quarta-feira, junho 29, 2022

PPP Agenda para Junho 2022 (B)

As propostas escolhidas após a ideia primeira, foram (mais) simples. Pensei eu que, depois de dois anos e três meses de confinamentos e sustos vários, escolher as coisas banais que tanta falta nos fizeram, seria um bom propósito. Daí "Passear" foi a primeira.

É uma das coisas que mais me agrada fazer. Desanuvio das nuvens. Ou ninguém, na pacatez dos campos e montes, ou gente, mas de longe. Pareceu-me que este pé em riste representa bem este meu pensar: espreitar e admirar as paisagens. Do alto do Arco da Rua Augusta, em boa hora a tentação de lá subir venceu! O ar estava tão nítido que as fotografias surgiram de seguida, como um filme.

Claro que sobre este tema comum - passear e ver abismos, de que fiz uma ligação latina muito pessoal - arranquei outras fotografias ao pó dos anos passados, com tanto gosto de as rever!

Do "Sítio" na Nazaré há mais de 10 anos



 

Da "Boca do Inferno, estas há mais tempo, com a máquina que me cabia na mão 


 

A segunda proposta foi "Ir ao museu ou ao parque". Não procurei muito... há uns meses tinha estado em Serralves. Uma saída, não para ver peças de museu mas para os belos  jardins do Parque. Era Abril, tudo muito verde e sossegado, ainda havia camélias pelos caminhos serenos. O ensino do nome das flores e das árvores à minha gentil menina-neta, ela vai buscar uma das belezas amortecidas que caem e desfolha-a para mim, com risos. A perfeição do lugar e da companhia. Daí ter passado para a ideia gémea e seguinte: "Companhia"... Um privilégio discorrer sobre esses belos momentos:

O aparecimento do minúsculo insecto, tranquilo no seu pousar, de nos olharmos, eu-pessoa, ele-bicho-verde


Mas Serralves é uma tentação de passeio e em plena Primavera mais ainda!

A avenida dos Liquidâmbares que no Outono serão gloriosos estandartes apelativos nos seus tons de vermelhos, laranja, ocres. Vi que foram plantados há mais de 80 anos.








Estas duas, acima e abaixo, fui encontrá-las mais longe, mais atrás no tempo: e era Outubro, já as primeiras folhas se desprendem para o tapete da estação mais bela, a fada dos bosques que prepara a terra e os seres para o isolamento e a solidão dos dias com pouca luz

A 3ª proposta - o mês de Maio era comprido e nestas coisas de contagens houve 5 quintas-feiras... - era "Aproveitar o dia".

Gosto muito destas fotografias da Lagoa da Foz do Arelho, há muitas, uma sequência de minutos, até o sol se esconder. Nesta em especial, gosto dos tons reflectidos, da sugestão das sombras na areia e do recorte das Berlengas com os Farilhões ao fundo.

Muito poderia escrever sobre "aproveitar o dia": um bom filme ou um livro, um encontro com gente afável, andar pelos campos, florestas ou pela beira mar, andar e escutar as ruínas de muitas pedras velhas, conhecer uma cidade nova, ou reconhecê-la de outros passados. Um guia ou companhia impaciente porque me demoro, sair pela porta lateral "dos museus" quando já a principal está fechada. O que me acontece inúmeras vezes, uma corridinha para espreitar mais uma sala que falta e que levava na ideia... 

Lentamente me desprendo, ou distancio talvez, dos gostos de andar por aí, da vista, do amor, da amizade; que nunca da curiosidade e do encantamento de aprender mais: com um actor, com um escritor, com um quadro, com uma paisagem.

 


terça-feira, junho 28, 2022

PPP Agenda para Junho 2022 (A)

Expressões latinas consagradas

Daquilo que sabíamos e segundo a wiki, a língua portuguesa teve origem no latim vulgar que foi introduzido na Península Ibérica pelos conquistadores romanos, chegados em 218 a.C.

Das influências anteriores (galaicos, lusitanos, celtas) e posteriores (povos bárbaros e árabes), haverá ainda inúmeras palavras derivadas. O nosso rei D. Dinis instituiu o Português como língua oficial do reino e é hoje a 5ª língua mais falada do mundo.

Achei que o desafio de Junho poderia ser sobre essas remotas origens latinas, com expressões que muitas vezes lemos ou nos ocorrem no dia a dia. Por aqui fica a lembrança.

