sábado, julho 29, 2006

Continuação de 6ª feira





Ao amigo da Bioterra direi que ando por "lá" há meses, estas andanças começaram há um ano, com os "Dias com árvores" e os "Aliados". Foi essa forma de ver o mundo que me ajudou a falar das minhas pequenas coisas. Isto...de termos companhia! A lista que aparece no blog não é a lista total dos meus interesses e até está desactualizada. Por exemplo, o meu "Parente" em Monchique é um dos meus jornais do Sul! Bem hajam os que aqui aparecem ... com um ramo de oliveira e um riso de horizonte largo.

Continuação dos jardins do MNAA





Como o sopro do vento. Como a mulher de pedra que se afasta dos nossos olhos. Como árvores entrelaçadas. Como se aprisiona uma oliveira num vaso, essa árvores magnífica que nos fala de longos campos e terra seca.
Agora me lembrei que o capricho dos troncos das oliveiras, sempre me fascinou. E devo ter registado imagens de dezenas de troncos retorcidos, em n sítios por onde passei.
Para falar das oliveiras, recordo o vento que as despenteia de prateado: as folhas são como cardumes na ondulação do céu. Lembro o azeite primordial: um fio sonhado ouro.
E os troncos (Andaluces de Jaen é uma canção/poema lindo sobre as oliveiras) foram esculpidos pelos dedos da chuva e a aridez do Verão, ano a ano, pacientemente, em estranhos e torturados sulcos (as oliveiras estão em todos estes países que rodeiam o Mediterrâneo).
Tenho para mim que elas falam, as oliveiras. Quando a gente se chega a elas. Quando a gente lhes diz que as ama.
Gostava de ter uma oliveira velha para me encostar a ela.

...do mais tarde, ainda





Naquela madrugada de sexta-feira 28, tinha tanto a pensar e a dizer que não consegui passar as fotos como queria. As imagens que pontuam o que fui pensando, pela noite dentro. Os fios/fiéis amigos que aqui passaram que me desculpem. Eu é que não gosto de me ver nem transmitir assim, com miniaturas. Vou tentar de outra maneira (embora fique horas em tentativas...).

quinta-feira, julho 27, 2006

Arte e Cultura

Tenho de resolver este problema comigo. Das penas.
Da pena que sinto ao ouvir a Maria João Pires, numa entrevista dada no Brasil (onde vive agora - quando é que isso aconteceu? que perda nossa, tão silenciosa) dizendo ..."acreditar na arte como tábua de salvação da humanidade".
Por acaso, vi a encenação da "fuga de cérebros" no aeroporto de Lisboa: os nossos cientistas, os nossos estudiosos, tiveram de fazer um teatro-manifestação alertando para a falta de condições para investigar, para estudar mais. Gente que vive de subsídios e mão estendida. Pela forma ousada como se mostraram, tiveram honra de telejornal. Ainda bem: foi uma boa forma de mostrar o mal como este País trata os seus melhores.

Isto devia ser dito aos gritos. Estas notícias deviam ser carpidas. Rugidas.

A pena imensa, a impotente raiva. Porque numa fotografia está um pombo pousado, na calma da manhã e dos ruídos costumados. Aqui, Portugal, que se enreda na Paz e no ar condicionado dos supermercados. Ave não é capa da Time, a não ser que seja sobre a "gripe" e o que gastam as multinacionais em investigação de vacinas.
Pois que se vendem melhor os escombros.

Quantos morreram já, só nestes dias?

E não tenho coragem de pensar nos buracos dos prédios em Beirute e nos olhos aflitos dos meus irmãos. Nos buracos dos olhos das pessoas e das casas. A desordem e o terror da guerra.
Não leio. Não olho. Tenho pena infinita. E nem acredito no que me dizem sobre arte e cultura.

Queria pensar que há "outros" mundos, como este que trazia aqui.
Já há dias que queria falar na exposição do Museu de Arte Antiga e não só pelas obras.
No anúncio da exposição, em Maio, tinha lido que a coleccão particular do Dr. Gustav Rau foi doada à Unicef e fui procurar quem era este filantropo. O que soube, enterneceu-me: ele doou a sua colecção extraordinária de mais de 600 obras de arte, na condição de ela poder ser vista pelo maior número possível de pessoas . Assim, a mostra destas 95 pinturas "De Fra Angelico a Bonnard " representam o seu retorno à sociedade civil. Muito especialmente, às crianças e aos mais miseráveis a quem o Dr. Rau acompanhou como médico, em Africa.
A história deste homem é muito bela. Como cultura, arte e humanismo se podem entrelaçar, numa vida admirável.
O propósito da minha passagem por Lisboa continha o projecto da ida à exposição. Foi com respeito e comoção que olhei os quadros, lembrando-me do que sabia sobre o coleccionador.

