quarta-feira, maio 31, 2006

Eu hei-de guardar as minhas pedras




Uma madrugada-dia que se adivinhava diferente. Tanto se há-de insistir em MSM, em telefonemas de última hora, que vai ser estranho escrever postais, oferecer flores, aparecer com um bolo feito em casa. Serão antiguidades. Todavia, pequenas frases e três abraços, um livro e uma écharpe roxa e eis uma meia-noite diferente, apesar das explicações de silêncios que não se explicam. Só se sentem.
O tempo vive em ondas, várias, muitas ondas (não sei fazer surf) e não estou, decididamente e também por decisão, na crista da onda.
Tempos... de montes de flores silvestres, ramos imensos de rosas, paninhos bordados a ponto de cruz nas minhas cores preferidas, almoços de risos, champanhe, perfumes sempre os mesmos, caixinhas, músicas, postais uns amáveis outros com ternuras expressas. Bem se diz "quem não aparece, esquece". Lê-se por aí que "escolhemos" mas eu acho que muitas vezes somos os escolhidos e não nos apercebemos que assim seja. Para o bem e para o mal.
Mas esquecer, não. Para mim, os que amo estão comigo. Ainda que a minha memória seja, muitas vezes, uma cama de faquir.
Reparei agora que umas flores muito antigas, num vaso muito velho, dado por uma amiga que não está, floriram nestes dias. Elas são hoje as minhas flores. As únicas que quero ter.
Por isso, vou sentar-me numa pedra. Em vez duma campaínha, um batente.
Um dia destes irei ter mais distância e outras pedras para me sentar a vê-la.

segunda-feira, maio 29, 2006

Viagens


Tive mais um presente. Ora há muita espécie de presentes.
Uma voz amiga. Uma lembrança de coisas comuns. Um desabafo heart to heart. Uma compreensão do dia a dia, por vezes tão difícil. Uma comida que se gosta. Um Olá alegre e sincero. Sem falar na flor que prefiro. No livro que desejo. Na viagem de combóio ao Tua.
Tenho tido presentes assim.
Só que hoje foi diferente. Não conheço o amigo, só por sons, música e palavras. Com a tecnologia passamos a falar (por um servidor???) de coisas assim, normais, sons, música, palavras.
Hoje recebi ...as cidades onde ele nunca foi, a descrição dos olhos daquilo que nunca viu. As impressões que se têm porque o tempo e o espaço são imaginários. Em dias de chuva e tempestade tivemos alegrias imensas. Em dias azuis e cálidos nem conseguimos ver o sol.
Estas são as viagens do espírito e foi esse presente que eu tive.

sábado, maio 27, 2006

Uff!


Lugares comuns, os nossos. Ou está frio, ou não chove ou...ou, quer... quer, seja...seja. Em que recanto da memória está isto? No tempo em que a gente tinha de decorar a cantar até a tabuada. O que é certo é que veio o nosso 25 de Abril mas, no fundo, no fundo, todos - os desse tempo - temos decalques de memória.
E para que seja expressa a "alegria" da permanência em conjunto, companheirismo e tantas coisas partilhadas: há mais de 3 décadas, um rapaz muito tímido tocou a "Sonata ao Luar" para uma miúda meia esquisita, cabelos compridos, sabrinas, mania de écharpes, mania da roupa preta e meias brancas ...enfim, na ocasião uma rapariga que assustava famílias conservadoras! Ainda por cima, era Maio, mês de novenas ...! Então, num dia 27, encantaram-se, sabe-se lá como e porquê. Ontem a seguir à meia-noite, "The Constant Gardener" apareceu com o livro presente Correspondência de Sophia com Jorge de Sena. A pessoa, nesta idade e neste tempo, digo-vos, fica sem jeito. Já fez isto e aquilo e aqueloutro. Aqui chegada, sorri e diz "Obrigada, eu também me lembrei".
Folheando o livrinho à sorte, vemos que algumas das cartas desapareceram ou foram "apreendidas" pela PIDE. Uma correspondência de amigos que nem sequer eram "conspiradores" de risco! Em 1 de Julho 1978, Sophia dizia um pungente "adeus" à mulher do seu amigo:
-Há uma violência difícil de aceitar- escreve.
Hoje é Maio. Em Maio também deixei de ter um amigo, novo e alegre, bonito. Uma vez, há muito tempo. Agora, diz-se há muito tempo com toda a naturalidade. Porque o tempo realmente passou e esses vinte anos ... os nossos vinte anos só os vemos nos olhos dos nossos filhos!
Assim, sem nostalgia, vou alegrar-me por ter uma vista linda de Lisboa.
Vista por ele.