Abyssus abyssum invocat – O abismo chama (atrai) ou o abismo chama outro abismo

Houve tempo em que olhar os precipícios não me trazia qualquer problema. Nunca fui muito afoita mas, desde que estivesse em segurança, espreitava e admirava as paisagens. Com o tempo perdi essa capacidade e essa curiosidade e, com franqueza, a vontade desvaneceu-se ao sentir a cabeça pouco firme e ter a sensação real do que digo: “o abismo atrai”.

Dura lex, sed lex – A lei é dura mas é a lei

Surge-me a pergunta, especialmente em belos edifícios abandonados e fechados a sete chaves: não se pode entrar? Mas não há lei que contrarie o desleixo, a degradação do património?

Carpe diem – Aproveita o dia (o tempo)

Sair. De manhã, não muito cedo, andar  até o sol desaparecer, e a noite de veludo me embrulhar na sua manta azul, escura mas de brilhos sem fim, percorrer todos os lugares belos e chegar ao sono cheia de imagens e sensações. Essa é a minha definição de aproveitar o dia, da melhor maneira!

  

In vino veritas – A verdade de alguém revela-se quando embriagado ou sob a influência do álcool, a pessoa diz verdades

Talvez, gosto de vinho mas acho que nunca me embriaguei a sério. Se beber demais começo a ficar  muito triste e admirada com a alegria dos outros. Será essa a minha verdade?


 
Vae victis! - Ai dos vencidos!

Esse vaticínio parece-me ter saído verdadeiramente da mente romana, os conquistadores de tantas regiões por essa Europa, África e Ásia adentro. Todavia, cogito nessa frase hoje, depois de ter sabido de tantas guerras, passadas e actuais. Todas as guerras de destruição e mortes me repugnam.

*** 

Esta foi a minha primeira escolha. Entretanto, mudei de sentido; mas "a pesca" das fotografias que tinha guardado para este "programa" é abundante. Virei com elas depois porque, como Palavra Puxa Palavra também o Pensamento Puxa Pensamento. A propósito de verdades, ideias e cerejas.

 


quarta-feira, junho 22, 2022

O contraponto

Irreversível. De chegada, as velhas notícias do burgo. Milhares de casas, muitas vazias - outras para alojamentos temporários. Mais hotéis, mais estrelas. O turismo é o que está a dar. Dizia o outro, "sinistral" figura, que estávamos calhados/talhados para  turismos e serviços, deve ser por isso que se encontra cheio de razão e vai debitando livros e comentários.

Cortaram árvores e esvaziaram casas, adquiriram prédios inteiros e não se vê viva alma. Eu conheço, décadas de visões e passagens a pé. Aqui à volta não me chegariam os dedos para contar. É claro que há o parque, o metro, o coiso e o loiso. E vai haver o S. João.

Este um prédio que é de "escritórios", construído em menos de um ano? É como uma prisão por fora, é todo lindo e "funcional" por dentro. Fica num lugar acanhado e complexo em termos de escoamento de trânsito. Eram os terrenos da STCP, autocarros: como foi vendido, adquirido? A história nos jornais é longa e trapalhona, desde o ano 2000. Tem nome inglês, é claro. A foto é de Janeiro, com o horizonte, que foi alto e amplo, agora às riscas.

Em menos de 300 metros de ruas, há mais um hotel, um prédio de apartamentos e galeria comercial, outro de mais casas, tudo a vender de raiz. Andares e andares onde existiam simplesmente casas de 1º andar.

Felizmente, as flores roxas resistiram e saudaram-me à chegada. 

Como os hamsters, reduzo (mais) as minhas voltas...Vale-me a propriedade intelectual, que essa é longa, de muitos e variados interesses. Uma sessão que irá acontecer algures e de que vi notícia: "Ética e Estética", duas palavras imensas que, de repente, acho me definem.


 

domingo, junho 12, 2022

PP - Passeio no passadiço 3

Ouço os cantos da Primavera em todos os pássaros buliçosos, alguns em perfeito namoro, em "pas de deux". As suas canções são alegres e brejeiras, apelativas e como que em desafio. Mas não é o amor um desafio?




O melro, não lhe vi o par mas ouvi-lhes os cantos diversos, um aqui outro ali


A graça-da-garça, a fragilidade dos passos, uma dança


Dedico a atenção aos patos, grandes e pequenos que graciosos são nas suas voltas 



Do que sei da sua plumagem, esta seria uma mãe vigiando os "pequenos" - pai ausente?, como às vezes me pergunto, nas notícias...












Volta-se já quase de noite, aves aquietadas, cigarras pigarreando nas ervas, calando-se à medida que ouviam passos e logo retomando a orquestra.

Horas com sonho.