segunda-feira, abril 23, 2012

Com as palavras


... dentro do olhar, do PPP da outra semana, outra.

"Soltam-se-me as imagens como os peixes, fazendo caminho na água de recordar.
Das escadas que não sei donde vêm, abre-se uma porta que não sei para onde vai.
Um bailado parado, uma fila de gente que espera.
Assim me são as palavras, breves e leves, sem nenhum sentido aparente, só um pó de passos-gestos passados.
Elegia de um ser que parece e não é."






(de novo fotos da exposição anterior, em Nov. 2010)

Fantasmas

Tantas as vezes que me faltam as palavras simétricas da realidade e recorro aos livros!
Aos que me passam agora, os por que passei. Como se o emparedamento se partisse.








Num repente e como as formas de criança onde na praia se faziam figurinhas de areia, aparece uma luz que me ilumina o dia. Aparece um sinal ou um aviso: este surgiu-me pela proximidade dos 38 anos de Abril.

"Mergulhados no medo e na suspeita,
a mente agitada, os olhos aterrados,
tentamos desesperadamente inventar saídas,
planeamos formas de evitar
o perigo evidente que tão terrivelmente nos ameaça.
Porém estamos enganados, não é esse o perigo que está para vir:
a notícia estava errada
(ou fomos nós que não ouvimos, ou não a percebemos bem).
Outro desastre, que nunca imaginámos,
de repente, com violência, abate-se sobre nós,
e, apanhando-nos desprevenidos - agora é tarde -,
atira-nos por terra."

Constantino Kavafis (citado no livro de Panos Karnezis "Pequenas grandes infâmias" edição Cavalo de Ferro.
Fotos da exposição Festival Internacional de Cultura Urbana, Palácio Santa Catarina, Nov. 2010

quinta-feira, abril 12, 2012

Assim somos




... e pousamos...
nas águas das nossas palavras ditas e nas guerras dos nossos silêncios.
A vida é apenas um reflexo atrás de nós.
Belo se assim o quisermos fazer.
Ou soubermos ver.

(no PPP em 12.4.12)
O que me lembrou recuados anos 90, "O Pêndulo de Foucault" de Umberto Eco, pág. 553, onde li

"...que no momento final, quando a vida, superfície sobre superfície, se incrustou de experiência, saberás tudo, o segredo, o poder e a glória, porque nasceste, porque estás a morrer, e como tudo poderia ter sido de outra maneira.
És um sábio. Mas a sabedoria maior, nesse momento, é saber que só o soubeste demasiado tarde. Compreende-se tudo quando não há mais nada a compreender."