- Canaletto e a sua Veneza dourada
( no seu hospital, o Dr. Rau recebia entre 2 a 3 mil doentes por ano)
- Claudet Monet e o seu mar revolto "As pirâmides de Port-Coton"
(eram distribuídas cerca de 8 mil refeições diárias)
- Renoir e o rosado do "Busto de Mulher", um quadro pequenino (35x27 cm) que o nazi
Goering tinha escolhido para a sua colecção particular
(a partir de 1989, deixaram de se registar mortes por má nutrição, no raio de influência do
hospital)
- Jean-Baptiste Camille Corot e a persistência do olhar da sua "Argelina"
(O Dr. Rau custeou a escolaridade de cerca de 30.000 alunos por ano)

O sentimento da vida aleatória que nos é dado viver.
Fala-se da Nigéria, da Rep. Dem. do Congo e do Ruanda, anos 70/80/90, neste planeta Terra. Vidas salvas. Vidas que hoje se perdem com os exércitos dos presidentes em acções de prevenção ou democracia, ou lá o que lhe queiram imputar, à GUERRA.

Lamento que sejam 3h da manhã e que este meu apontamento esteja truncado de imagens, ideias e penas. Ir-me-ei descobrindo, quando calhar.
Todos os elementos foram recolhidos de notícias soltas e do catálogo da Exposição.
As imagens ... bem as imagens foi o que me deu na gana de incluir. Do jardim calmo e aberto onde pensei o que vi. Das ruas e estátuas. E como sempre, das árvores e céus.

quarta-feira, julho 19, 2006

Dois caminhos num Junho



Não estou, nem para mim. O velho e o novo confundem-me. O antes e o agora.

quinta-feira, julho 13, 2006

Aditamentos







...habituais a quem perde as ligações por aí!

Palácio de Monserrate


E eu nem me sentia "eu" se não falasse deste "little romantic palace". É certo que por via de mais um inglês que aqui descansou, cheio de benefícios. Mas cruzes, canhoto que sem a contribuição deles, nem haveria Avenida da Boavista. Eis-me então a esquecer defeitos e a enaltecer virtudes: um edifício que nos lembra o espírito do Oriente, uma preciosidade na mata! Os jardins ... bem os jardins percorrem-se como num sonho, descobrindo cantos de pássaros e cantos de verdes vários. As espécies representadas percorrem o mundo: Austrália, México, Japão. Porque "eles" levavam isto a sério (pois se transportavam a sua "china" para tomar chá na India, bwana e memsahib) ... tem cascatas, grutas, capelas, "ruínas" para desfrutar o passado, até um arco trazido ... da India, genuíno.
Bem, um gato à porta, fechado que é o edifício ... espreita-se para dentro. Não ousarei juntar-me à nata da nossa socialite e ir lá aos concertos de Verão. Estou bem ( longe) e além disso, punha-me a olhar para os arabescos e a decifrar mensagens nas folhagens! E ia procurar os escritos de Lord Byron sobre "o primeiro e mais belo lugar deste reino", era trabalho de biblioteca. Ora prefiro o livre ar.
Curiosidade: no século XVI foi um frade que ali mandou construir uma capela dedicada a Nª Sª de Monserrate (Barcelona). E daí ... será que a capela onde se enrola e vive uma árvora da borracha, é essa? Os sítios são preciosos e cobra-se à entrada. Há um "cobrador" e uma espécie de Espaço de Apoio que, ora está fechado, ora não tem folhetos, ora não se vê viva alma. Isto pelos vários lugares que tentei visitar. Quem me manda a mim ser pato bravo, pé-descalço?
Bem vi lotes de excursões a chegar, com guias e placas de identificação. E eu que fujo quando vejo grupos! Assim, faço o meu percurso e re-estudo em casa o que me faltou no sítio.

quarta-feira, julho 12, 2006

Em toda esta viagem






O que eu queria mesmo, era ver o mar. Era ter um sotão, um monte, uma casita ... com mar ao fundo. Mar ao fundo da rua.
Mares, sempre diferentes, céus, sempre poentes.
Os montes são o amanhecer.

terça-feira, julho 11, 2006

Já de saída







... porque aqui, por onde se entra, não se sai ... É assim que a Ordem era rigorosa.
Mas nesta paz possível, de hoje, esqueçam-se os azorragues e gozemos a paz da Natureza que estes monges tanto estimavam. E felizmente, nos deixaram.

