...temos de pedir as palavras emprestadas aos poetas..."
Disse a minha amiga Justine!
E tem razão. Quando recordei duas palmeiras que me vigiaram o crescer.
Lembrei as palmeiras da beira rio e o poeta que ali viveu.
E se me quedaram as palavras, ficando só o olhar.
"Chegaram tarde à minha vida
as palmeiras. Em Marraquexe vi uma
que Ulisses teria comparado
a Nausica, mas só
no Jardim do Passeio Alegre
comecei a amá-las. São altas
como os marinheiros de Homero.
Diante do mar desafiam os ventos
vindos do norte e do sul,
do leste e do oeste,
para as dobrar pela cintura.
Invulneráveis - assim nuas."
(Eugénio de Andrade, 1923-2005, "Rente ao Dizer" - 1992)
domingo, fevereiro 22, 2009
"Às vezes
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Palmeiras e Eugénio A.
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15 comentários:
não sei ... apenas me lembro do Campo Alegre onde estudei e onde depois me disseram viver o Ruben A.
Sim, as palmeiras ... belas as v~es tu.
Bettips,
Conheço-as. Fizeste-me recordá-las em fotos notáveis, e num belíssimo poema de um poeta do Porto e do Mundo.
Sim, tenho de concordar com a Justine e contigo: Às vezes temos de pedir as palavras emprestadas aos poetas. E nunca pagamos juros.
Um beijo.
São mais que certas as palavras da Justine. Às vezes assim é.
Uma palmeira, o rio, a margem por onde passeaste.
A nostalgia. O tempo. O azul do céu.
Às vezes o peixe morde o isco.
Tu deixas-nos as palavras de Eugénio para nós mordermos.
Um beijo
Lindo o poema e as imagens que o acompanham...
É tão bom recordar, sobretudo se o fizermos «docemente»...
Amigaminha, ontem estive a ler esse poema do Eugénio(quando procurava palavras dele para acompanhar a minha amendoeira vestida de rendas...)!!Não é isto prova de que existem laços subterrâneos e invisíveis, mas inquebráveis?
Beijo
Como Eugénio sabe de palmeiras. Fortes, férteis, nuas. Estas que nos mostras sabem muito de ti, aposto. As árvores que te vigiaram o crescer. Tão bonito este teu dizer.
Um beijo.
Como tu misturas bem palmeiras e Eugénio de Andrade!
Não conheço as da foto, paradoxalmente, conheço as de Marraquexe, altivas, a espreitarem o deserto longinquo...
Um beijo, Bettips, com saudades.
Foi por aí que o Arnaldo Gama se enamorou de umas hortênsias ferrete que haviam no jardim de uma casa...
Abraços!
"duas palmeiras que me vigiaram o crescer".
um único verso que vale um poema!
aliás palmar...
beijo
A senhora vê isso tudo numa palmeira? Eu sou mesmo muito fraquinha a escrever. Paciência...
Muitos cumprimentos, Dona Bettips.
À tua vida pelo que nos contas, chegaram, como à minha, na infância, as palmeiras.
Havia duas no jardim da casa dos meus avós, que olharam por 36 netos e nos adoçaram a boca com as suas bolotas!
Foi bom recordá-las através de ti e de Eugénio de Andrade!
Um beijinho
Eu nasci no meio delas. Mas há poetas que não gostam... Miguel Torga por exemplo.
Poeta em poeta se arrima!
Poema com poema se paga!
És um pássaro de asas grandes, menina. O teu voo é amplo.
claro que não resisto a deixar aqui um beijo pelas fotos e pelo poema do Eugénio:)....
digamos que é o meu santuário, no Porto.
(estou a adorar passear por aqui)
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