terça-feira, setembro 18, 2007

De saída em projecto





"Tínhamos 20 anos. Não admitíamos que ninguém dissesse que aqueles eram os melhores anos da nossa vida"

Paul Nizan, contemporâneo de J.P. Sartre. Morreu cedo. Mais ainda por isso, tem toda a razão no que disse. Mas nem sei bem se o escreveu assim: sei que eu lhe dou o significado do que sinto, agora.

Vou levitar os pesares noutras paragens, umas semanas. Imagino dormir nos montes de feno, o comprimido redondo do sol mais oblíquo e tomado a seco, com o ar líquido.
Imagino silêncio de Alentejo - temos tanta nostalgia branca e beige, alentejana... - tropeço o olhar noutras cores do mar mais a sul. Com as pedras e as oliveiras tenho encontro.

Nem sei quando me levantarei desse descansado/descampado.
Presa perto, tento construir um estar diferente, por ser longe.

(DEI: não tive/terei tempo físico/mental, para passar/falar com e nas minhas incipientes irmandades de espírito. As que me estendem a corda da frase, a mão dos sentimentos. Tenho-as e levo-as, todas no tal sítio-memória que pulsa, no bater do coração. E a memória é uma árvore carregada de frutos, nem todos são(s), que tantas vezes me pesa.).

segunda-feira, setembro 10, 2007

De Romances







Um casal olhando-se na pedra, a minha passagem no PPP para "Romance".
E tantas vezes, não olhamos.
Entramos no romance nus e cegos; e por isso desprotegidos dum final que nem sempre felizes nos faz. Ocasionalmente tentaremos reter o riso, o traço, o esmagamento dos sentidos.

As fotografias da exposição são, de alguma forma, uma conexão minha, "a relação entre o ser humano e a água", do nascimento até ao fim físico.
Um eterno enamoramento sólido e líquido.

Nós: as lágrimas que choramos por "romance"/nós: a emoção de não termos mais o humano ser para tocar.

A arte é de Manuel Carmo, na Mãe d'Água: "In Definition".

quinta-feira, setembro 06, 2007

Nessun Dorma



Estar já afastada do som tal como ele.
Não perceber a paisagem senão pela cortina da água, o gesto.

Hoje, calou-se para sempre a voz humana que tantas vezes me acompanhou a vida. Na praia, na noite, no amor e no desespero, no confinado espaço do meu pensamento e no ouvir pulsante.
No céu interior que nada e todos ocupavam, ouvia-o.
Indizíveis forças, ventos, penumbras, tomavam os meus braços para voar.
No som forte meigo alto
de Luciano Pavarotti.

Como hoje a noite e o espaço me são diferentes!

quarta-feira, setembro 05, 2007

Depois

( Duas imagens recolhidas na net, eventualmente da época)









...do sítio dos gatos, o sítio das pessoas.
Porque houve algum interesse sobre o "lugar onde", mandei alguma informação mais aos já conhecidos desta minha rede: afinal tinha guardado o recorte da crónica!
Ou não fosse eu uma guardadora de palavras; mesmo que em precário equilíbrio entre o papel e o PC. Nunca fiando, guardo a papelada.

Disporei do artigo e enviá-lo-ei se alguém o solicitar.
O que não resisti foi a algumas das restantes imagens que poderão dar uma ideia geral do prédio em causa: não as tirei com nenhum objectivo e por isso são instantes, sem ângulos nem ordem. Faltou, por ex. a escadaria por onde se pode descer e vem ter mesmo em frente ao Jardim das Amoreiras e Mãe d'Água. Como se descessemos uma colina arborizada.

É do terraço do Museu que se vê, sensivelmente ao centro, o edifício. O que eu lembrei ao olhá-lo foi que, se eu o via a ele e aquela paisagem, ele me veria a mim e aquela mesma paisagem.
Falto eu sentada num passeio, entre verdes. A mulher com um cão passeante: e por isso não tirei mais fotos, à volta.
Falta uma fotografia que na 5ª feira estará no PPP.
Falta ainda a imagem do sopé duma árvore onde estavam, alinhados e arrumados, vários plásticos com comida sólida de gato.
Daí o ar sossegado deles.
Pareceu-me que ali os carros vão e vêm mas não "passam" por passar. Lembrei-me de certos "squares" de Londres onde, saídos da rua principal, havia um segredo verde para descobrir.
Ah... falta-me exprimir o silêncio desse fim de tarde!