sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Navegar, navegar












...
Mas ó minha cana verde
Navegar no teu corpo
Entre quatro paredes
Dar-te um beijo e ficar

Ir ao fundo e voltar

Ó minha cana verde

Navegar navegar"

Fausto em "Por este Rio Acima", gravado na Primavera e Verão de 1982, uma das obras mais belas e completas, do género, que conheço!

A propósito da minha "Caravela Quinhentista...que é Cabo da Boa Esperança..." e do Palavra Puxa Palavra desta semana.
Aqui fica o roteiro: entre umas centenas de fotografias, escolhi a sequência no caminho em que a minha caravela se enquadra.
Agora ... é só pôr os pés a andar e afinar os olhos!

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Aviso: Os ignorados que o não são


Estas são flores (camélias) para pessoas que conheço e com quem não tenho conseguido manter diálogo.

Por qualquer motivo (demasiada protecção do meu computador? configurado pelo meu engenheiro informático e que não me atrevo a questionar...).
Dizia eu que, por uma incompetência ou redundância que me desanima pelas horas/noites em que tenho tentado, há sítios "amigos" onde não consigo aceder. Por vezes espreito-os, ainda os leio; mas quando vou a comentar, tudo desaparece e cai a ligação. Alguns minutos e alguma impaciência depois, lá consigo sair para outros lugares.

São por ex. a ARÁBICA (isso não me acontecia antes, V.!)
a WOLKENGEDANKEN,
a HFM (ultimamente)
a MEG.
Mas lembro que há várias destas situações; não muitas mas algumas.
Outros blogs demoram a carregar e trazem anúncios "parasitas": Girassol, de Aveiro, AS Nunes, amigo das árvores e de Leiria.

Já pensei em deixar bilhetinhos nas caixas de correio de amigos comuns, que os há sempre nesta tertúlia onde nos vamos conhecendo.
De qualquer modo, queria deixar esta explicação do meu forçado silêncio nos vossos lugares.
Não desistam de dar notícias, não deixem de aparecer, que eu também não deixo de os visitar. Raramente esqueço um lugar onde estive interessada.
E interesso-me pelo que vão descobrindo e mostrando.
(está fora de questão quem aparece por publicidade, com respostas passadas a papel químico - se assim o posso dizer por aqui... enfim! Procuro ser delicada mas não me apetece "pactuar" com determinadas correntes por mais poéticas ou de alarde que sejam).
Abraços às/aos mencionados

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Ainda as palmeiras




Havia na verdade duas palmeiras que orientavam o meu olhar de pequeno alcance.
À frente e atrás da casa.
Recordações nítidas.
Esta ainda existe porque o terreno serve de "estaleiro" a obras, depois de deitadas as casas antigas abaixo. Serão as obras de "S. Nunca", como diria a minha avó.
Por ela trepavam os gatos assustados quando o "Leão" - o cão da quinta - os perseguia.
As imagens têm um intervalo de várias décadas mas a árvore - e o insistente "eu" - somos as mesmas.
Crescemos, e ainda vivemos, com algo de identidade.
A outra palmeira era onde se escondia e me espiava o "lobo mau", sempre que me queriam dócil aos enganos. Desapareceu com um condomínio. Desapareceram todas as árvores.
Também os lobos maus se transformaram em gente comum.

domingo, fevereiro 22, 2009

"Às vezes









...temos de pedir as palavras emprestadas aos poetas..."
Disse a minha amiga Justine!
E tem razão. Quando recordei duas palmeiras que me vigiaram o crescer.
Lembrei as palmeiras da beira rio e o poeta que ali viveu.
E se me quedaram as palavras, ficando só o olhar.

"Chegaram tarde à minha vida
as palmeiras. Em Marraquexe vi uma
que Ulisses teria comparado
a Nausica, mas só
no Jardim do Passeio Alegre
comecei a amá-las. São altas
como os marinheiros de Homero.
Diante do mar desafiam os ventos
vindos do norte e do sul,
do leste e do oeste,
para as dobrar pela cintura.
Invulneráveis - assim nuas."

(Eugénio de Andrade, 1923-2005, "Rente ao Dizer" - 1992)

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Quando





encalham em nosso cais as palavras doces e irónicas
dos poetas.
Há gente que dura tanto e homens que vivem tempo breve!

"Vivo com ele há anos suficientes
para poder dizer que o reconheceria
num dia de Novembro no meio da bruma
é como uma pessoa de família

adorava os pais mas tinha medo
quando zangados se punham aos gritos
e se chamavam nomes odiosos
não invento nada vi-o crescer comigo

chorava então desabaladamente
e eu com ele sentindo-nos perdidos
o cobertor puxado sobre a cabeça
seria trágico se não fosse ridículo

mesmo depois a noite que urinasse
no pijama era um protesto civil
encharcou assim grande parte das Beiras
não lhe perguntem se foi feliz"

Um tal Fernando Assis Pacheco
1937-1995
(poema em "Respiração Assistida", escrito no ano da sua morte)

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Pináculo I



Ou pode ser um desejo simplesmente tão perto, a uma hora de olhar.

De subir. Pela solidão das manhãs que tardam.
Olhando do alto as pedras conhecidas.
(e tão longe!)

Pináculo








(fotos de V. B.)

Do Lat. pinnaculu
s.m.: a parte mais elevada de um edifício, monte, etc.
fig.: o mais alto grau; auge

porque apetece ir escurecendo (endurecendo as boas práticas)
e subir
(falsas as luzes que brilham para fora)
subir um qualquer entrelaçamento de ferros ou opiniões duvidosas.
E chegar a um topo único e íntimo
onde se goste ser (estar, permanecer, continuar).

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Rebanho e pedras frias



Com este desagrado à solta, apascento o meu rebanho de pensamentos e encolho-me.
Arrepiada, na farda comum.
Quando não posso andar por cima dos obstáculos, tento rodeá-los.
É assim que me sinto "arrebanhada".
É quando e quanto.




Leio por aí e ouço.
Que spas que pedras quentes que banhos de chocolate.
Que zens que provas.
Que ***** (e mais) estrelas. Fazem-se, diz-se.
Há sem dúvida um núcleo duro e rico que desconhecemos.
Vemos os n e w carros e as casas fortificadas num relance.
Para eles se publicam as revistas.
A gente fica a ler.