sábado, junho 22, 2019

Lutegarda de Caires

Anda-me por aqui uma fotografia há que tempos, e deverão andar outras, de todos os anos que ultimamente lá se passa e se passeia - e lá (se) me apaixonou a cidade e as vistas.
Vila Real de Santo António, do outro lado, no fim do mapa. Mandada construir em 1774 pelo Marquês de Pombal, é uma beleza mansa, com as suas ruas perpendiculares e simétricas, a sua praça principal esbelta e guardando ainda o cariz dos edifícios primitivos.
(tenho tantas fotografias de VRSA que não dá para escolher, só mesmo à medida que forem surgindo, ou do que me for lembrando...)


No passado, dedicada à pesca e transformação de produtos dela derivados, ainda se vêem os belíssimos portais dos armazéns de pescado e as ruínas das enormes fábricas, bem como casas de fachada Arte Nova com pormenores muito bonitos. Agora, dedicada ao comércio de rua e turismo, enche-se de espanhóis que transportam - sempre - grandes sacos de compras.


A primeira vez que por lá andei e logo que tive acesso à wiki, fui procurar "quem" de uma das estátuas na marginal do Guadiana.


Lutegarda Guimarães de Caires (1879-1935) foi uma poetisa, mulher culta  e dedicada às causas sociais, nomeadamente em hospitais de crianças, direitos das mulheres e dos presos. Nasceu em Vila Real de Santo António, embora tivesse vivido a maior parte da sua vida em Lisboa. Um dos seus poemas está escrito na base da estátua e foi a sua transparência de palavras que me chamou a atenção:

"É que não há céu de tal 'spendor
nem rio azul tão belo e prateado,
como o Guadiana, o meu rio encantado
de mansas águas suspirando amor." 

Na verdade, através dos anos em que regularmente "a visito", reparo na degradação das palavras escritas e, tinha que ser!, nas pichagens estúpidas que por lá fizeram. Mas o entardecer, a noite, o vaivém das águas do rio, empresta uma magia muito singular à face austera desta mulher de quem nunca tinha ouvido falar.

domingo, junho 16, 2019

As fotografias: as pontes amigáveis

Quase 2000 mil pastas após, cheias de fotografias (fora as que já estão "arrumadas" ora em disco externo, ora em velhos CD/DVD), arranjando as férias e os acontecimentos,
encontrei um lote de fotos que escolhi e enviei em Março passado, a uma amiga da Polónia. Improvável conhecimento que temos as duas há anos, a propósito de Natureza e fotografia, viagens e momentos pessoais e belos. O nome é mais uma das coincidências que me encontram: nome igual à melhor amiga que tive, L. já veio a Portugal e sempre nos encontrámos,  4 ou 5 vezes.















Onde além das paisagens, cabem as comidas e os hábitos. No primeiro Natal em que nos escrevemos, trocamos aspectos de todas as iguarias dos nossos respectivos lugares. Tão interessante!


Quando lhe mando fotografias, tento dar-lhe vistas do mar, do que faço, do que vejo. E também fotos "de nós".
Em contrapartida - e a isso chamo uma amorosa partilha - recebo as suas pessoas e as suas viagens: no seu país, Polónia, em diferentes lugares, Barcelona, Rússia, Noruega, Suíça, Marrocos, Maiorca, Londres, República Dominicana, Cuba, Irlanda, Dinamarca, Vietname, Sardenha, Holanda, Grécia...
Fico mais rica de conhecimento, de imagens. L. faz e vê o que eu gostaria de fazer e ver: como não gostar?
Sem que o meu mundo de viagens "seja tão grande", nem parecido, sabemos o que apreciamos ambas: grandes horizontes ou pequenas coisas da terra.

terça-feira, junho 11, 2019

Passagem

Passam ventos, passam nuvens.




Passa o tempo. Como se fosse um passatempo. Não é.
Quase um mês, de longe me vejo perto.