... e não sabendo quando saem todas as fotos que quero... volto pela estrada e subo!
quinta-feira, novembro 23, 2006
As palavras gastas e a beleza do Gerês
Como nem me apetece falar e usar palavras sendo roupa, deixo a água e a lonjura do Gerês. Ar limpo. Cubro-me dessa recordação e teia de olhares.
E o abraço da poesia eterna. Escolhida antítese ao sentimento de alegria que nos dá fruir a Natureza. Terra generosa que se abre como as veias/versos dos poetas.
Poema de Rafael Alberti – poeta espanhol (1902 – 1999)
Cantado por Paco Ibañez (Album “La Poesia Española de Hoy e de Siempre” 1970)
Cuando tanto se sufre sin sueño y por la sangre
Se escucha que transita solamente le rabia,
Que en los tuétanos tiembla despabilado el odio
Y en las médulas arde continua la venganza,
Las palabras entonces no sirven son palabras.
Manifiestos, artículos, comentarios, discursos,
Humaredas perdidas, neblinas estampadas,
Que dolor de papeles que ha de barrer el viento,
Que tristeza de tinta que ha de borrar el agua!
Ahora sufro lo pobre, lo mezquino, lo triste,
Lo desgraciado y muerto que tiene una garganta
Cuando desde el abismo de su idioma quisiera
Gritar que no puede por imposible, y calla.
Sinto esta noche heridas de muerte las palabras
..........
quinta-feira, novembro 16, 2006
Saúde
Parabéns, José Saramago.
Pela tua aldeia no mapa do mundo,
pelas tuas oliveiras algures no tempo,
pelos teus avós que te enterneceram para sempre,
pelas tuas palavras/jangadas que nos levam longe,
pela inesgotável água clara que nos deixas.
Parabéns, José, a ti, aos teus amigos.
segunda-feira, novembro 13, 2006
Ao acaso
Sem nada, não semeadas.
Unicamente atentas ao nascer e ao desaparecer do sol ou da água.
Passei por elas muitas vezes e nem as vi. Se não fosse uma hora introspectiva (o que faço mais e tanto, sem resultado) e uma procura de côr, além do mar.
Então acenaram "até à volta" e parti, na viagem à cidade de muitos ruídos.
Para trás ficaram flores e algas dum desassossegado estar. Nunca só, sem as memórias, voltando e tornando, ondas sobre areia da minha baixa-mar.
Um pedaço de chão, uma poça nas rochas, esperando que volte numa maré qualquer.
terça-feira, novembro 07, 2006
Haver
Relacionado com sentires. Homenagem ao amigo longe que tirava fotografias como respirava.
Depois de um filme sobre mulheres - "Volver" -, palavras de madrugada, simples.
Homenagem a menino/homem lindo. Especial. Mesmo sendo muita a carga que esta palavras carrega. É assim que sinto.
Não estive atenta, antes? Houve outro arco de sete voltas, perfeito, podia contar-lhe as cores e ver-lhe o fim/princípio.
O frasquinho de perfume ainda existe, tinha Violetas de Toulouse e um laço flor lilás.
Como se a tua vida fosse o arco íris para mim.
Foto de FM
De estados e sentires II
Cuidado com a subida, cuidado com a descida, cuidado com a água, pôr os pés nas pedrinhas e atravessar.
Ilhas, como eu gosto delas e que saudades eu tive de repente. Tudo o que me lembrava de S. Miguel parecia o filme dos meus pensamenots. Hoje.
Estados/sentires I
Sensações
Tentar agarrar-me à terra como raiz que persiste
Sobreviver flutuando à tona duma água/presente qualquer
Despenhar/despejar no azul de ilha
Subindo uma longa encosta (ao fundo, a curva e só)
Planar acima dum nevoeiro que ameaça avançar sobre a lagoa e o mistério
Uma questão de ir aguentando. As fotos são estados meus.