... de maior, para o dia a dia das cidades e das notícias de tvs.
O Senhor I. é cunhado, ou familiar, de várias pessoas cá da terra. Empregou-se num campo de golf (dos 3 ou 4 que há por aqui, onde raramente se vê alguém!) e assim "arranjou um ordenado". Às 6 da manhã vai às suas cabras, ordenha-as, leva-as a comer nos campos à volta de casa. Logo que sai dos relvados, lá vai ele, de pastor pelos montes.
Ele ou outros, solitários da terra amada.
Todas têm nome:
Branquinha, Algarvia e a filha, a Ruiva, a Remexida e a filha, a Malvarisco, a Toalha e a irmã, a Rapariga, a Cavalinho, a Jardim, Carminha, Salpico - esta anda com dificuldade, manca, teve um "AVC", diz, mas ainda cria os filhos-borregos -, a Zézinha, Ramalhete, Esperta, o Lembrança - é um macho com a alcunha de "Bandido" pois, diz o Senhor I. "ah bandido, já vais com essa..." -, a Canário, Gazela, Vitorina, Pimenta, a Fanny (o ny é meu por causa das leituras "agustinas")...
Os cães guiam-nas ao assobio do dono, ou melhor, salta a pedra da funda das proibições. Todos parecem entender-se!
O Senhor I. tem cinquenta e muitos anos, ex-emigrante "na França, a salto".
Diz que não sabe viver sem elas, que lhe levam o tempo e muitas vezes, o dinheio para a forragem.
Mas afeiçoou-se-lhes.
Que termo belo: afeiçoar! Pessoas e bichos, pedras e terras, num gostar inexplicável, feito de sentimentos dos mais simples. Como dar o leite (das cabras) a uma vizinha que faz queijos. Ou oferecer "uma bebida aos senhores".
Como dar uma flor.
Ou uma palavra amiga.
A gente afeiçoa-se! Fica gravado.