terça-feira, abril 25, 2023

25 de Abril de 1975, em 2023

Tal como quando foi o terramoto sentido em 28 de Fevereiro de 1969, lá no "Paraíso" não se deu por nada! Assim também a noite de 24 para 25 de Abril de 1974. Vivia e trabalhava entre "mangas de alpaca", horários rígidos, muito respeito e muito medo... Um colega mais velho tinha-me dito à entrada do prédio: "parece que houve qualquer sarrafusca em Lisboa, ainda não se sabe o que vai dar". Assim mesmo. Só à hora do almoço nos demos conta da enorme Revolução transformadora da sociedade muda e restrita em que se vivia.

O meu primeiro gesto de luta contra as normas, foi levar um rádio portátil para ter na gaveta do escritório e ouvir as notícias, durante a tarde. Altamente proibido. Adivinhava-se pelas idas e vindas das chefias e arrabaldes delas, algum desconforto e receio. Nada de alegrias. Depois, foram anos de dedicação, de sacrifícios, de, como direi, "segredos" de contorcionista. Fomos ficando para trás nas hierarquias. Medos e lutas. 

Penso-me em tantas coisas acontecidas e não me desvio do que considerei essencial. Tento o mais possível ter coerência nos actos e razões. A escolha em Liberdade, das coisas e das pessoas.

25 de Abril, sempre!

E hoje, com tantos sinais de perversidade aqui e no mundo, direi, convicta: Fascismo, nunca mais!

 


quinta-feira, abril 13, 2023

O desafio PPP para Abril

Chegou-nos a proposta das horas para este mês, as diversas horas, pelo dia adiante. O meu entretimento deste jogo palavra/imagem faz-me tropeçar: o pensamento é como um pé que avança, encontra um buraco, ou bate numa pedra, ou num muro. Por vezes tropeço e caio, até me desequilibro ou magoo. E, num repente, ficam à vista lugares que estão, e continuam, "insepultos" na memória. Sempre ligados a pessoas a quem gostaria de ver e, até, perguntar o que fazem agora.

Dia 6 – Amanhecer/manhã

As minhas madrugadas de fotografias não são inúmeras… São sítios, tempos e lugares especiais, que não as insónias ou as preocupações, as que acordam os sonhos a meio e me fazem o olhar preocupado, no escuro . Claro que há as belas madrugadas entre a Natureza que se presta à observação e ao silêncio: e essas recordo-as bem, por serem escolhidas no propósito de as lembrar e estimar. Prefiro o fim das tardes, as noites. Assim escolhi esta imagem antiga, ano 2000, porque sei onde e como a captei, a fita do mar estava ao fundo e o sol nascente dava fios de ouro à rega automática. Só podia ser “de manhã”. Numa quinta na Serra de Arga, de uma amiga da adolescência.

 

Depois, surgem outras, agarradas aos olhos. Madrugadas para apreciar... O interior da Ria Formosa, já para o lado nascente, a refeição dos flamingos e o adejar das asas dos corvos marinhos


E esta não podia faltar(me): era o Caminho de Santiago e acordava-se bem cedo para nos pormos a andar!

E "de manhã é que começa o dia", mexendo a massa que à noite será pão

Uns dias no Alentejo profundo, bem perto da fronteira de Espanha: um gosto, levantar saudando o sol que "de lá" vinha, com os pés postos na beleza da terra estremunhada; mas mais acordada que eu...


 

Uma vez, em 1984, um alevante bem cedo: a antiga lota de Portimão, na chegada dos barcos. Nada está igual... Mas nunca mais esqueço as andanças das gaivotas alvoroçadas, os cestos de sardinha-prata passados de mão em mão, dos pescadores em baixo para os que em cima do muro as recebiam!



O que conheço do "amanhecer" humilde dos meus genes: Artur, irmão da avó Vitória, com a mulher, e Elisa, irmã do avô Antero. Boa gente.
Uma certeza do carácter que tenho.

Dia 13 – meio-dia

Meio dia é uma pausa nas horas dele, 12/12. Ocorre-me o Verão. As coisas, os animais, as pessoas, respirando a custo, que o calor e a luz do sol no seu zénite aquietam os movimentos: é o dia a meio. Faz-se um intervalo para olhar a maré mais vaza e o sossego mais fundo. Eram precisamente 12.10h, na praia imensa e linda



Pela tarde dentro, que estar de férias e passear é comer a qualquer hora

  
Os passeios, as doçuras e as extravagâncias. Tão bom.