quinta-feira, maio 25, 2006


Ora carrega aqui e ali, isto é preciso um curso ... faltou a fotografia. Espero que saia (olha o passarinho) ...

Haja algum recolhimento

Here I am, again. Após viagens de sonho por algumas/algumos amigos, quero convencer-me a mim própria que:
vou de vela, vou daqui. D'oje a óito (querida avó) não estarei no mesmo sítio. Fica a Kitty e uma empregada só para ela, para vir pôr-lhe comida e falar-lhe, olha o luxo de ter animal doméstico (francamente, filho, podias levar a gatinha ...). (Com tantas horas na net, quero ver a conta, lá terei de cortar mais qualquer coisita). Pois Azenhas del Mar, tal qual como em Espanha mas sem prédios altos. O meu querido marido ofereceu-me um rádio, daqueles all in one, com leitor de cassettes (roufenhas, as minhas ...) leitor de CDs (lá vai o monte de preferidos) e rádio para ouvir alguns (pouquíssimos) noticiários e o "Questões de Moral", religiosamente, na Ant. 2. Quem não conhecer ... é música e palavras, gentes. Educação Moral e Social já tive!
Portanto, eu vou fazer anos e, por antecipação e porque raramente recebo o que gosto, deu-me uma grande alegria ver aquele canjirão que se usava na praia e chateia toda a gente. Por tuta e meia mas não foi fácil. Não se usa. Não tem Mps e tal, nem internet, nem pré-isto e aquilo...é só um daqueles rádios com pega e tudo ...Mas eu não vou incomodar ninguém (chata no dicionário é barca e aí fiquei sem saber se dizia chatear ou chatiar - chateia-me dar erros) porque quero é paisagem com mar ar ao fundo. E muitas veredas, muito monte, muita pedra ...longe da multiplicidade/multidão.
Ora é coisa dificil, deslocar-me, não julguem que não. Ele é os medicamentos (bastantes), aparelhos vários, ele é a família que quer sempre saber demais, ele é o sabão em barra, o antigo, o da CUF (credo!) (pode não haver), ele é a viagem que me põe sempre aos saltos (só gosto de andar de avião, vejam lá), ele é a roupa que não deve ser nem demasiado fria nem demasiado quente, nem demasiado blasée nem demasiado chic (e lá estou eu com montes de alternativas na mala cheia), ele é o conditionner da Body Shop, o shampôo duma marca maravilhosa que descobri há tempos e cheira a amêndoa (e acreditem ou não, só há num sítio), o Nivea milk, uns penduricalhos que aqui nunca uso e tenho pena, a questão dos sapatos ou sandálias ou mocassins ou sapatilhas ou chinelas ... eu sei lá. Isto é uma seca, diferente dos 20 aninhos, pois. Nem sei como arrumamos os tarecos, vendemos o carro e partimos para longe por 2 anos. Ou, mais perto, quando decidi mudar de vida e comprei uma mala com rodas e 2 ou 3 sacos jeitosos. Tanto trabalhinho e aqui estou. É munta coisa!! Quando estou para ir só quero é voltar ao meu poiso bem estabelecido e regrado. Depois de "lá" estar, só tenho vénias para mim mesma: fizeste bem, vês?
Donde não registo, não resisto, a pôr aqui uma foto do ninho onde nos acomodaremos. Façam figas para um tempinho normal, que eu mereço.
Esta coisa das palavras tem história: quando era pequenita e não tinha que ler, lia o dicionário. Era o orgulho da professora de Português. Adoro broncar, digo, brincar com palavras e repalavras e subentendidos e terceiros ou segundos sentidos. Isto quando estou "in the mood". Entretanto, aproveito para contar da ternura que me dava um velho amigo, muito velho e ex-tintureiro numa fábrica (é agora um condomínio de luxo) que dizia:
- E as sarjetas, levas as sarjetas?
E eu dizia:
-Ó Rogério, eu levo as tarjetas (e ele sem dar por nada ...)
Pelo que se vê que a disposição é boa, já há dois dias que ninguém me incomoda ao telefone, com doenças, problemas - deles/as - grelhas de programação e a perguntar "como estou".
Um grande abraço a mim mesma, hoje não é chuto nem má cara. Atenciosamente, para mim.

