sábado, março 24, 2012

Ampulheta








Mesmo que eu fosse de bronze mármore ou de pau mas tivesse sangue nervos e ossos,
ainda assim sentiria as dores,
debruçada nos desenhos (meus) mentais, reconstruindo as histórias em contornos imprecisos,
usando a areia do tempo antigo,
do Molhe, do Castelo do Queijo, de Salgueiros, da Aguda, de S. Pedro de Moel.

E tantas outras que ficam a sul de mim.

(de não haver interlocutor desses recuados anos mas e apenas camélias
- e um monte difuso de roupa que não usamos mais)

sexta-feira, março 09, 2012

Antes







Era uma vez uma ave comum.
Era uma vez uma presença habitual.

Era uma vez uma ave e um corpo que se afastaram
pelo céu-praia-terra adiante.
(chamava-se mãe e era o nome/chamava-se ave e era o vôo)

Se mais uma estrela brilha? Não sei mas gostava de acreditar.
Falta-me tempo, falta-me ar.
Vou para eles.

Ah... o tempo, dizem, o tempo.

terça-feira, março 06, 2012

Palavras de livro, hoje






Palavras de uma mulher para o homem que a cortejava, do conto "Sedução" pág. 123, Edição Cavalo de Ferro, livro "Amores Feiticeiros" de Tahar Ben Jelloun, escritor marroquino de língua francesa:

"- Então pior para ti. Eu não preciso de dinheiro. Preciso de sentimentos, de palavras, de palavras que é necessário escolher, de flores a que se chamam cuidados, de rosas a que se chama presença, de sonhos que habitam as árvores, de canções que fazem dançar estátuas, de estrelas que segredam ao ouvido dos amantes... Preciso de poesia, dessa magia que incendeia o peso das palavras, que desperta as emoções e lhes dá novas cores. As palavras escolhem combinações inesperadas e proporcionam-nos embriaguez e alegria, transportando-nos a lugares que os homens esqueceram. É disso, meu caro, que eu preciso.".

Preciso da humildade e do orgulho de escolher as minhas flores.
De palavras que aquietem.
Hoje.