terça-feira, maio 29, 2018

Ervidel, considerações de Alentejo

Reparei que:
pelas vezes que nos últimos anos rumamos ao Sotavento Algarvio, todo o mapa do Alentejo  se transformou e reviu nas cores que tantas vezes recordava. Antes da net, nas revistas, nos livros.
Uma vez, há mais de 30 anos, dois carros pequenos, por aí abaixo, por planuras secas e amarelas, desoladas, casais e filhos, perderam-se entre Évora/Montemor. As crianças precisavam dormir e os carros... arrefecer. Foi tão difícil encontrar um hotel, uma residencial... acabamos numa pensão manhosa, onde no dia segunte, na "salle de bains", tomamos todos banho de mangueirada.
Vir de férias é "uma espécie de pretexto" para parar no caminho. Lá de cima não dá jeito vir ficar uns dias ao Alentejo mas, passando nele, aproveita-se. Um nome, uma referência de escavações, um mito, um rio ou lago ou barragem: temos visto coisas maravilhosas e tão fora dos destinos turísticos que nenhuma brochura ou circuito no Alqueva nos daria.
Tivemos a sorte de ver os campos, Monsaraz, Aldeia da Luz e tantos lugares que agora estão debaixo de água, uns pequenos anos antes do Grande Lago.
Ultimamente, verificamos as boas diferenças que deram vida às populações e reverteram as paisagens desertas em campos de cultivo. Mas não podemos deixar que a amargura nos tome quando vemos as monoculturas desenfreadas, de oliveiras, de vinhas, de árvores de fruto, que são plantadas milimetricamente, apenas para dar lucro em meia dúzia de anos: a terra cansa-se de tanta artimanha para fazer crescer,  rápidos e impolutos, os lucros do capital investido.
Isto a propósito do caminho para Ervidel, onde se parou desta vez.
A casa onde nos hospedámos, era uma antiga estalagem de gente que mercadejava por estes lugares. Recuperada com gosto, no meio da aldeia mas bastante básica e fria, excepto no esforço do casal que tentou acolher-nos bem.




É quase comovente, o azul que é um esforço novo e o "velho azul" de outro século!









Num pequeno café de aldeia, fomos servidos de jantar como príncipes, sopa de sabor caseiro e pratos feitos especialmente para nós. Mimosos e abertos no receber, estes alentejanos sem grandes parangonas de gente ricaça.



Os traços de arte a que se atreveram as freguesias ignoradas. Por curiosidade, que não fotografei, abri um ponto onde se encontravam livros para as pessoas lerem/levarem, e vi uma escolha óptima, se pensarmos que tão longe se está dos centos de decisão.



O fim do dia, entre os limoeiros, alguns ainda com flores cheirosas.


domingo, maio 27, 2018

Aljustrel II - Moinho do Maralhas

E pelas ruas fomos, procurando subir para o outro lado da vila, ao tal Moinho do Maralhas. Um único moinho recuperado e com outra vista de perder o fôlego, mais a história dele.




As lagoas das minas ao longe: o minério lava-se com água.


Da poluição das terras, não falarei, também porque tudo me parecia bem dimensionado, longe da povoação e verde, muito verde.



 A um canto, o espanto do lixo, dos azulejos sem idade.


 As ruínas de um outro moinho


Ali estava, do outro lado, a Ermida de Nª Srª doCastelo

e os campos pintados como Van Gogh


 Harmoniosa, tão harmoniosa...
A paragem para um refresco e um café, na vila posta em sossego.

Há as terras, há os caminhos, há cantos esquecidos que nos ficam em recordação doce.
Aljustrel me fica assim.


quinta-feira, maio 24, 2018

Aljustrel I

Deixo as visões, de longe, duma povoação branca e organizada como um altar. Esta foto foi tirada do Moinho do Maralhas, a que voltarei pela elegância dele e pela solidão que deslizava pelas encostas, à volta, à volta... Dos apontamentos, tinha a Ermida mas falando dela no Museu, uma jovem disse-nos que a paisagem a partir do moinho era mais bonita.


O primeiro lugar que se visitou: a Ermida da Senhora do Castelo, séc. XIV, reconstruída depois do terramoto de 1755.
Subindo, olhando e tentando não perturbar o sossego do potro e de sua mãe









As construções das minas ao longe
No interior da Ermida, com duas senhoras devotas a tratar dela, uma paz e alguns sinais do tempo



 Restos dos frescos originais? O trolha não sabia de nada...

Uma pedra polida e uma, duas, lendas, a um canto da igreja
Das paisagens circundantes




...da vontade de encontrar caminho pela encosta florida.