segunda-feira, março 31, 2014

Brancas como nome

Ainda as camélias. As flores de Inverno.
Brancas, esta colecção delas.
Como resistiram à geada, a tanta chuva e vento?












Olhando-as "nos olhos", são todas diferentes.
Na fragilidade dos dias.

domingo, março 23, 2014

Sentindo

Fome. De flor.



Deste diálogo sempre novo.


quarta-feira, março 12, 2014

Hábitos de Inverno II

E, enfim, a cidade. Das maravilhas que sei, das casas abandonadas, dos horizontes cortados abruptamente pelos prédios sem remédio.
Este foi o lugar onde nasci e onde sinto uma aspereza que às vezes se adoça.
Com sentimentos conhecidos e camélias, também.













Hábitos de Inverno I

Desde muito pequena, aquele horizonte duma espécie de rosas nas árvores de inverno.
Ali à frente, debruçada na janela de guilhotina na casa velha.
Depois de um muro denso e num jardim vedado até à rua, onde aconteciam imaginados todos os mistérios de uma menina.










E dá-me uma espécie de "febre de camélias" nesta época. Uma forma de sobrevivência gloriosa lhes atribuo já que estas "flores do tempo agreste" são a negação da chuva, do vento, da falta de sol.
A exposição deste ano foi no átrio da Câmara Municipal. Pelo inusitado do espaço que nunca visitei e embora prefira as japoneiras à solta nos jardins, fiquei agradada que um "presidente da Câmara" diferente se associasse ao sentir da cidade.










segunda-feira, março 03, 2014

Fotografando as palavras dos outros

O que se vê nas palavras. O que se pensa das palavras. Fotografando um sentimento, contido num texto escolhido pela nossa hospedeira, excerto do livro "Na Praia de Chesil".
Na semana passada no meu passatempo preferido: e como passei os olhos em algumas... ficam-me aqui.





  
"(...) Estava a sentir a acção de emoções contraditórias, e precisava de se agarrar ao que em si havia de melhor, os seus pensamentos mais meigos acerca dela, pois de outro modo parecia-lhe que iria sucumbir, ou simplesmente ceder.
... a olhar pela janela, a ver as árvores encolhidas pelo vento, agora escuras e reduzidas a uma mancha contínua de um verde acinzentado. Lá no alto havia uma meia-lua fumarenta, praticamente sem brilho. O som das vagas a desfazerem-se na praia a intervalos regulares interferia com os seus pensamentos, como um botão de súbito comutado, e enchia-o de fadiga; as leis e processos incessantes do mundo físico, da lua e das marés, que em geral pouco interesse lhe despertavam, não eram minimamente alterados pela sua situação. Este facto mais que óbvio era duríssimo. Como podia conviver com eles, sozinho e sem ter quem o apoiasse? E como podia descer e enfrentar Florence na praia, onde suspeitava que ela devia estar?...
... Quando pensava nela, ficava pasmado por ter deixado partir aquela rapariga com o seu violino. (...)
É assim, não fazendo nada, que todo o curso de uma vida pode ser alterado. Na praia de Chesil ele poderia ter chamado Florence, poderia ter ido no seu encalço. (...)
... Em vez disso, permaneceu no frio e no silêncio virtuoso do fim daquele dia de Verão,..."

Na Praia de Chesil, Ian McEwan, Gradiva, Abril 2007





O que me nasceu, de algumas frases e uma grande desorientação introspectiva, do homem que apenas olhou a mulher "até se tornar uma mancha indistinta", desistindo de a ir buscar.
Ancorado nas suas contradições.