O meu convento, porque de pedra - part II




...enquanto ouço o Ritornello e os sons do mundo.
Seria pretensioso dizer que escrevo para quem me interessa. Escrevo porque gosto e para quem "se" interessa por estas coisas banais. Caminhos. Cantos. Imagens. Os meus acontecimentos espelhados.
Não posso nem quero ser jormalista ... teria então o dever de falar das terríveis sentenças da nossa (in)Justiça, das políticas, dos vermes rastejantes, do calor e do fogo que nos destrói sem encontrar responsáveis. Não só as árvores: as almas. Mas não se iludam com a placidez das minhas palavras: esta é a minha forma de lutar e ser do contra. Não tenho bandeira nacional à janela. Não vou aos hiper-mercados. Geralmente.
Lembrando que há valores, outros. Que se os homens e mulheres de boa vontade se pudessem
unir, se houvesse alguma sensibilidade pelo próximo e bom senso nas nossas resoluções, não estaríamos tão sós. Teríamos uma teia: mesmo sem nos conhecermos, apanharíamos os parasitas em seu vôo picado.
Sei que...ingénua apetência!

Convento na serra, onde há um impermeável silêncio da alma







... um tempo ascético, só compreensível se abandonarmos, à porta, nas pedras, a actualidade da vida que vivemos. Saímos, lavados e plenos de espanto místico, mesmo que não se acredite.
A realidade era aquela. Alguém a viveu. Convencido.
Que felizes devem ser os que elegem um deus para o sentido das suas vidas! Tudo, assim, se explica.

quinta-feira, julho 06, 2006

Odrinhas




...havia mais, mas juro que são só estas ... (ó mensageiros)

As fotos que "desapareceram" no entretanto






Detesto ordens. Inexplicadas. Ou por escrito. O que aqui acontece ... demasiadas vezes.
Arduamente, contorno os sinais, obedeço aos alertas. Como numa escolinha, tento errar o menos possível e fazer os "passinhos" sempre iguais. Só que ... é assim. Desaparecem coisas/fotos no ar. Prefiro pensar nos tais anõezinhos a cansar-se de levar/trazer. E tento de novo. Por isso ... "me descurpem"... (isto é uma alegria quando "elas" fotos vão saindo...)

Os museus/lugares

Tinha este espaço no pensamento, para o partilhar aqui. O Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas (arredores de Sintra). O nome nunca me disse nada, até o descobrir. Acho que um clic basta para ir ver "o que é", mas é preciso toda uma vida para descobrir como existe. No folheto de apresentação diz, nomeadamente ..."constitui a vários títulos, um manifesto em prol do Humanismo e da Tolerância". Numa terra do nunca, uma maravilha que nos fala e educa. São pedras. São inscrições. Emoções. São ... vestígios preservados de povos tão diversos, o único sarcófago etrusco completo, mais dois incompletos, que existem em Portugal. Uma organização impecável, uma gente linda e jovem, entusiasta destas coisas. Uma fórmula de vida: existimos, estamos aqui, venham ver-nos. Todo o espaço é encantatório e convidativo. Gostei de o ter procurado e, ainda mais, de o encontrar. As minhas fotos, possíveis, não dão a ideia da santidade que rodeia o local. Uma sacralidade que só nos é acessível pelas portas do espírito sem todavia nos entristecer, como muitas vezes acontece nestas exposições de coisas inanimadas. É um hino à vida. Tem o seu quê de filosófico e não resisto a citar: "Acredita-se, também, que o otium pode ser fecundum - ou seja, que os tempos de lazer podem levar à criatividade e ao enriquecimento do espírito humano, recordando-se de passagem que negócio, neg-otium, é uma palavra, um conceito, traduzido pela negativa ...".
O sublinhado de negócio é meu. Já se percebe que gosto pouco de negócios e muito menos, de negociatas. Por mim, era a troca: tu tens trigo e eu milho. Ou fazemos uma brôa os dois ou trocamos e comemos cereais diferentes.
Estou a parecer maluquinha depois de tantos milhões de estudiosos de economia/finanças se terem debruçado sobre estas coisas de valor, valor acrescentado, estudos de mercado etc.
Eu cá não quero saber: sempre que possível e na minha vida corrente, partilho o que tenho e espero o mesmo. Só assim me sinto feliz. Só assim trabalho verdadeiramente na minha realização como pessoa humana.
...perdi-me, entretanto, pois que ia a dizer que a citação do Museu de Odrinhas serve muito bem para este tempo de férias. Para quem fôr de férias e quiser "acrescentar-se".

quarta-feira, julho 05, 2006

As flores








... continuam, depois do intervalo!