segunda-feira, maio 22, 2006

Vontade de dizer Bom dia


Aos meus amigos Manuela, Paulo, Maria e ao seu novo livro.
Mandar algum chá verde da Gorreana, para animar o encontro.

sexta-feira, maio 19, 2006

Especial para a minha amiga que "Vê"


Andar com a cabeça no ar ...às vezes até acontece que as outras pessoas olham na direcção em que eu olho (para ver o que é que está assim a fazer-me "observar"). Fico parada. As vezes numa esquina. Só a "Ver". E vou tentar pôr uma coisa lá de cima, para uma das minhas primeiras amiguinhas ... Não são flores naturais, são flores de cerâmica azul que às vezes por aqui se vêm nos telhados antigos.
Post scriptum: espero ainda ir a tempo, no princípio do mês de Junho, de espreitar os jacarandás de Lisboa, mais as "estrelas do jardim". Hei-de pedir ajuda, um dia destes, ao Sul,
para me falarem de "coisas" em Colares, Azenhas, Sintra...por aí.

quinta-feira, maio 18, 2006

Recado para mim, à 5ª feira


Andava chatiada há 2 dias por causa de:
Uma cartinha registadinha – que foi preciso levantar nos Correios – do Instituto de Emprego, para me apresentar hoje às 14.00, se não ...castigo, tinha 5 dias para justificar, e tal e tal. De quando em vez, vêm umas convocatórias oficiais – eu dano-me sempre, porque fico ansiosa, não vão às tantas obrigar-me a frequentar não sei quê. Repartições cheias de gente anónima, mal calçada (tenho a mania de, numa aglomeração de gente, olhar para os sapatos), gente (ar)rebanhada sem emprego, olhos vagos. Ex-padeiras, ex-metalúrgicos, ex-isto e aquilo. A comandar, uma senhora de meia idade que junta os papéis e está visivelmente mal disposta (será porque está empregada?). Mais 2 ou 3 jovens que nos abordam para preencher um papel: é mais ou menos “deseja trabalhar? se sim, a gente não lhe arranja emprego mas, como prémio de ter cá vindo, não lhe cortamos o subsídio”. Isto vou eu imaginando ao preencher, uma vez mais, os meus dados. Ah ...se todos dessem “os seus” dados que coisas se descobririam! Fugir destes cruzamentos, vão descobrir que vou ter uma herança – um andarzito modesto onde vivem os meus Pais - e às tantas tenho de pagar, pela hipótese. Lá ajudo este e aquele a preencher, alguns mal sabem ler quanto mais escrever. Pobre e triste gente ...Entretanto, dizem que os que tiverem mais de 40 anos vão preencher um questionário (mais de 1 hora) sobre os sintomas de estar sem emprego, é para um estudo, uma estatística. Após os meus murmúrios – o que eu quero é pirar-me dali e receber no dia x a magra esmola – consigo que a srª do lado pergunte ingenuamente “se é obrigatório”. Não, não é mas ajudava muito o trabalho dos psicólogos, etc. Levantei-me no meio da confusão (éramos mais de 40 ou 50) e fui falar ao ouvido da menina psi, desejando-lhe bom trabalho mas que estava um pouco doente e ouvia mal e isso e aquilo. Saí.
Então, parei a ouvir cá fora os comentários e a dar a minha opinião ao pobo. Incitar massas: falar das gordas reformas dos dirigentes.É incrível como as pessoas estão mal informadas, sobre pensões, reformas, leis ... Bem, vim para casa, casinha, depressinha, depois de passar no talho e no caminho tomar um café.
Levava a minha maquineta a ver se via uma flor airosa e que me fizesse sorrir. Mas não, o jardim está lindo e verdinho, flores, só algumas sardinheiras nas varandas dos prédios.
A cidade não cheira bem, à tarde. Estou farta da cidade. Gostava de a visitar, às vezes. Não de viver nela. Tenho saudades do horizonte, do mar e recuso-me a ir tomar uma “pastilha” de ar à Foz.
Esta é a minha nuvem de hoje.

