domingo, julho 31, 2011

Magias




...que me encantavam (e ainda!)
Como conservar momentos e sorrisos. Como espelhar/espalhar memórias.
Ainda existem, os mágicos do "passarinho"; e sempre lhes falo, interessada pela sua arte, sempre os animo.
Tirando uma fotografia "à la minuta", uma fotografia de tocar com as mãos.
Este Senhor de olhos com riso, já tira fotografias desde os anos 50.

(não saberá dum menino magro que tantas vezes pisou aquelas pedras,
cinzentas, severas, como o queriam a ele?)

domingo, julho 24, 2011

Sapatos antigos

Das ingenuidades.
Para assim estar ou ter estado,
precisava das sabrinas,
sem moda nenhuma. Porque bailavam no chão.


Dos meus sapatos velhos de corda e tecido.
Fitas em tornozelos finos.
Estáveis e jovens.

(esta, também, mania de portas, batentes, fechaduras, velhos, mudos - recorrentes.
ah... já sei, lembrei-me: tínhamos um vago batente verde na porta da rua.
O homem da casa que reinava entre as mulheres, nunca batia com ele; batia com a mão aberta ou o fechado punho grosso; um sobressalto. Pelo som, breve, forte ou abafado sabíamos, as três parcas, da disposição esperada)


Estender dedos de árvore pelo solo e pelo ar
- não ver nem ouvir os bichos e fantasmas que nos inventam

Resistir coluna-alma-de-abóbada-maior
mesmo roída pelo tempo

Andar de poiso em poiso como um pássaro procura um vago equilíbrio
no vento
na ondulação

quarta-feira, julho 13, 2011

Sentir que





...venho às vezes aqui procurar
vestígios verdes, portas apenas encostadas, espaços de cor,
traves.

terça-feira, julho 12, 2011

Caminhos





E lá vamos
nos fios de água,
andando com as aves.
***
Sabem elas sempre o momento de voar.
De voltar.
***
Grata aos amigos que encontram uma verdade de asas nos meus,
tão simples, afectos.

Bom é aprender; e sentir que somos entendidos quando escasseiam as palavras no espanto.

segunda-feira, julho 11, 2011

As senhoras







As senhoras - estavam abrigadas do calor da tarde, sob uma oliveira velha. Mãos calejadas e sujas do trabalho na terra.
Uma tinha mais de 90 anos - e chamou-nos jovens -, a outra quase 80. Os sorrisos afáveis, as reformas mínimas.
Conversamos dos "tempos difíceis" e uma delas dizia: "Que ao menos a gente não fique depenados como na Grécia".
Achei graça à conversa, do rato do campo/do rato da cidade: que a (de)informação, evidentemente, chega a todo o lado!
***
Podia falar do "lixo", das agências minando democracias, dos severos e nutridos homens que se reúnem à volta de números, da fantochada contínua, da subversão de valores sempre ensaiada através dos séculos.
Não quero querer. Todos sabem tudo.
Obrigados a levar às costas um universo imenso que nem nos pertence (nem a eles, aos dos números).
Nem sabendo das "linhas com que se cose" esse mundo que inventaram: como um canto escuro, onde estamos de castigo.
Perseguiremos a luz.
***
Por ora, fecho a porta a sete chaves e sonho que, se voasse, ia ouvir/ver os Proms lá no lugar deles.
Sinto a mente concisa, ou concisa-a-mente: a Arte liberta.