para o mar pelas marés-vivas, do Equinócio de Setembro. Embaladas pelas ondas. Duras, espinhosas mas graciosas, as folhagens que encontrei.

Espreitam pés incautos mas os meus estavam avisados desde a adolescência percorrendo areias. "Quand vient la fin de l' été sur la plage..."


Estas paisagens avulso proporcionam-me momentos que "duram todo o ano", todos os anos. Fazem-me sorrir e esquecer rugas quando os olho, no lugar silencioso da casa, a chuva que cai lá fora, a imposta limitação dos passos. Levanto então a cabeça.

 
 
Porque vivê-los é melhor mas recordá-los é bom.
 




E bichos, formas deles e eles mesmos



Da simplicidade, das madressilvas tardias e cheirosas

E enfim, alguns dos, possivelmente, poentes diferentes de lugares iguais. 


Já a memorizar os "Outonos" nesta outra forma de ver o que está perto.