quinta-feira, maio 28, 2020

Com licença às flores

Desculpem.
Estavam tão caladas, subtis e airosas, entre famílias de flores e plantas, campos verdes... mas não resisti a pegar em vós e trazer um montinho para casa. Sabeis que prefiro este roxo com amarelo mas outras cores também as escolheria. Que a Natureza é cheia de tons!
Ah... que dizer das heras, dos seus recortes humildes pelos muros?
Na mesa da manhã, esboçando um novo dia. Escolhi uma jarra também verde, para vos enganar as cabecinhas. Estava calor e tratei-vos o melhor possível para que permanecessem comigo umas horas.
Ontem:

Hoje, já desmaiadas, ainda me saudaram,
como dizendo "adeus" à fragilidade dos dias.

sexta-feira, maio 15, 2020

Crianças e Bolha

A infância apenas foi feliz em momentos da imaginação que, mais que a realidade, sempre me acompanhou.
A capacidade de fugir para os meus mundos e tantos sonhos que ficaram pelo caminho.
Casinhas de bonecas só inventadas: lembro-me de me esticar em bicos de pés nas montras de dois bazares, em Cedofeita e nos Clérigos.
Recuperar o gosto e retê-las, lá fora, em ambientes distantes.




Fazia muitas bolas de sabão. Era fácil, barato. Com os canudos de cartão das linhas para soprar. Ficava de molho a mistura de água e sabão; e quanto mais esperava mais cores fazia. Descobria assim coisas químicas ou físicas em experiências.
Hoje, na realidade:
os dois braços, os quatro; as duas mãos, as quatro. A imaginação. Nada evita que se viva numa bolha, num etéreo dia após dia, a ponto de sabermos
que rebenta
e apenas será um pingo de água neste oceanos das vidas todas.




Agora há muitos dias assim e, contudo, é Maio. Falta o espaço aberto.

quarta-feira, maio 13, 2020

Amanheceres

Ou acordares agradáveis. Sempre que há passeios, encontros. Aqui - são aspectos do meu carácter itinerante -  tem sempre a ver com a excitação das viagens ou lugares novos.
Ou as contrapartidas das insónias, essas de tantos pensamentos que magoam. Nelas, nas insónias, as manhãs desassossegadas dos deveres. E afazeres.

Este tema na primeira semana do PPP levou-me a procurar manhãs tão diversas! Estas, em retrospectiva, todas boas.
(A)levantamento em Campo de Ourique e as cores da outra banda.


Os flamingos encontram-se - muito ao longe - em vias de saírem dos seus recantos escondidos, com o levantar do sol



De uma janela de Inverno, quando havia a árvore que me dava conta das estações do ano

Amanhecer com os pescadores da Pateira de Fermentelos


E, muito longe, acordar para o monte e as simples flores dele 


 


Desta bela caminhada em sete dias e em sete amanheceres, ficaram-me memórias inesquecíveis!


E lembrando "O Carteiro de Pablo Neruda", esta metáfora do tempo que nos passa agora: uma ponte e um infinito nevoeiro para lá dela.