De manhã, na janela.

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Encontrar algo nesta trapalhada

Serve o presente para dizer que estou há horas à procura de um sítio, de um blog, não sei quando, nem onde, que tinha uma "rica" lista de Pensões caritativas, e que eu não acabei de ler. E que queria reler. Vou mas é recolher que estas ligações são viciantes ... e se vir a lista, às tantas não adormeço a calcular quantos "avos" é que ficam para moi-même.
Ba noute!

terça-feira, maio 16, 2006

O meu Klimt copy

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Lavrando

Cá vou, por tentativas e sem querer dizer muito ... Já sei exportar fotos para o meu "sítio" e pôr legendas; já sei dizer quem sou e quais os meus interesses (???), já sei partilhar o "éter", já sou grande ... e um bocadito mais moderna.
Falta-me personalizar a foto de apresentação e agrupar os meus blogs preferidos: Dias com Arvores, DesNorte, Aguarelas de Turner, Ver, Voando por aí ... e mais 20 ou 30 preferências ...
arrumar tudo muito arrumadinho e fácil. Quando estou na cozinha, ocupada, penso logo que está o meu Amigo lá dentro. O ambíguo/amíguo que se cobra ao mês mas ... faz companhia! Ah ... mas não me mandem lixo, Publicidade aqui Não!, T-shirts a 1 Euro, Bifanas a 2 Euros e 95 ...
mandem-me poemas, mandem-me fotos, mandem-me verde, mandem-me azul, mandem-me paisagens e mar, mandem-me pintura e bons pensamentos ... Thank you all.

Santo Irró

Ermida de Santa Catarina, Vila Franca do Campo, S. Miguel, Açores, Festa da "1ª Dominga" depois da Páscoa, homenagem dos homens do mar a S. Pedro Gonçalves Posted by Picasa

Kitty "pensando" Posted by Picasa

segunda-feira, maio 15, 2006

Torradas

Teste de foto! Posted by Picasa

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Sem título

Teste Bloggeiro, com foto e tudo!

(Era interessante conseguir por fotos, mas só o poderei fazer em casa!)

Começar??

Humildemente, tentarei.
Ontem, o meu filho deu-se ao trabalho de aceder ao meu "ajuda-me a ter um blog". Com falta de tempo, não me ensinou tudo e a minha nabice em computadores não sei em que resultará!
Contudo, aqui vai.
Dizia eu, humildemente, porque não sei nada disto, nem tenho fotos extraordinárias, nem excertos de livros, nem nada a não ser "eu" e o meu reflexo, do que sinto e do que vejo. Tenho andado em blogs que aprecio, com comentários EP, uma espécie de "existam que há quem leia e se interesse". Quantos mais formos, melhor. Mas o que eu queria era encontrar o meu género, quem goste do que eu gosto, quem ensine o que sabe, quem partilhe, quem seja delicado, quem seja humanista ...Nesta fase da vida, estou fartinha de engolir o que não gosto. E decidi - ponto final! O blog será isto: se não gostar ... óptimo: "delete". Embora ainda esteja indecisa "to be or not to be", talvez melhore ...