quinta-feira, abril 30, 2009

Lateralidades







Ter entrado na porta ao lado em vez desta.

Tantas vezes o meu sentimento aloja-se (ou deixa-se alojar) em lugares/pessoas que nada têm a ver comigo. Flores esculpidas podem afagar-se com a ponta dos dedos, belas-frias, mas não são mais que pedra.

Dá para sorrir ironicamente da ambivalência das palavras e das mentes giratórias - em volta de si mesmas.
Saio das pensões do "não ser eu" combalida.
Com tanta vontade que se mudem lugares velhos.
Ou se tirem as redes das janelas.
Ou me mude eu deles - ou delas.

sábado, abril 25, 2009

"Quando os Lobos Uivam"







Este livro, escrito em 1958, foi proíbido.
Li-o como muitos outros "debaixo de mão".
Aquilino diria: "Alcança quem não cansa".
Como hoje é preciso.

Tantas canções, livros, atitudes - tanta gente que nos moldou e nos fez como somos. Em segredo, em surdina "até os mortos vão ao nosso lado".

Que ninguém fique para trás nestes caminhos novos. Porque há pureza de sentimentos, acredito.

sexta-feira, abril 24, 2009

Vinte e cinco de Abril







(fotos de MP. na Guiné 1966)

Olhe-se a guerra.
Olhe-se o 25 de Abril de 1974.

E se nada mais houvera, teria mesmo assim valido a pena.

A liberdade.

Barcelona - Picasso

Na "Densidade" do olhar.



Na chegada.


No caminho.


Legado de Picasso, na fachada de um prédio. O Natal.

Sol à solta nas ruas.



Antes de chegar à cidade, um olho de ave.
Para a terra, para o mar, o azul Mediterrâneo.

Barcelona e a Densidade







O que é intenso é denso?
Pode ser denso e não ser intenso?
Ah...não vou ao dicionário, deixo-me levar pela imaginação, densa e intensa!

"Densidade" foi a palavra: e a imagem que escolhi para esta semana no PPP: uma foto a preto e branco de Picasso, sobre uma parede de pedra "mesmo".
Explicar a densidade da vida deste pintor - o fundo dos olhos que nos interrogam, as rugas de expressão, as mulheres, as manias. As tantas vezes que o reencontro em sítio onde o procuro, satírico, onírico, lírico.
Duras as linhas do combate, azúis e rosas da pobreza, brancas as pombas.

O Museu Picasso, em Barcelona - e lá estou de novo na cidade-densidade - está muitíssimo bem descrito nos itens de procura do Google. Escusado descrevê-lo mas essencial vê-lo!

Direi que me diverti a ver a desconstrução que ele fez de "As Meninas" de Velásquez (pintadas em 1656!!!), por exemplo.

Viajem então comigo e com as imagens, desde a manhã de chuva até alguns dos lugares "de lá".

quarta-feira, abril 22, 2009

Temas recorrentes de "escritório"








Barcelona (re)corre na minha imaginação, a propósito de quem fala dela e do que eu lembro em duas épocas diferentes.
(quando, e com quem, espaços de 10 anos começam a ser contados por "muito tempo".)

Uma cidade em trabalho e a ânsia de a sentir, um pouco que fosse.
Um turismo de alguns dias e então, a ânsia do pormenor, o mais que pudesse.

Para a palavra "Escritório", fui buscar uma imagem do escritório de Roger Segimon de Milà, industrial catalão, que mandou construir a sua morada - conhecida por "Casa Milà-La Pedrera" e consagrada Património Mundial da Unesco - pelo arquitecto Antoni Gaudi, entre 1905-1907.
É esta a sequência.
E voltaria a Barcelona, sempre!

terça-feira, abril 14, 2009

Presentes

O Tiago, um "rapaz de Madrid", no ninho de nós.

Foto de L., beijo em pedra, um rio o deu.


Fotos de FM. de Viena. O Danúbio acenou.

E certamente que foi mesmo em mim que pensaram.
Pelas fotografias.
Os presentes dos ausentes.

Tempo de abraçar/ver meninos, amigos e filhos deles, comeres exóticos das misturas da amizade - a lampreia, o sável de escabeche, o anho e o leitão, pão a saber a canela e bôla da aldeia, as cores das novidades, os risos dos reencontros.

Uma pausa no silêncio.

sexta-feira, abril 10, 2009

Confissão




Pela época e viveres antigos judaico-cristãos que nos deixam marcas, confesso-me hoje, que dizem 6ª feira de santos passos.

Depois de crescida e crianças fora, passei a abominar (lembro o "Abominável Homem das Neves"...
que termo forte!!! - melhor diria, a sentir-me "contrariada por circunstâncias exteriores" e esta é uma lápide que serve muitos monumentos meus),
centros de compras, aniversários de qualquer coisa, encontros de empresa, datas de Valentins, páscoas, natais, carnavais e coisas que tais!
Outras circunstâncias intervieram para que passassem a cansar-me reuniões de mais de meia dúzia de pessoas.
Duas e duras realidades: o que esperam de nós, o que é possível darmos.

Portanto, recebo saudações e educadamente, e a mente, deixo as minhas flores de renascimento. Sim, sou sensível à Primavera, ao cheiro do novo, ao colorido das coisas e até das amêndoas.
(de licor e tão raras eram, meia dúzia delas, os bébézinhos, as ervilhas, os feijões, as ânforas desenhadas e com um fiozinho dourado como asa...)

Votos bons para os que mos desejarem, expressos ou em pensamento.

segunda-feira, abril 06, 2009

Igual/Diferente miragem






E apetece-me ir a correr difusa a mente
para "as minhas coisas à solta", imaginando fugir para lugares muito altos.
Inacessíveis e de vertigem, bem sei. Mas a memória é uma (renovada) biblioteca de Alexandria.

Porque tudo é igual, e igualmente diferente, consoante
(sendo que a vogal sou eu)
as horas do dia.
Ou noite.
Ou ano.
Ou década.

Ou lugar.