sábado, dezembro 31, 2011

Ano velho 1


"Ano melhorano
me deixe chegar ao ano"

Crendices e ditos que me chegam de tempos antigos.

Ah...infância de camélias, não me olhes assim,
com esses olhos abertos de susto.

sexta-feira, dezembro 23, 2011

Sinceramente


o Natal chateia-me
o governo chateia-me
as notícias chateiam-me
a falta de dinheiro ainda mais
o despudor desta, a visível - e doutra, a invisível - gente tira-me o sentido estético das coisas.
(evidentemente que não me refiro às meninas da fotografia...)

Desculpem-me não responder um a um aos vossos votos.

Só peço às fadas que nos possam bem fadar
este triste fado que nos cabe.


Até ao ano.
Novo? Parece-me mais do mesmo.
ACORDAI!

quinta-feira, dezembro 15, 2011

Repouso

(com a luz agradeço ter-vos conhecido aqui)



... agora, os olhos em recordações bonitas.
Antigas como a alegria de ouvir melodias. Ou enfeitar casas para os olhos deslumbrados das crianças.

Aguardo uma viagem a lugar que ame, um brinquedo de lata; uma coisa de fruir com arte, pequena, desnecessária e primitiva.
Um presente dirigido à pessoa que sei ser.
Esse, e só esse, me encheria.

- desejo aos crentes do Natal uma boa crença de natal; aos descrentes, uma época mais amigável entre o(s) que acreditarem ser(em) melhor(es) -

Enfeitados de Natal





Sem deixar de embezerrar, e até mesmo embirrar, com todo o luxo que se ostenta, a vã palavra caridosa e desejosa de.

Que seja possível escolher, que os animais não têm escolha sendo o homem o predador.

Com a alegria sensata de saber que, neste caso de país nosso, só somos enganados quando nos deixamos enganar.

Dos bichos III








Há, sem dúvida, os ternurentos.
A esses, a gente pergunta o nome.

Os arredios, prontos a fugir no alarme dos campos: treme-me a mão e a máquina (que não é grande coisa) no instante sobressaltado de os prender ao olhar.

E ainda, na metáfora-casa mais profunda do meu pensamento, o que lhes encontro em comum com gente que (re)conheço ou (re)conheci.

Dos bichos II











Porque me lembraram os cardumes, rebanhos, manadas.
Animais soltos. Animais do mar, calados.
E vôos largos, de aves ou borboletas.

E o caracol
que é um animal de espera
quando os "outros" olham para si próprios, seus umbigos e "suas casinhas".

"Se os animais falassem". Falam comigo e em vez de mim. Mas as vozes só serão entendidas por poucos.

quarta-feira, dezembro 07, 2011

Dos bichos

Faltavam-me os "leões com coração de passarinho"!

Encontrei pavões vigilantes,

cabras de face simpática.












Escutando o tempo como os bichos, atentos aos homens.
Imprevisíveis, os homens; e os seus gestos agressivos ou falsos; e nomes esquisitos: standard & poor's será que é o "formato normalizado & dos pobres", assim em tradução livre?
Curiosos sentidos se nos debruçarmos sobre "as letras das palavras".
Bem fazem os animais que desconfiam e só lêem sinais.

Estão prontos a fugir, ou emigrar - ou abrigar-se.
Ou a lutar num fio ténue pelo horizonte que escolheram.

terça-feira, dezembro 06, 2011

Volta a nostalgia








Foto de Viv.

(de tantas coisas)
Mas mais intensa-a-mente quando alguém vem ou fala de Londres.
Muito trabalho pesado, muitas horas dele, muita saudade do nosso mar, há que anos foi isso!

Neste momento, iria descendo Maida Vale, tomava um tardio english breakfast como este - e durava-me até ao lanche, de qualquer coisa ambulante, apressada pelas ruas.

Logo a seguir me vêm vozes, a imagem



dos daffodils e dos parques, onde se anda em paz, atravessando a cidade sem dar por ela.
Nunca senti tal liberdade em outro lugar.

"... In vacant or in pensive mood
they flash upon that inward eye
which is the bliss of solitude,
and then my heart with pleasure fills,
and dances with the daffodils".

excerto do poema "Daffodils" de William Wordsworth (1770-1850)


sábado, dezembro 03, 2011

Nós

Ao crepúsculo, sobra-nos um barco ancorado na maré vaza.

Temos agora uma senhora dos arrozais.
Uma oriental trazida, de terras de que apenas e tanto ouvíamos falar. E cantamos juntos, hoje, ainda e sempre, pela PAZ.



Cá em casa éramos três. Palmeiras ao vento dos dias azuis, de estar juntos.
Tínhamos também uma gata sem raça: já não temos. Partiu com seus passinhos aveludados.

Partem sem ruído, os que amamos, como quem não vai e se fica nas memórias de todo o lado, de Londres, de Viena, de infância, de museus e pedras, de novelo em novelo.
Fica-nos um desgosto, pequeno ou grande: de não termos braços eternos para abraçar sempre.